‘A atriz Vanessa Giácomo, de 21 anos, moradora de Volta Redonda, norte fluminense, não é conhecida. Ainda. Depois de trabalhar como figurante, fazer pequenas participações em Malhação e aparecer em simulações do programa Linha Direta, foi escolhida para viver Zuca, protagonista de Cabocla. A novela, exibida há 25 anos com Glória Pires no papel, terá remake com estréia em abril no horário das 18 horas. A busca de novos rostos para a teledramaturgia sempre foi combustível para o sucesso de novelas e minisséries, mas colocar novatos como protagonistas é um risco – que, muitas vezes, pode dar certo. Priscila Fantin, uma desconhecida, ganhou num teste o papel principal de Malhação, e Mel Lisboa cursava cinema quando protagonizou Presença de Anita. Mesmo quando não recebem os papéis principais, os desconhecidos podem surpreender – pelo talento ou pela falta dele. Dan Stulbach roubou a cena em Mulheres Apaixonadas no papel do marido violento. Ricardo Macchi deixou a desejar como o cigano Igor, de Explode Coração. Voltou para o anonimato.
Diretor de Cabocla, Ricardo Waddington é especialista em caçar talentos. ‘Não tenho medo de apostar em novatos. Se houver fracasso, assumo a culpa’, diz. Até hoje, isso não foi necessário. Ele lançou Carolina Dieckmann, Camila Pitanga e Luana Piovani. Também é diretor do núcleo que produz Malhação, a novela juvenil que promove a maior renovação de talentos da Globo – uma espécie de ante-sala do sucesso.
Outro diretor incansável na busca de novos talentos é Jayme Monjardim. Quando esteve à frente de Terra Nostra, em 1999, queria um rosto novo para viver o protagonista Matteo, um imigrante italiano. Thiago Lacerda, que havia feito pequenos papéis em Malhação e Hilda Furacão, candidatou-se à vaga – e passou nos testes. Hoje é galã do primeiro time da emissora.
A próxima novela das 6 apresenta dois novatos nos papéis principais. O amazonense Marinalvo Salvador, de 28 anos, será o matuto Tobias, que disputa o amor de Zuca com Luís Gerônimo, interpretado por Daniel Oliveira. Salvador, que fez cursos de teatro em Manaus, foi para São Paulo, atuou na peça Blue Jeans e acabou sendo chamado para o teste na Globo. Vanessa fez as provas com tranqüilidade, pois não sabia para qual papel estava sendo testada. ‘Foi o que me salvou’, diz. Agora, está aprendendo a andar a cavalo, cozinhar, bordar. ‘Vou sair prendada da novela’, brinca.
O pesquisador de novelas Mauro Alencar, da USP, vê a renovação nos elencos como estratégia para aumentar a expectativa e, conseqüentemente, ganhar audiência. Ele lembra que, em 1976, Lucélia Santos era desconhecida quando ganhou o papel da Escrava Isaura. A escalação de uma estreante seguiu a premissa, adotada por alguns diretores, de que tipos marcantes devem ser vividos por novos atores. A idéia é que os telespectadores não associem o personagem com outros papéis – coisa que muitas vezes acontece quando surge na tela um rosto já conhecido. ‘A televisão vive de imagens, e é importante renová-las’, afirma Alencar.’
REALITY SHOWS
Keila Jimenez
‘‘Fama’ volta reformulado na Globo’, copyright O Estado de S. Paulo, 28/02/04
‘A Globo abre na segunda-feira as inscrições para a nova edição do programa Fama. O reality show, que deve estrear em junho, vai ganhar um novo formato – por causa do corte de gastos – e modificações em suas regras.
Uma das novidades fica por conta da apresentação. A Globo pensa em duas possibilidades: a primeira é deixar Angélica sozinha no comando do programa e a outra é escalar um outro apresentador – no lugar de Toni Garrido – da própria emissora, para dividir o comando com a loira. Luciano Huck, novo par constante da moça, está entre os cotados para a vaga.
Entre as mudanças no formato está o aumento no número de concorrentes, que de 12, da último edição, pode pular para 16.
O número de professores da academia musical montada para o programa e de jurados também deve cair. Ao invés de ter 10 professores, os alunos teriam apenas 4.
