Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Repórter acusado de forjar ataque

O serviço secreto do Uzbequistão acusou o jornalista independente Alexei Volosevich de encenar um ataque para se mostrar como um mártir perseguido pelas autoridades. O repórter, que trabalha em um sítio pró-oposição, contou ter sido atacado na quarta-feira por cinco homens perto de seu apartamento, noticia Shamil Baigin [Reuters, 10/11/05]. Depois de espancado, ele recebeu um banho de tinta. Uma pichação na parede o chamava de ‘jornalista corrupto e judeu’.


Volosevich cobriu – e ajudou a expor – o massacre em Andijan, em maio deste ano, onde uma revolta popular terminou com a morte de 800 civis. O porta-voz do serviço de segurança uzbeque, Olimzhon Turakulov, declarou à agência de noticias russa Interfax que o jornalista estaria tentando, com o suposto ataque, emigrar para um país ocidental como refugiado político.


Volosevich ridicularizou a acusação. ‘É uma tentativa de passar a responsabilidade dos culpados para a vítima’, afirmou. O repórter disse acreditar que o ataque tenha partido das autoridades e tenha sido uma represália à cobertura do massacre de Andijan. Desde o episódio, o governo acusa os veículos de mídia nacionais e internacionais de colaborar com terroristas e de fomentar a promoção de uma revolução no país.


‘Nós estamos indignados com este ataque brutal, que representa o mais recente de uma série de ameaças e intimidações, muitas das quais estão ligadas ao governo. Pedimos que o presidente Karimov pare com a repressão aos jornalistas que reportaram os terríveis eventos em Andijan que este governo tentou esconder’, protestou a diretora-executiva do Comitê para a Proteção do Jornalistas, Ann Cooper [10/11]. Com informações de Nick Paton Walsh [The Guardian, 11/11/05].