Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Reforma na Folha é mais do mesmo

A Folha de S. Paulo trocou seis por meia-dúzia, como era esperado. Mudou o formato da embalagem, a cor do rótulo e o tamanho do conta-gotas. Mas o produto continua o mesmo: ora placebo, ora veneno.

Cadê um novo Paulo Francis, um novo Osvaldo Peralva, um novo Samuel Wainer, um novo Lourenço Diaféria, um novo Plínio Marcos? Continuam faltando os talentos superiores, talvez porque polêmicos demais para o domesticado produto da indústria cultural que a Folha é hoje. Houve um tempo em que não ficava muito longe do Pasquim. Hoje está bem próxima da Veja.

Por que não chamar de volta o Alberto Dines, ainda melhor comentarista de imprensa x política do que todos que a Folha tem? E qual a grande matéria de jornalismo investigativo da edição inaugural da nova reforma do jornal? A mais do mesmo sobre o crack?

No fundo, a única mudança que devolveria à Folha o esplendor de meados da década de 1970 seria a colocação de outro nome na capa, sob o logo do jornal. Diretor de redação é posição importante demais para ser assumida por um filhinho de patrão. Acontece o que aconteceu:

** primeiramente ele foi diminuindo os espaços das estrelas jornalísticas que a Folha tinha e detonando o núcleo de repórteres especiais;

** depois introduziu um ridículo Manual de Redação, para impor rígido controle jornalístico-ideológico à equipe;

** e, finalmente, vergou o jornal tão à direita que, desequilibrado, desabou, perdendo a credibilidade que nunca tivera antes de Claudio Abramo e foi dilapidando mês a mês sob a batuta de Boris Casoy (reacionário até a medula, mas profissional) e dele, Otavinho (também reaça e nem sequer profissional).

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Com a isenção de impostos dada como forma de compensação pela veiculação do horário eleitoral (que não é pago pelos partidos), a Receita Federal deixará de arrecadar este ano milhões de reais das emissoras de rádio e de televisão. Segundo explicação das autoridades, as emissoras poderiam estar usando aquele horário para publicidade comercial. Então, de forma indireta, quem paga de fato o tal ‘horário gratuito’ somos nós, os contribuintes. E, para piorar ainda mais, somos obrigados a aturar a lastimável programação, um verdadeiro festival de besteira que continua assolando o país. (Sylvio Pélico Leitão Filho, jornalista, Rio de Janeiro, RJ)

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O mundo das aquisições e fusões nas empresas de comunicação americanas sempre foi extremamente voraz. Estúdios de cinema, canais de televisão, redes de rádio, editoras de livros, empresas jornalísticas, gravadoras de música, companhias de homevideo e editoras de revistas sempre conviveram entre a concorrência e o mundo corporativo canibal. Então surgiram as novas tecnologias, como o cabo e a internet banda larga, e com isso as ponto.com, os serviços de blogues e os domínios de sites. Todos eles incorporados, velhas e novas mídias num sopão de conteúdo e plataformas que na termologia empresarial poderiam se enquadrar numa sinergia de grande impacto financeiro e imperial.

O corpo destas novas corporações ficou extremamente forte e vigoroso, e seu poder praticamente absoluto, se não fosse um porém. Os últimos membros adquiridos são justamente os mais fortes e o DNA completamente diferente da natureza centralizadora das outras mídias, incompatibilidade que tem causado rejeição nos membros. Blogues, redes sociais e pequenos sites começam a agrupar e fidelizar um público que tem opinião própria, muitas vezes diferente da dos acionistas das corporações e com poder de criar conteúdo similar a todas as outras mídias na plataforma digital.

Como concorrer com os nossos clientes e os nossos concorrentes tradicionais? Resposta: contra-atacar o conteúdo das novas mídias com o conteúdo das velhas mídias. Resultado: jornais, revistas, filmes, series de TV americanas começaram, de um ano para cá, a fazer campanha contra sites e blogueiros afirmando e questionando de forma genérica a idoneidade destas mídias. Roteiristas e jornalistas têm sido seus principais soldados, mas o tempo e as incessantes aquisições têm demonstrado que futuramente estes profissionais podem ser trocados por estagiários recém-formados e não ter mais em que porta bater na hora de reivindicar um emprego. É um tiroteio nos próprios pés, do patrão ao empregado. Num mundo de Ctrl +C Ctrl +V é bom lembrar um velho ditado da companhia Xerox que virou jargão no meio empresarial: ‘O cliente tem sempre a razão’. (Warner Burchauser, marqueteiro, Campinas, SP)

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Fiquei chocado ao ver a explicação oficial do BOPE para a morte do cidadão que usava uma furadeira. Está sacramentado e decretado: doravante nenhum favelado carioca pode ter furadeira em casa, porque se tiver acabará justificadamente abatido a tiros de fuzil por policiais do BOPE. 

A reação da mídia a este incidente foi negligente. Há quase uma década nós vemos e ouvimos os casos de uso indiscriminado da força pelo BOPE. Em qualquer Estado democrático este grupo de extermínio de favelados já teria sido desmantelado. Mas isto não aconteceu até o presente momento. Por quê? Porque a mídia sempre inocenta o governador do Estado.

A Constituição do Estado do Rio de Janeiro prescreve que: 

‘Art. 135 – O Poder Executivo é exercido pelo Governador do Estado, auxiliado pelos Secretários de Estado. 

‘Art. 145 – Compete privativamente ao Governador do Estado: 

II – exercer, com o auxílio dos Secretários de Estado, a direção superior da administração estadual; 

VI – dispor sobre a organização e o funcionamento da administração estadual, na forma da lei; 

XIV – prover e extinguir os cargos públicos estaduais, na forma da lei;’ 

A Constituição fluminense é explicita, o governador exerce a direção superior da administração, portanto é o comandante geral dos servidores militares do Rio de Janeiro. O ocupante do Palácio da Guanabara pode criar um grupo especial de policiais militares e pode também dissolver qualquer grupo policial que existe. 

Os soldados do BOPE são comandados pelo governador do Estado do Rio e se o governador ainda não dissolveu este grupo de extermínio oficial a culpa é dele. Dele e do policial que apertou o gatilho ao seu comando. 

Enquanto a população carioca não exigir ao governador a extinção do BOPE e enquanto o BOPE não for extinto, a violência oficial vai continuar porque um grupo de extermínio (policial ou não) tende a continuar a fazer o que faz melhor: exterminar pessoas (pessoas pobres e favelados no caso do BOPE). 

A omissão do governador é evidente. A mídia sabe disto mas tem blindado todos os governadores cariocas desde que o BOPE foi criado porque gosta tanto de denunciar a violência do BOPE quanto da sua existência. (Fábio de Oliveira Ribeiro, advogado, Osasco, SP)

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Jornalista, São Paulo, SP