O Los Angeles Times, tradicional jornal estadunidense fundado em 1881, começou, nos últimos anos, a ser superado por seus grandes concorrentes: New York Times, Washington Post e USA Today. Para resolver o problema, James O’Shea, diretor do LAT (Los Angels Times) contratou o californiano Russ Stanton (48) para o cargo de Innovation Editor. A palavra de ordem é ter a coragem de mudar sem medos ou nostalgias. O primeiro movimento foi a criação de uma única redação, para formar o ‘Grande Jornalismo’ em seus múltiplos formatos, desde o jornal tradicional até a versão on-line. O objetivo é estabelecer uma nova estrutura organizativa centralizada, a serviço de todos os tipos de mídia. Algo como uma grande família feliz, onde jornalistas de renome estarão juntos a ‘ciber-gênios’ numa simbiose, trocando know-how. Onde cada setor poderá intervir rápido e diretamente no web site.
Será uma enorme empresa com uma equipe de 900 pessoas. Para completar essa metamorfose, o tempo previsto será de dois anos. Nem todos da redação acolheram com entusiasmo a integração da velha redação com aquela on-line, mas a maioria dos jornalistas está aceitando o desafio. Talvez porque nenhum outro jornal dos Estados Unidos foi tão posto à prova. Nos últimos seis anos, teve três diferentes proprietários, quatro managers, quatro diretores de redação, alguns escândalos jornalísticos e diversas dispensas em seus quadros… Mesmo assim o LAT continuou publicando todos os dias um dos melhores jornais do mundo.
Um dos motivos de atraso do LAT foi, num passado recente, não ter dedicado suficientes recursos às iniciativas da web. Ao contrário dos rivais, como New York Times e Wall Strett Journal, sua estratégia não será toda dirigida aos ‘furos’. As manchetes serão escolhidas nas áreas de interesses mais relevantes – obviamente com a intenção de serem os primeiros a dar a notícia –, todavia os breaking news não são tudo; antes de mais nada, deverá ser criado um web site informativo, discursivo, interativo e capaz de oferecer uma rica experiência ao leitor. Sem esquecer o tradicional jornal impresso, que sofrerá profundas modificações. Na segunda metade do ano passará a formato tablóide, uma transformação que permitirá um produto mais focalizado ao leitor.
Lembrar o passado
Concluindo sua entrevista a Alessandra Farkas (Corriere della Será, caderno ‘Magazine’, 3/5/2007), Russ Stanton acrescenta: ‘Nosso ás na manga é o fato de termos a maior comunidade de imigrantes mexicanos do mundo. Podemos e temos que tirar vantagens desse extraordinário reservatório humano, cultural e econômico.
Com o advento da era digital, os jornais de todo o mundo têm, com freqüência, os mesmos problemas. Mesmo que muitos jornais europeus não tenham tido drásticas perdas de leitores, não podem ignorar ou retardar o sistema on-line. O número de leitores globais on-line continua a crescer e, com eles, também a oportunidade de expandir e intensificar esse tipo de jornalismo. Os nossos web sites deverão tornar-se a prioridade, oferecendo notícias em primeira mão e uma gama ilimitada de instrumentos e produtos para interagir a todos os níveis com os leitores.
Temos muitos correspondentes estrangeiros. Como empresa, erramos, até agora, em não lhes ter dado mais espaço. Os correspondentes estão entusiasmados com as novidades e faremos com que eles possam se comunicar em discussões on-line com os leitores. O nosso guru é o filósofo espanhol George Santayana, o qual, em seu livro A vida da razão, escreveu: ‘Aqueles que não sabem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo.’’
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Jornalista