Sunday, 17 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Ser ou não ser retardado

Sugiro ao prestigiado Observatório da Imprensa um comentário a respeito da falta de ética do diretor da Rede Globo Mário Meirelles ao tachar os telespectadores de retardados após verificar que o desenho Pica Pau ultrapassou o programa que ele dirige, o TV Xuxa. Longe de questionar a competência deste profissional, está em jogo é a falta de ética e de maturidade profissional ao tratar a queda de audiência como responsabilidade única dos telespectadores, e de forma desrespeitosa. A minha sugestão é acompanhada da minha indignação como telespectadora e habitante de um estado democrático de direito. Da mesma forma que impera a liberdade de expressão, também existe a liberdade de escolha, tudo pautado pela ética. Se uma das duas alternativas foge de questões éticas importantes, alguma coisa está errada. Ou me tornei uma retardada sem saber, ou Mário Meirelles está impondo aos telespectadores que assistam a um programa sem liberdade de escolha. Aliás, desde quando a Xuxa surgiu, nos anos 1980, e começou a fazer sucesso, eu era criança e nunca gostei do programa dela. Ao contrário, assistia justamente ao Pica Pau porque considerava o desenho muito mais inteligente que as brincadeiras do programa da Xuxa. Atravessei a adolescência e atingi a idade adulta continuando a não assistir ao seu programa. Ou seja, gosto não se discute e assisto ao que bem quero na televisão. O que eu e milhares de telespectadores não aceitamos é esta imposição ditatorial e a falta de respeito de um diretor de televisão que deveria aprender a se comportar de forma ética. Cuspir no prato em que se come virou um hábito mais comum do que se pensa, especialmente quando a ética está envolvida (Roselene Candida Alves, arquivista, São Paulo, SP)