A atração também deve ter uma redução de custo em sua produção. Dessa vez os participantes não vão ficar confinados em uma mansão de mais de mil metros quadrados – a mesma utilizada na novela As Filhas da Mãe. Eles ficarão hospedados em um lugar menor, cercado por menos câmeras: na última edição eram 16, quase como no Big Brother.
O dia de exibição do Fama também pode mudar. As duas edições anteriores tiveram programetes diários e edições maiores em formato de show aos sábados. Na nova edição, o programa pode ir ao ar às terças-feiras à noite, logo após o Casseta & Planeta, Urgente!. O programa entraria no lugar de A Diarista, de Claúdia Rodrigues.
O tempo de duração também será maior. A Globo estuda esticar a atração por três ou quatro meses. A última edição só teve oito semanas.
Tantas mudanças são para viabilizar o Fama comercialmente. O projeto é considerado caro pela alta cúpula da emissora, pois, além da produção do programa, há lançamentos de CDs e promoção de shows dos vencedores depois de seu término. Vale lembrar ainda que nenhum dos dois participantes que venceram as edições passadas – Wanessa Jackson e Thiago – alcançaram de fato a fama.
As incrições para o reality show vão até 31 de março.’
Claudia Croitor
‘Patricinhas encaram ‘vida simples’ rural’, copyright Folha de S. Paulo, 2/03/04
‘Sapatos de salto agulha: US$ 500. Jaqueta de couro branca: US$ 1.200. Ver a herdeira da bilionária rede de hotéis Hilton ordenhando uma vaca e engarrafando o leite para receber um salário no final da semana: não tem preço.
Essa poderia ser a propaganda de ‘The Simple Life’ (A Vida Simples), ‘reality show’ que estréia amanhã no canal Fox, estrelado pela patricinha milionária -e modelo nas horas vagas- Paris Hilton, 22, e sua melhor amiga, a igualmente milionária Nicole Ritchie, 23, até então mais conhecida como a filha do cantor Lionel Ritchie.
As duas, acostumadas a badalar no circuito Los Angeles-Nova York, passaram cinco semanas em uma cidadezinha no interior do Arkansas, no interior dos EUA.
Sem dinheiro, sem cartão de crédito, sem celular, ficaram hospedadas na casa de uma autêntica família caipira e, como parte da ‘gincana’, precisaram trabalhar -atividade até então exótica e desconhecida para qualquer uma das duas- em ‘atividades rurais’ como depenar uma galinha ou limpar um estábulo.
‘A coisa mais nojenta que eu fiz, com certeza, foi colocar o braço dentro de uma vaca para ver se ela estava prenha’, disse Nicole Ritchie, durante entrevista em Los Angeles, fazendo cara de nojo.
A cara de nojo, aliás, é vista cada vez que as duas amigas se deparam com uma nova ‘atividade’ -ou mesmo com um prato da culinária local servido pela família hospedeira.
‘Descobrimos que elas são naturalmente grandes comediantes, conseguiram tornar o programa muito engraçado’, disse Jonathan Murray, produtor-executivo de ‘The Simple Life’. Com o sucesso de audiência, o programa já garantiu uma segunda temporada. E, de novo, as moças terão de trabalhar para sobreviver. (A jornalista Cláudia Croitor viajou a convite da Fox)’
CARNAVAL NA GLOBO
Eliakim Araújo
‘A Globo atravessou o samba’, copyright Direto da Redação (www.diretodaredacao.com), 26/02/04
‘A transmissão dos desfiles das escolas de samba continua sendo o maior desafio para as cabeças pensantes da TV. O que o espetáculo tem de beleza e emoção quando assistido ao vivo das arquibancadas do Sambódromo, ele tem de monótono e cansativo para o telespectador em casa. Há pelo menos duas décadas, tempo de vida do Sambódromo, as TVs tentam (e não conseguem) transformar o espetáculo em algo atraente para os que se aventuram a assistir na telinha de casa. Só que a missão é praticamente impossível, pela própria programação do show, com desfiles de 80 minutos de duração para cada escola.
