Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Robson Pereira

‘A epidemia de spywares (programas espiões) comentada aqui na semana passada motivou um grande número de mensagens de leitores preocupados em descobrir formas de proteção contra a mais recente praga que tomou conta da internet. Como em qualquer esquina das grandes cidades, bom senso e cautela também são o melhor antídoto contra a maior parte das ameaças que proliferam no ambiente digital. Incluindo, é claro, os tais espiões que agem sorrateira e livremente enquanto você e eu navegamos pela web.

Com uma ou outra variação, diferentes especialistas em segurança na internet concordariam que o passo número um é não acreditar em tudo que aparece na tela e jamais ceder à tentação fácil de aceitar tudo o que é oferecido ‘de mão beijada’. Ajuda saber que é pouco provável algum desses programas se instalar na sua máquina sem que você, de uma forma ou de outra, permita.

Significa dizer que se o seu computador tem um spyware – e com toda a certeza, ele tem – foi você quem ‘deixou’ ele entrar, quase sempre como um simples e aparentemente inocente clique.

Baixar softwares ou qualquer outro arquivo apenas de empresas idôneas é outra boa sugestão. Muitos serviços de distribuição gratuita de músicas, por exemplo, empurram para a máquina do usuário um caminhão de spywares. O Kazaa, um dos endereços mais procurados na internet para a troca de arquivos musicais, chega a entregar até 12 tipos diferentes de programas gerenciadores de publicidade junto com o aplicativo que permite localizar e baixar as canções. Conhecidos como adwares, esses programas muitas vezes funcionam como arapucas, com conseqüências bem mais graves do que um simples aborrecimento com um monte de propaganda e ofertas que explodem na tela.

Também é preciso ler atentamente a licença de uso que acompanha os softwares distribuídos pela internet. Algumas empresas processadas nos Estados Unidos conseguiram escapar de pesadas multas com a alegação de que fez isto ou aquilo com a autorização explícita do usuário, que leu e concordou com as regras do serviço. É claro que não é bem assim. Mas também é verdade que, por ingenuidade ou por omissão, a maioria dos usuários ‘aceita’ imediatamente as regras de uso de um software baixado na internet e nem desconfia que, ao clicar em frases do tipo ‘sim, aceito’, está assinando um autêntico cheque em branco – infinidade de tralhas, incluindo vários spywares.

E-mails também são uma das principais formas de distribuição não apenas de programas espiões, como também de vírus e outros tipos de pragas digitais, tão ou mais perigosas. Clicar em arquivos anexados a uma mensagem enviada por um desconhecido é um atalho perigoso que quase sempre termina em prejuízos e muita dor de cabeça.

Por último, mas sem a pretensão de esgotar o leque de cuidados para quem pretende navegar com segurança pela internet (sim, isso é perfeitamente possível), é fundamental contar com a ajuda de algum software que identifique e bloqueie spywares. Existem várias dessas ferramentas no mercado. Uma das mais eficientes e freqüentemente recomendada é Spybot Search & Destroy, que vasculha o seu disco rígido numa caçada impiedosa a robôs espiões e softwares gerenciadores de publicidade.

O programa já foi traduzido para o português e está disponível para download a partir do endereço www.safer-networking.org/index.php?page=mirrors, com uma versão que identifica e destrói cerca de 12 mil spywares diferentes, entre os mais ativos no mercado. O Spybot é fácil de instalar, transparente no que faz e é gratuito – prova de que, felizmente, nem tudo que é oferecido ‘de graça’ na internet é sinônimo de problemas.

Transparência também é um dos pontos fortes do CookieWall, desenvolvido pela AnalogX, outro software gratuito e de grande utilidade para o gerenciamento de cookies, pequenos arquivos armazenados no computador, quase sempre sem o conhecimento do usuário. Criados com o objetivo de facilitar a vida de quem navega pela internet, cookies têm sido utilizados por verdadeiros picaretas com objetivos bem diferentes daqueles para os quais foram criados.

A sugestão neste caso é separar o joio do trigo, o que é fácil e rápido com o CookieWall (disponível em www.analogx.com/contents/download/network/cookie.htm). Após a sua instalação, o programa mostra todos os cookies instalados no seu computador.

Quem nunca fez uma limpeza desta vai se surpreender com a tonelada de lixo e arapucas encontradas. Saber quais os arquivos que serão deletados e impedidos no futuro de entrar de novo em sua máquina não é uma tarefa complicada.

Acabei de me livrar de 67 deles, ao mesmo tempo em que concedi uma espécie de passe livre a outros 17 cookies. Como separei uns de outros? Simples: mantive apenas aqueles enviados por empresas e serviços com grande reputação no mercado. A rigor, é a mesma tática que utilizo para comprar um CD ou um aparelho de televisão na internet ou num desses shoppings superlotados que existem por aí. Pode parecer um comportamento extremamente conservador. Mas talvez seja sobre isso mesmo que estamos falando nestes tempos de epidemia generalizada de pequenos e grandes espiões do mundo digital.



