Na edição nº 2074 (de 20/8/2008), a revista da Editora Abril resolveu discutir educação. Pasmem: num grande furo de reportagem, a Veja achou os responsáveis pelas mazelas do ensino no Brasil, tanto público quanto privado: os professores e autores de livros didáticos de Geografia e História!
Isso mesmo, nós somos os culpados! Só faltou, ao final da matéria, pedir camburão e algemas para os ‘mestres’. Talvez fosse o caso de trazer de volta a Oban, o DOI-Codi, o SNI etc. Desta forma, seria bem mais fácil eliminar todos os comunistas infiltrados nas salas de aula, pagos com o ouro de Moscou, ou seria melhor dizer com os charutos de Cuba e a grana das Farc? Delírio puro!
Já imaginaram se todos os professores do país, das redes pública e privada, fossem filiados a um único partido político? Ou, pelo menos, tivessem metade do poder que a tal revista julga que temos? Só para começar a conversa, ela não existiria mais, tamanha é a sua desonestidade no trato da notícia.
A análise é simplista e não se sustenta de forma alguma.
Dados e exemplos
Para manter o nível do debate no padrão de ignorância da supracitada, bastaria aos pais que não toleram a ‘doutrinação comunista’ das escolas particulares trocarem de escola. Afinal, a tal empresa de jornalismo (que tipo de jornalismo?) não é ardorosa defensora das leis de mercado?
Então, é simples. Se não gosto do serviço educacional prestado por uma instituição, troco de instituição!
No caso da escola pública, seria de se perguntar como essa cambada de comunistas consegue manter o emprego por tanto tempo? Percebam: independentemente do partido que assuma a prefeitura, governo do estado ou Presidência da República.
Para conhecer um pouco do que é tal revista, nada como ler uma série de matérias de Luis Nassif, que mostra com dados e exemplos como a Veja faz um jornalismo que não merece receber tal nome. Clique aqui e entenda um pouco tais mecanismos.
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Professor de Geografia do ensino médio na rede particular, São Paulo, SP