Oitenta minutos assistindo a uma enfadonha repetição de imagens e sons… não há quem aguente, nem mesmo aqueles mais apaixonados. O samba-enredo, sobretudo, cantado à exaustão pelos desfilantes e pelo puxador é quase uma tortura. O negócio é tão cansativo que o puxador do samba traz consigo uma entourage de cantores auxiliares. Ora, se até o puxador não aguenta, imagine o ouvido do telespectador. Do desastre, não escapam nem mesmo sambas consagrados como Lendas e Mistérios da Amazônia e Aquarela Brasileira, este ano trazidos de volta à Avenida. Depois de meia hora, adeus paciência.
A tecnologia televisiva está cada vez mais desenvolvida, permitindo a instalação de câmeras em trilhos, dirigíveis e no alto de morros próximos para que se tenha uma visão panorâmica da avenida dos desfiles, mas isso pouco ajuda a melhorar a transmissão como um todo. Até porque essa mesma tecnologia permite a inserção de uma quantidade de (d) efeitos especiais, como bonecos, propagandas, fogos, luzes e cores, usados abusivamente, de tal forma que o telespectador não consegue distinguir o que é real e o que é virtual.
Outra dificuldade da transmissão é que as escolas hoje são praticamente iguais. Os carnavalescos são os mesmos, vivem trocando de emprego e o resultado é que as fantasias e alegorias parecem saídas da mesma fábrica. Quem vê os gigantescos carros alegóricos na TV pode pensar que eles foram produzidos pelos mesmos artistas. Até as caras dos bonecos são parecidas. Por isso, cada vez é mais difícil dar um palpite sobre a vencedora. O máximo que se pode distinguir é entre escolas ricas e menos ricas.
Até pouco tempo, duas emissoras transmitiam a festa no Sambódromo. Hoje a exclusividade é da Globo, que determina até o início do horário de transmissão, de acordo com a conveniência de sua programação. Com isso, não há uma disputa pela escolha das melhores imagens. O telespectador só toma conhecimento das ‘celebridades’ globais que desfilaram. Se alguém de outra emissora desfilou, ninguém sabe, ninguém viu. Sem contar a preferência pelas imagens de mulheres nuas e saradas, também com corpos iguais, como se saíssem da mesma academia de ginástica. Pessoal da comunidade…bem, só quando é alguém com história curiosa para contar, como Dodô, a sambista de 84 anos que substituiu, no posto de rainha da bateria da Portela, uma conhecida modelo e apresentadora de TV. Ou, como diria aquele gozador: ‘pobre só dança quando é preso, rico vai mesmo pro Sambódromo’. Infelizmente, o desfile das escolas é cada vez menos espontâneo, a comunidade pobre dos morros da cidade está cada vez mais marginalizada. O que manda nos enredos e nos destaques é o dinheiro dos patrocinadores e o espaço que pode render na mídia.
Quem sofre com tudo isso, além do telespectador, são os profissionais escalados para a transmissão. O narrador transmite o desfile como se estivesse narrando uma emocionante partida de futebol. Ninguém sabe onde ele vai buscar tanta vibração para ler aqueles releases chatos que as escolas mandam para explicar e descrever a ordem do desfile, coisa que só mesmo os comentaristas, com vozes cansadas e lentas, conseguem destrinchar. E os repórteres, salvo raras exceções, ‘cometem’ informações e perguntas de doer os ouvidos. Como aquela que apresentou uma sambista assim: ‘essa aqui é russa, nasceu na Russia’. Toimmm!!! Ou aquela, de outros carnavais, que perguntou a um sambista da velha guarda ‘como é que se faz para entrar na velha guarda?’ A resposta veio pronta e irônica: ‘bom, minha filha, tem que ficar velho, né?’. Toimmm!!!
Por hoje é só. No ano que vem tem mais. Tudo igual, como sempre.
(*) Foi noticiarista da Radio Jornal do Brasil, Âncora dos Jornais da Globo, da Manchete e do SBT. Ancorou o primeiro canal internacional de notícias em língua portuguesa. Vive em Miami, onde tem uma produtora de jornalismo e publicidade. É diretor de redação do site Direto da Redação.’