Renato Cruz

‘Nasce em Uberaba o ‘Google caipira’’, copyright O Estado de S. Paulo, 7/05/04

‘De Uberaba, no interior de Minas, vem uma resposta brasileira ao Google. O site de busca Katatudo, lançado no começo do ano, foi todo desenvolvido em software livre – que pode ser usado e modificado gratuitamente, como o sistema operacional Linux – e planeja abrir seu próprio código-fonte até outubro.

‘Estamos recebendo apoio da comunidade de software livre’, afirma Leonardo Cardoso, de 27 anos, diretor de Tecnologia da Informação do Katatudo. A idéia da empresa é vender consultoria e tutoriais para quem quiser usar seu mecanismo de busca, gratuito, em seu site ou intranet, rede interna que usa a mesma tecnologia da internet.

Apesar de ter planos ambiciosos, o Katatudo, uma espécie de ‘Google caipira’, ainda é pequeno mesmo na internet brasileira. O site não aparece no ranking do Ibope eRatings, o que quer dizer que possui menos de 120 mil usuários únicos por mês, segundo a empresa de pesquisas. O líder da lista dos serviços de busca mais visitados no Brasil é o americano Google, que prepara a abertura de capital em Wall Street. Em segundo lugar vem o Yahoo!, que controla o Cadê, o site de busca mais popular entre os criados no Brasil.

‘O Cadê responde por 75% de nossas buscas’, conta o diretor-executivo de Serviços de Busca na América Latina do Yahoo!, Carlos Augusto Araújo. Em março, foi lançada uma nova versão do site, que usa a tecnologia de busca internacional da empresa configurada de acordo com os interesses do usuário brasileiro.

‘A busca tem que ter um certo sotaque local’, explica Araújo. Ele dá um exemplo: a palavra ‘vestibular’, em inglês, tem outro significado. Num site de busca internacional, o internauta acaba recebendo várias indicações de páginas sobre ‘vestibular disorder’, uma doença do ouvido. No Cadê (ou no Yahoo! Brasil, que usa a mesma base de dados), isto não acontece, pois o conteúdo brasileiro tem prioridade.

Num cenário dominado por empresas globais, como o Google e o Yahoo!, o Katatudo, de Uberaba, traça uma estratégia de universalização. A empresa criou uma versão em inglês. ‘Até julho, vamos lançar mais quatro versões: em italiano, espanhol, russo e japonês’, afirma Cardoso, do Katatudo.

Dez pessoas trabalham no site de busca mineiro, fundado por Cardoso e outros dois brasileiros. Parte do dinheiro usado vem dos serviços prestados pela empresa Minas Agência Digital, dos mesmos sócios. Eles criam e hospedam sites, entre outras atividades. Para se tornar conhecido, o Katatudo lançou um serviço de e-mail grátis, com capacidade ilimitada de armazenamento para usuários brasileiros.’



Carla Jimenez

‘Starmedia, da explosão à derrocada’, copyright O Estado de S. Paulo, 7/05/04

‘Fernando Espuelas, fundador do Starmedia, ficou famoso na curta história da explosão da internet. Foi capa de revistas e alimentou os jornais que acompanhavam o assunto. Quando o portal Starmedia começou a se desmanchar com o estouro da bolha da internet, Espuelas foi invadido por um sentimento esquisito. ‘Sou um idiota’, ao sair da empresa, em agosto de 2001, conta ele em seu livro Vida em Ação (Life in Action), a ser lançado no Brasil até o fim do ano.

A idéia exagerada do crescimento dessa mídia hipnotizou toda a geração de executivos e Espuelas foi um deles. Com alguns trocados no bolso, ele e um sócio abriram um provedor que prometia ser personagem perene da web. A idéia era criar um portal para a comunidade latino-americana. A Starmedia era uma das apostas dos investidores que farejavam boas oportunidades na rede – como foi o UOL, Ciudad Internet, Patagon, El Sitio, entre outros.

A Starmedia chegou a valer US$ 2 bilhões na Nasdaq, a bolsa americana das ações de tecnologia. Espuelas garante que a empresa chegou a a valer até US$ 4 bilhões em alguns momentos. Ele, que passou necessidade quando saiu do Uruguai com a mãe, rumo aos Estados Unidos, tornou-se um milionário com pouco mais de 30 anos, com uma carreira bem-sucedida que culminou com a abertura da Starmedia. Seria uma história e tanto se o provedor não tivesse o destino de muitos que nasceram, cresceram e sumiram com o estouro da bolha da internet.

