Se a mídia quisesse, ela bem que poderia dar um fim a um bocado de políticos corruptos no Brasil. De um jeito muito simples. Basta dar um gelo neles, tirá-los do noticiário, não mais procurá-los para qualquer tipo de entrevistas. E político sem visibilidade, sem aparecer nos veículos de comunicação, não ganha eleição alguma. Está morto em vida. É como um carro sem combustível. Existe, mas não sai do lugar.
Difícil aceitar senadores, deputados e vereadores, denunciados por crimes diversos, exercendo seus cargos naturalmente. Alguns já condenados, apelando ao Supremo Tribunal Federal. E recebendo de graça, da imprensa, a divulgação e propaganda de suas atividades. Não seria mais justo e ético ignorá-los, não dar-lhes espaço nos noticiários, não mais expô-los na mídia, desconhecer o que fazem ou deixam de fazer no Congresso, nas Câmaras e Assembléias? Vencê-los pelo desprezo?
A imprensa não fez assim com o Simonal? Denunciaram que ele seria um dedo-duro, colaborador da ditadura militar no Brasil e daí para frente ninguém mais lhe deu ouvidos, não lhe pediram entrevistas, não lhe deram trabalho, não publicaram uma só linha sobre ele. Ficou 30 anos no ostracismo e morreu pobre.
Vingança de eleitor traído
Pelo voto, não se acaba com a corrupção. No máximo, trocam-se os parlamentares. Mas a podridão permanece. Os que entram, aderem ao sistema. O voto não é arma nenhuma do cidadão. Apenas serve para eleger o candidato. Tirá-lo depois, é quase impossível. A ferramenta boa é a imprensa. Através dela nos indignamos, reclamamos e enviamos nossas mensagens, nossos textos, nossos vídeos, nossos posts e twitters. Cabe, portanto à mídia, esse conjunto de rádios, jornais, TVs, blogs e celulares, processar e interpretar bem os sentimentos do povo e iniciar logo uma campanha para ignorar os maus políticos. Pode ser: Movimento de Desprezo Político.
É só não entrevistar, nem mais citar em noticiários os nomes de todos aqueles parlamentares que estiverem envolvidos em quaisquer tipos de crimes constantes do Código Civil Brasileiro. E são muitos. Inscrevê-los numa lista de personae non gratae, tipo um SPC político, e só voltar a dar-lhes voz e créditos quando nada se provar contra eles. Quem sabe aprendem a lição?
Desprezados pela mídia, desconhecidos do público eleitor, com certeza esses políticos corruptos perderão seus poderes, não serão reeleitos. Fim das mordomias. Podem desistir da carreira, voltar para suas origens, convívio com seus iguais, e quem sabe, depois de tantas mentiras e fortunas desviadas, venham a morrer sozinhos e na miséria. Vingança ruim de eleitor traído.
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Jornalista aposentado, Belo Horizonte, MG e autor do blog Cronista da Realidade