CARNAVAL NA BAND
Ludmilla Duarte
‘Carnaval com sotaque carioca’, copyright A Tarde Online, 25/2/04
‘Tive pena dos telespectadores da TV Bandeirantes que, sem ter a sorte de morar ou conferir pessoalmente nesta cidade esses sete dias mágicos de total frenesi e catarse, tentaram conhecer, pela televisão, o Carnaval da Bahia. Não tenho dúvida: a principal atração do carnaval transmitido para todo o Brasil pela TV Bandeirantes – batizado este ano de Band Folia – foi a própria Band. Ou suas estrelas: Astrid Fontenelle, Sabrina Parlatore, Marcos Mion, Viviane Romanelli, Leonor Correia, Betinho, Beto Hora e mesmo a falsa baiana Preta Gil, filha do Exmo. Sr. ministro da Cultura, criada no mesmo Rio de Janeiro de onde veio o sotaque que infestou a telinha da emissora em rede nacional até os últimos acordes da maior festa popular do mundo.
Como cidadã soteropolitana que, se não chegou a conhecer os criadores do pau elétrico, desceu as ruas da cidade a partir dos 13 anos de idade hipnotizada pela guitarra inacreditável de Armandinho e embalada pelo fricote de Luiz Caldas, lamentei que os aspectos mágicos desta festa, marca do povo místico de uma cidade enigmática, que leva para as ruas, com orgulho, sua descendência africana, suas influências indígenas, seu protesto, seu samba, seu molejo e (por que não?) seu rock’n roll, tenham sido, deploravelmente, preteridos por um festival de merchandising e abobrinhas, exibições de ego, fofocas de artistas e rasgações de seda, transformando a transmissão da nossa festa – repito: a maior festa popular do mundo! – numa grande coluna social eletrônica.
Como jornalista, amarguei a ausência dos meus colegas baianos, competentes, que, mesmo tendo suado a camisa por um ano inteirinho decifrando a cidade com suas coberturas diárias, foram solenemente descartados de uma transmissão importante, grandiosa, privando o país de seu conhecimento sobre esta terra, sobre os blocos e sobre todos os artistas que desfilam nos trios (estes, aliás, em troca de uns minutos de publicidade, submetem-se ao ridículo de tecer loas ao vivo às ‘estrelas’ nacionais que comandam o naco de espaço na mídia). E, sobretudo, privando o país do nosso sotaque baiano que, em última análise, é o próprio sotaque desta festa.
Marcelão na caixa
Com o senso crítico intacto pela ausência do álcool – já que, este ano, pela primeira vez, optei por acompanhar o carnaval pela TV -, não pude deixar de sentir uma ponta de vergonha ao assistir ao espetáculo embaraçoso de ver a VJ Sabrina Parlatore ensaiar seus dotes de cantora em cima do trio ao lado da vocalista Aline, da banda Pinel; a apresentadora Viviane Romanelli – que comanda um programa diário para donas-de-casa – dançar freneticamente ao lado de seus convidados e depois aparecer, resfolegante, no vídeo; Leonor Correa, irmã do animador global Fausto Silva, admitir no ar que nunca tinha ouvido falar no bloco Me Deixe à Vontade e Preta Gil, forçando um sotaque baiano de novelas da Globo, informar a Astrid que, na Bahia, o pão baguete é chamado cacetinho (em qual padaria, cara pálida?).
No Campo Grande, o mal-informado Betinho conseguiu o que, em outra circunstância, me pareceria impossível: deixar que a ex-loura do Tchan Carla Perez, sua parceira de transmissão, emprestasse alguma competência aos comentários da folia. Em anos anteriores, não pude deixar de registrar, em minhas rápidas passagens à frente da TV, repórteres cariocas e paulistas cometerem lapsos como situarem a cobertura no ‘Campo de Gandhi’ ou no circuito ‘Barra-Olinda’. Mas, desta vez, talvez pela minha exposição prolongada ante a TV, a cobertura dos colegas do ‘Sul-Maravilha’ superou todas as minhas expectativas.
Um espetáculo triste que culminou, na última noite, com Durval Lélis fazendo aparecer de dentro de uma caixa, diante da multidão que o acompanhava na Barra, o namorado de Astrid Fontenelle – a quem ele chamou de Marcelão (?) – segurando um buquê de rosas, e a aspirante a cantora Sabrina Parlatore chamar Astrid de ‘rainha do Carnaval’. Esqueceram de apresentar Carla Cristina à moça.’