Três revistas culturais na ativa, disponíveis para a nossa análise.
Uma delas é a Dicta&Contradicta. Revista combativa, que pretende ser ‘buzinada permanente’ no ouvido dos leitores. Surgiu sob a inspiração do Opus Dei, embora negue esta origem, o que indica estar realmente ligada a essa instituição, cuja ambição é orientar sem aparecer.
Lançada em junho de 2008, chegou agora ao terceiro número. Seus criadores dizem-se preocupados com a falta de debates sérios no Brasil. Portanto, supõe-se que João Pereira Coutinho, Fernando Henrique Cardoso, Gilberto de Melo Kujawski, Luiz Felipe Pondé, Eduardo Giannetti e Olavo de Carvalho (nomes que promove) representariam o pensamento sério no país. É uma opção, entre outras.
No editorial do número 3, Dicta dá as boas-vindas ‘à nossa `irmã´ mais nova, a recém-lançada Serrote‘. Os editores de Dicta se orgulham de já estarem estimulando o tal debate sério, ainda que lamentem haver ‘certo grau de imitação’.
Publicada pelo Instituto Moreira Salles, a revista serrote circula três vezes por ano (Dicta é semestral). O seu primeiro número é de março de 2009. Isto significa que os editores tiveram apenas cerca de seis meses para imitarem a Dicta! Esta hipótese (fruto da pretensão pueril) não é séria. Ou talvez fosse o caso de recomendar à ‘irmã mais velha’ que imite a nova, adotando também às regras do Novo Acordo Ortográfico…
A Serrote lançou seu segundo número em julho deste ano. Na Folha de S.Paulo de 16/07/2009, uma reportagem comenta a possível concorrência entre as duas. Ambas se apresentam como alternativas. Se Dicta tem mais a ver com a revista First Things (fundada pelo teólogo católico Richard Neuhaus), a Serrote mira-se de preferência na The Virginia Quarterly Review, da Universidade de Virginia (EUA).
Nada do outro mundo
Que haja no Brasil duas, três, cinquenta revistas de ensaios como a Serrote e a Dicta é decorrência de uma inquietação intelectual de que ninguém tem o monopólio. Escrevam, publiquem, entrem no jogo!
A terceira revista a mencionar chama-se Arte e Letra: Estórias. Uma iniciativa curitibana da pequena editora Arte e Letra. Nasceu em março de 2008 (e nem por isso afirma ser imitada pela Dicta ou pela Serrote…). A periodicidade é trimestral. Saiu agora a edição E (as letras substituem os algarismos). Sua proposta é assumidamente simples e óbvia: publicar contos, ensaios e traduções. Nada do outro mundo. Nada mais importante.
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Doutor em Educação pela USP e escritor, www.perisse.com.br