Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Quando o eco-marketing é etiqueta

Dizem que se o mundo tivesse sido criado por marqueteiros, o nosso planeta seria um grande anúncio. Não é tão difícil imaginar, já que um dos focos principais desses profissionais é a venda. A mais extrema, ousada, ultrapassada, inovadora e simples ação de vender. Fisicamente ou uma imagem, que seja.

O marketing verde, ou eco-marketing, é o queridinho das corporações nesse século 21. É mais barato que o tradicional, pode ser propagado por meios digitais, o que facilita sua divulgação, agrega valor intangível à marca e, principalmente, diz o que todos os consumidores modernos gostariam de ouvir: ‘Nós fazemos alguma coisa pelo planeta.’

Então, você se perguntaria, com essa lista de posições positivas, como o marketing verde pode trazer à tona algo negativo, prejuízos ou escândalos empresariais? Simples. Quando ele, de fato, não existe.

O eco-marketing não se baseia no acolhimento de ONGs de prestígio internacional ou, muito menos, no plantio insignificante de mudas de árvores. Ele deve ter por prisma a sustentabilidade real, entre sociedade, meio ambiente e empresa. Gastar centenas de milhares de reais apenas na pregação publicitária de uma empresa verde, sócio-responsável, não tornará a corporação efetivamente green. Pode, sim, em um primeiro passo, trazer um valor momentâneo para com o nome da empresa, com ações em alta e vendas estratosféricas. Mas, mais intensa do que uma subida marqueteira, é a pressão para manter a empresa no topo quando a poeira baixar e o consumidor final presenciar uma entidade falastrona, incapaz e mentirosa.

Responsabilidade social e passividade

Há os gurus de plantão que afirmam que as empresas do século 21 pertencem aos consumidores. Há os que concordam e os que são ardilosamente contra. Nisso, a única coisa que podemos realmente afirmar é que sendo donos ou não, os consumidores modernos possuem nas mãos e nos cliques um poder fenomenal de decidirem o futuro de uma determinada empresa. Se as mesmas pisarem na bola, definitivamente podem estar destinadas ao colapso.

Ligar hoje a TV, principalmente em horário nobre, é ter a certeza de assistir dezenas de inserções publicitárias de grandes empresas focando um mesmo assunto: responsabilidade social. A questão central é: até quando nós, os ‘donos’ dessas empresas, estaremos satisfeitos com essa passividade em aceitar tudo que ali é colocado e quando passaremos a questionar o que é e o que não é etiqueta?

******

Jornalista e blogueiro, pós-graduado em Assessoria de Imprensa, Gestão da Comunicação e Marketing, Pindamonhangaba, SP