O termo ‘bolha’, usado pelos acadêmicos econômicos que tentavam chamar para o bom senso os investidores americanos, pressupunha que haveria um estouro a qualquer hora daquela economia virtual que se alimentava só de apostas no futuro. Espuelas não acreditava que o Starmedia, que chegou a ter unidades em 11 países, empregou mais de mil pessoas e tinha 25 milhões de usuários, seria confundido com os que surgiram por especulação.

Mas os investidores não enxergam o idealismo, só ficam atentos a números. E foi assim que a Starmedia, cujos papéis valiam US$ 60 após a abertura do capital em 1999, teve suas ações negociadas a centavos de dólar no final.

Espuelas renunciou à presidência do grupo em 2001 e, em julho de 2002, a Starmedia foi incorporada pela empresa espanhola EresMás Interactiva por US$ 8 milhões.

Espuelas ficou desnorteado ao perceber que poderia ter lucrado US$ 500 milhões com suas ações da Starmedia, se as tivesse vendido no auge da economia virtual. ‘Não vendi porque não me pareceu ético’, disse Espuelas ao Estado. Foi então que se isolou para entender o que tinha acontecido.

‘Precisava analisar se alguma parte do cérebro estava faltando ou se tinha embarcado nessa história por ser dessas pessoas que sentem atraídas pelo fracasso.’ Só conseguiu aprender a rir da história, que resolveu contar em Vida em Ação, depois de admitir uma série de erros que cometeu no processo.

O executivo deixou a família e se instalou numa pequena casa nas montanhas de Vermont. Ficou invisível, a quilômetros de distância de Wall Street, dos jornais financeiros. ‘Foi uma viagem para mudar de vida, para me reorganizar.’ Mais do que isso, foi o modo que ele encontrou para assimilar o fim de um ciclo e fechar o capítulo Starmedia na sua cabeça.

Além de contar sua história pessoal, ele criou um manual de auto-ajuda, com passos para o sucesso. Hoje no comando de outra empresa, Voy, ele afirma: a Starmedia foi a melhor experiência da sua vida.’



Cidade Biz

‘Ibope indica migração de 29% dos internautas para banda larga’, copyright Cidade Biz (www.cidadebiz.com.br), 7/05/04

‘Dar adeus á conexão discada é um sonho de grande parte dos brasileiros. Essa tendência foi detectada no relatório do Ibope/NetRatings, no qual 29% dos usuários de linha discada pretendem adquirir conexões rápidas nos próximos 12 meses.

Entre os internautas que já utilizam banda larga, tempo de uso da web foi de 21hs 58min, contra 8hs dos usuários em linha discada. Os internautas domiciliares brasileiros que utilizam banda larga continuam a superar os usuários dos EUA: navegaram em média 21hs 58min em março, contra 19hs08min dos americanos.

Segundo o instituto de pesquisa, os 4,3 milhões de usuários ativos de banda larga já respondem por mais de 60% do tempo total de utilização da web no domicílio, e diversos sites já apresentam a maioria de seus visitantes utilizando esta tecnologia.

Há um número expressivo de sites com mais de 70% dos usuários em banda larga, principalmente os que exploram conteúdo como música, clipes, diversos formatos de vídeo e cinema, afirma Marcelo Coutinho, diretor de Serviços de Análise do IBOPE/NetRatings.

No relatório, os domínios pertencentes ao UOL, Terra e MSN apresentam os maiores números absolutos de usuários em alta velocidade, enquanto alguns sites de música e vídeo do Terra e da Globo.com apresentam mais do que o dobro de visitantes em banda larga do que em linha discada.

Organizações de mídia tradicional, segundo o especializado B2B Magazine, com um estoque de conteúdo elevado, como UOL (Grupo Folha) e Globo, ou provedores como Terra e AOL, que há tempos investem no desenvolvimento de ações específicas para o setor, estão em boa posição para rentabilizar a relação com este tipo de consumidor, observa Coutinho.

De acordo com o relatório, que é publicado mensalmente, serviços financeiros e o varejo virtual também são beneficiados com uma elevada proporção de visitantes utilizando esta tecnologia. No caso do e-commerce, o destaque no mês de março ficou por conta do Magazine Luiza, que apresentou mais 70% dos visitantes em banda larga.

Embora não ocupe uma posição de liderança quando falamos em números absolutos, é um caso interessante, pois trata-se de uma rede tradicionalmente associada com um consumidor de menor poder aquisitivo, destaca o estudo. Ainda segundo o IBOPE/NetRatings, o preço da conexão é apontado por 30% dos entrevistados como um dos principais fatores que dificultam a instalação de Banda Larga nos domicílios.’