O primeiro-ministro do Kuait, Nasir Al-Muhammad Al-Ahmed Al-Saba, prometeu, na segunda-feira (10/9), que tentará impedir a exibição de uma série de TV acusada de depreciar muçulmanos xiitas, após duas emissoras terem sido apedrejadas. A Arab MBC e a Al-Arabiya anunciaram que transmitiriam o programa durante o Ramadã, que começa nesta quinta-feira (13/9). O mês é considerado sagrado para os muçulmanos, que se abstêm de comer, beber, fumar e fazer sexo do amanhecer ao pôr-do-sol. Segundo o chefe de redação do escritório da al-Arabiya, Saad al-Ajmi, não houve danos à emissora. ‘Duas pessoas vestidas de preto lançaram muitas pedras no edifício. Elas foram embora em um carro que as aguardava. Informamos o ocorrido à polícia’, contou.
A promessa foi feita durante um encontro entre o primeiro-ministro e alguns membros do Parlamento, que alertaram que a série poderia incitar o sectarismo. ‘O primeiro-ministro nos assegurou que o caso será resolvido. Entendemos que o governo irá impedir a exibição do programa’, disse o parlamentar xiita Adnan Abdulsamad. O seriado, intitulado Os pecados têm preço (tradução livre), tem como tema uma forma de casamento conhecida como ‘casamento temporário’. Trata-se de uma prática do islamismo xiita na qual um homem e uma mulher podem se casar por um determinado período de tempo – que varia de uma hora a 99 anos. Este tipo de união é proibido no islamismo sunita.
Pontos de vista divergentes
O Kuait é administrado por sunitas, mas tem uma forte minoria xiita. ‘A série distorce o islamismo xiita. Ela lida com questões de fé de maneira errada e promove o sectarismo entre as duas maiores correntes do Islã’, opinou Abdulsamad. Para o vice-secretário da Aliança Xiita Justiça e Paz, Abdulwahed Khalfan, o seriado também mostra o ‘casamento temporário’ como uma forma de prostituição.
O produtor do programa, Nayef al-Rashed, garante, no entanto, que o show não é contra os xiitas. ‘Quisemos enfocar os aspectos negativos de práticas sociais. Nunca tivemos a intenção de distorcer nenhuma fé’, argumentou. Informações de Omar HasanMon [AFP, 10/9/07].