Richard Clarke, um dos principais críticos atuais ao governo de George W. Bush, ex-assessor antiterrorismo do governo americano, levou um golpe da rede de notícias Fox News na semana passada. A emissora revelou que ele era o autor de uma série de comentários favoráveis à política antiterrorista do presidente, feitos em 2002, quando ainda integrava o governo. Os elogios foram feitos numa conversa telefônica com um grupo de jornalistas, entre eles Jim Angle, da Fox News, que gravou tudo. Na época, os chefes de Clarke do Conselho Nacional de Segurança permitiram que ele desse a entrevista com a condição de não ser identificado. O ex-combatente do terror acaba de lançar um livro em que afirma que a Casa Branca não deu importância a evidências do perigo que representava a al-Qaeda nos meses antes dos ataques de 11 de setembro de 2001.
Angle disse que ficou surpreso com a diferença do discurso no livro e na conversa de que havia participado e, por isso, pediu à presidência autorização para quebrar o sigilo da autoria das declarações de 2002. ‘Por razões óbvias, ele deixaram’, conclui, em entrevista para The Baltimore Sun [25/3/04]. Quando fez a matéria, Angle não conseguiu falar com Clarke.
60 Minutes sob suspeita
O recém-lançado livro, segundo nota do Hollywood Reporter [23/3/04], Against All Enemies (‘Contra Todos os Inimigos’, tradução livre), foi tema do quadro literário do clássico programa jornalístico 60 Minutes, da CBS. O fato gerou algumas críticas à emissora porque ela não mencionou no ar – apenas em seu sítio de internet – que a editora que o publica, Simon & Schuster, é da mesma companhia a que pertence o canal, a Viacom. ‘60 Minutes entrevistou autores de virtualmente todas as editoras ao longo de seu 36 anos de existência, e não tem vínculo com nenhum deles’, retrucou um porta-voz do programa.