Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Repórter condenado à morte questiona julgamento

O jornalista afegão Perwiz Kambakhsh, condenado à morte por blasfêmia, concedeu entrevista ao jornal britânico The Independent de sua cela na prisão em Mazar-I-Sharif. Na entrevista, publicada na segunda-feira (25/2), o jornalista, de apenas 23 anos, alega que teve um julgamento injusto, sem advogado e sem poder falar em defesa própria.

Kambakhsh, que trabalha como repórter no jornal Jahan-e Naw e ainda estuda jornalismo, recebeu a sentença no mês passado, em meio a pedidos de grupos internacionais e afegãos, além de governos e das Nações Unidas, pela sua absolvição. Seu crime foi baixar da internet e distribuir entre seus colegas de faculdade artigos que questionavam alguns valores do Islã, incluindo alguns relacionados aos direitos das mulheres.

Quatro minutos

‘Os juizes decidiram o caso sem mim’, afirmou o jornalista. ‘O jeito como eles me olhavam e falavam comigo era o jeito como se olha para um homem condenado. Eu queria dizer que aquilo era errado e que me ouvissem, mas não me deram chance de explicar’. A audiência em que ele foi condenado, calcula, durou cerca de quatro minutos.

Kambakhsh contou que, desde sua prisão, em outubro de 2007, não lhe foi dado o direito a um advogado. O jornalista tentará agora apelar da sentença na capital, Cabul – onde acredita que terá um julgamento melhor do que na província de Balkh, onde mora e foi condenado.

Segundo o Independent, Kambakhsh divide uma cela com outros 34 detentos. ‘A maior parte dos meus colegas prisioneiros sabe que eu não fiz nada de tão terrível que justifique estar aqui, e eles têm me dado apoio’, afirma. ‘Alguns dos guardas também são gentis. Há ainda alguns extremistas que me insultam, mas temo que eles sejam do tipo que nunca irão mudar a mentalidade’. Informações da AFP [25/2/08].