A forma como a informação se propaga dentro de uma empresa constitui necessidade de entendimento por parte das assessorias de comunicação que trabalham em ambiente corporativo. Se a mensagem não chega de forma eficaz aos funcionários, há algum ruído pelo caminho. Isso reflete perda de tempo, perda de produtividade, além de facilitar a ocorrência de estresses desnecessários.
Lidar com uma gama de pessoas plurais não é atividade fácil. Há profissionais que optam por ficar isolados, como numa ilha, e, quando solicitados a compartilhar seu conhecimento, não aceitam ingerências internas do setor de comunicação. Há também comunicadores com uma visão ultrapassada. Pesquisa de opinião, por exemplo, “é coisa de RH”. A afirmação é equivocada, ainda mais se um relações públicas, um administrador, ou mesmo um jornalista, compuser a equipe.
Caso os fluxos de comunicação não atinjam seu propósito, então a razão precisa ser descoberta. Um temperamento excêntrico, uma contrariedade política, uma insatisfação com decisões tomadas pelos dirigentes… Há centenas de motivos pelos quais os funcionários podem se desentender. Compreender e corrigir a tempo esses fatores contribui para o sucesso do empreendimento.
Muito jogo de cintura
Grandes gestores da comunicação espalhados pelo país têm uma característica em comum: a capacidade de lidar com uma variedade de egos. As pessoas têm visões diferentes sobre o mundo, logo é preciso encontrar um denominador comum a fim de favorecer os interesses da empresa. Mas e quando os próprios protocolos da empresa não estão adequados? Como lidar com a equivocada cultura de informação que brota da falta de planejamento?
A ausência de preparo de profissionais que atuam em setores de chefia, por exemplo, acaba criando temores no resto da equipe. Em contato com outras pessoas, da própria instituição, os comandados se negam a fornecer dados básicos, que poderiam ser compartilhados abertamente. O discurso é sempre o mesmo: “Preciso pedir autorização ao chefe.” Não raro, dias depois o veredito é dado. A informação já perdeu sua validade.
Isso atravanca as atividades, cria um clima de instabilidade. O medo dos funcionários não se justifica; a motivação e a confiança são sempre mais construtivas. Pensando estrategicamente, reuniões de equipe devem deixar claro o que se pode e o que não se pode fazer. É missão da assessoria de comunicação, somada a outros departamentos da empresa, combater esses ruídos. Como fazê-lo? Avaliar procedimentos, confeccionar caixas de sugestões, espaços de reclamações, enfim, formas onde o colaborador possa se manifestar livremente – e anonimamente, de preferência.
Pesquisar os fluxos empresariais, descobrindo onde reside o problema, é essencial. Em pleno século 21, não há mais volta para a perspectiva integrada dessa avaliação, isto é, estabelecer uma interlocução com diversas áreas para a consecução dos objetivos da organização. Somente assim as pessoas envolvidas com a cultura da informação entendem os imbróglios existentes e ganham insumo para sugerir reformulações. Dessa maneira, a civilidade vence, sustentando um ambiente melhor para todos.
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Gabriel Bocorny Guidotti é bacharel em Direito e estudante de Comunicação