Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Reformulação na Reuters após imagens fraudulentas

Após o fiasco da publicação de fotos alteradas digitalmente, no ano passado, a Reuters nomeou um novo editor de fotografia para o Oriente Médio e anunciou o endurecimento de procedimentos de edição de imagens. As medidas, divulgadas esta semana [Reuters, 18/1/07], estavam entre diversas outras anunciadas pelo editor-chefe da agência, David Schlesinger, após os resultados de uma investigação interna.


Em agosto de 2006, a Reuters publicou duas fotografias que mostravam ações militares israelenses no Líbano. As imagens, de autoria do fotógrafo freelancer Adnan Hajj, tiveram sua veracidade questionada por blogueiros – que sugeriram que elas teriam sido modificadas com Photoshop. Após a comprovação da fraude, a agência cortou ligações com o fotógrafo e removeu todas as imagens tiradas por ele de seu banco de dados – onde fotos podem ser compradas.


Mudanças


Segundo Schlesinger, experientes editores de fotografia fizeram uma minuciosa pesquisa nos arquivos da agência em busca de outras imagens fraudulentas do conflito no Líbano. ‘Nós ficamos satisfeitos de saber que nenhuma outra imagem foi alterada digitalmente’, afirmou, completando que o erro cometido pela Reuters não foi intencional.


Para evitar falhas futuras, a agência resolveu reforçar seus processos de edição de imagens. O objetivo é garantir que apenas editores experientes lidem com fotografias de assuntos sensíveis, investir em mais treinamento e supervisão e dar mais ênfase ao código de conduta que deve ser seguido pelos fotógrafos. O novo chefe de fotografia para o Oriente Médio é o britânico Stephen Crisp, que trabalha para a Reuters desde 1985. ‘Seu antecessor foi dispensado pelo modo como lidou com o caso’, afirmou Schlesinger, sem entrar em mais detalhes.


Negativa


Já o fotógrafo libanês Hajj trabalhava desde 1993 para a agência, como freelancer. A foto de sua autoria questionada por blogueiros foi publicada em 5/8 e mostrava fumaça subindo no céu de Beirute após um bombardeio aéreo israelense. A fumaça teria sido ‘clonada’ digitalmente para aumentar a magnitude do ataque – o que Hajj nega. O fotógrafo refuta também a acusação de ter aumentado o número de foguetes lançados de um avião israelense sobre o sul do Líbano.


Schlesinger afirma que a Reuters trabalha agora com empresas líderes de fotografia e software para desenvolver um artefato que consiga desmascarar possíveis fraudes. O código de conduta revisado pela agência impõe limites técnicos rígidos para o uso de Photoshop e amplia as diretrizes já existentes sobre captura de imagens.