Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Quem conta um conto, aumenta um ponto

Dificilmente um profissional irá se aposentar sem passar por pelo menos um caso de fofoca ou boato no trabalho. É uma suspeita de que a secretária está saindo com o chefe, que fulano será demitido, que há desvio de verba na empresa e tantas outras histórias malignas muitas vezes sem fundamento algum.

Casos como esses provocam situações constrangedoras, humilhações e preconceitos. E engana-se quem pensa que fofoca é coisa apenas de mulher. Os homens estão cada vez mais interessados em comentar sobre a vida alheia. É um verdadeiro telefone sem fio onde cada um se sente no direito de incluir suas impressões pessoais sobre o fato em questão.

Não se sabe exatamente como, quando e muito menos quem começa uma fofoca. A única coisa que sabemos é que ela se prolifera a uma velocidade inimaginável e está sujeita a uma série de acréscimos de informações não checadas. E em poucos minutos ela pode provocar estragos gigantescos.

Além de diminuir a produtividade dos funcionários, os boatos comprometem significativamente a qualidade da convivência e o ambiente de trabalho. Cada um passa a ver o outro com certa desconfiança e o clima de incertezas fica instaurado, fazendo com que todos temam ser a próxima vítima das rodas de bate-papo.

‘Rádio peão’

Infelizmente, a situação é bastante comum, porém não deve ser tratada com naturalidade, como se fosse algo corriqueiro e inevitável. A fofoca no ambiente empresarial precisa ser combatida, e não simplesmente aceita como algo inerente ao convívio social.

Vale ressaltar que os boatos estão mais presentes nas companhias que dão pouca importância à comunicação. Todo ser humano tem necessidade de se comunicar e conviver em equipe, mas quando isso acontece de forma desordenada surge espaço para as fofocas.

Inúmeras empresas de renome já passaram por situações complicadíssimas devido a esse fenômeno que os comunicadores denominam de ‘rádio peão’. Entretanto, este ruído na comunicação não é um problema dos funcionários, e sim da empresa. É a prova real de que algo não vai bem. É uma conseqüência da ausência ou do mau funcionamento de um sistema integrado de comunicação.

Abertura e liberdade de informação

Para evitar esses problemas só há um jeito: prevenir. Para isso, nada melhor que a criação de um ambiente saudável de trabalho, onde a comunicação, a ética e a transparência sejam elementos do cotidiano da empresa.

A instituição precisa criar canais efetivos e adequados à realidade de seus funcionários, mostrando que ali há espaço para a exposição de opiniões, ideias, sugestões e até mesmo reclamações. A criação de uma cultura de comunicação organizacional pode levar um certo tempo, mas os resultados são muito compensadores.

A medida pode não erradicar completamente o problema, mas certamente irá diminuir o impacto dos boatos. Se uma fofoca surgir num local onde haja abertura e liberdade para que a informação seja checada, dificilmente ela terá prosseguimento sem uma versão oficial. No final, todos saem ganhando.

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Jornalista, pós-graduanda em comunicação empresarial