Na quinta-feira (4/8), Nelson Jobim (Defesa) não resistiu. É o terceiro ministro a deixar o governo Dilma Rousseff. A mídia, de modo geral, deu amplo destaque ao fato. Então, a que se deve o seu afastamento? Um conjunto de fatores interligados entre si.
Em outro momento, ele admitiu, em público, que votou em Serra para presidente em 2010. Sua confissão não caiu bem, mas foi perdoado. Portanto, a saída de Jobim não tem a ver com corrompimento. De outro lado, não se pode dizer que a presidente, bem até aqui, ignora a corrupção. O fato é que Jobim falou em demasia. Criticou as ministras Gleise Hoffman (Casa Civil) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais). Suas declarações foram divulgadas pela revista piauí. Anteriormente, Jobim foi ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) no governo FHC. Quanto ao sucessor, Celso Amorim, tem tudo para dar certo no comando da Defesa, apesar das dificuldades que vai encontrar.
Desafios do novo ministro
Formado pelo Instituto Rio Branco, Amorim é especialista em relações internacionais e ex-ministro das Relações Exteriores de Lula. Recentemente foi apontado por um comentarista da revista estadunidense Foreign Policy como o melhor chanceler mundial.
Pois bem, a tarefa do novo ministro não será nada fácil. Por quê? Sua pasta não dispõe de recursos e é preciso resolver a questão do reaparelhamento das Forças Armadas, que se arrasta desde os governos FHC e Lula. Tem mais: ele não é o preferido dos militares. Logo, isso não é motivo para não querê-lo.
Ninguém nega que o assunto da Defesa é política do governo. No entanto, entendo que a mídia e a sociedade civil devem se manifestar e opinar sobre o assunto. E mais, do ponto de vista histórico e das relações internacionais, se o Brasil quer ser protagonista global e membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, necessita de forças militares bem equipadas. Por fim, esses são os desafios de Amorim.
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[Ricardo Santos é professor e jornalista, São Paulo, SP]