Próximo às comemorações da Semana da Pátria, entrou no ar o Blog do Planalto, projeto que teve a sua estréia adiada diversas vezes. Não é o presidente quem escreve os posts, mas uma equipe formada por profissionais que já passaram por outros projetos na rede, como o Global Voices Online.
A principal referência é a fórmula utilizada por Obama no governo dos EUA. A inspiração foi tanta que, no final, foram copiadas as mesmas deficiências do blog da Casa Branca, que, perto do que a campanha de Obama produziu, é algo bem burocrático – conteúdo oficial e previsível, uma espécie de agenda diária do presidente, com transcrição de discursos e decisões do governo, e a falta de espaço para comentários (opinião do leitor).
Ou seja, uma das principais qualidades do conceito de blog, que é a proximidade entre leitor e autor, foi deixada de lado. Apesar do blog ser produzido por uma equipe de 5 pessoas, a assessoria do Planalto alegou não ter ‘estrutura para moderar os comentários’. Há a possibilidade de saber quem fez links para posts do blog, mas, durante os meus testes, essa função não estava funcionando corretamente.
Sem espaço
Na necessidade de referências, em vez do blog da Casa Branca, poderiam ter pego como guia o próprio site do Ministério da Cultura que aceita comentários e tem uma edição menos burocrática e previsível. Ou ainda o blog de Bibiana Aído, ministra da Igualdade, do governo de José Luis Zapatero, na Espanha, e que foge bastante do conteúdo como propaganda oficial e tem um diálogo constante com os cidadãos.
Em suma, a sensação que fica é a de um projeto que chegou tarde. Há 3 anos seria algo diferenciado. Mas, hoje em dia, um blog com conteúdo totalmente oficial e sem espaço para comentários não representa nenhuma novidade, não importa se é de uma empresa ou de um governo.