Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Sensacionalismo global

Se você fosse apresentador do Jornal Nacional iria preferir apresentá-lo das ruas de São Paulo ou do estúdio? A resposta fica a seu critério, mas a minha opinião fica registrada aqui. Willian Bonner, âncora e editor do JN, está apresentando, neste exato momento [edição de segunda-feira, 15/5], o programa da rua, em São Paulo. Justificativa: a solidariedade ao povo de São Paulo.


Quem fala que o JN não faz sensacionalismo acaba de se enganar. No mínimo, trata-se de uma falta de respeito ao jornalista que está nas ruas, tentando trazer melhor informação para a população.


O jornalista não está na rua, nesta noite, porque quer, mas porque é importante informar a população sobre o caos na cidade e no país. Ser jornalista é querer informar com qualidade e veracidade, sem se aproveitar dos momentos para aumentar sua audiência e o ibope. O que a Globo fez na segunda-feira é motivo para se pensar. É necessária a exposição de um âncora nas ruas de São Paulo? Depende do objetivo.


Admito: o jornalismo mudou e continua mudando. Só a informação não traz dinheiro. Eu compreendo. No entanto, é questionável, sem levar em consideração o perigo que corre Bonner e sua equipe. A opção é dele. Mesmo sendo eu um jornalista, não gostaria de estar lá apenas por estar, nem muito menos por solidariedade ao povo paulistano. Não é que o povo não mereça solidariedade. Merece e muito. Mas num momento tão delicado em que vive a maior cidade da América do Sul, a exposição e o sensacionalismo gratuito não acrescenta nada a informação que chega até a sua casa.


É lamentável.


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Nota do OI: William Bonner ancorou o Jornal Nacional de segunda-feira (15/5) de um terraço da sede da Globo em São Paulo, na Av. Jornalista Roberto Marinho. Não corria riscos ali.

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Jornalista em Curitiba, PR