Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Sítio do NYTimes bloqueia artigo no Reino Unido

Internautas do Reino Unido que acessaram o sítio do New York Times na segunda-feira (28/8) não conseguiram ler o artigo intitulado ‘Surgem detalhes em caso de terror britânico’. Quando clicavam no título, eram encaminhados para a mensagem que dizia que, seguindo conselhos legais, aquela matéria não estava disponível para internautas no Reino Unido. A ‘censura’ ocorreu, explicou depois o jornalão nova-iorquino [Tom Zeller Jr, 29/8/06], em respeito à lei britânica que proíbe a publicação de informações sobre acusados que possam vir a prejudicar o julgamento. A New York Times Company decidiu também, durante o fim de semana, não publicar o artigo no International Herald Tribune, que reproduz matérias do Times na Europa.


‘Nunca é uma escolha feliz negar uma história aos leitores’, afirmou a editora-executiva do Times Jill Abramson, defendendo que, de qualquer maneira, foi melhor excluir apenas os leitores no Reino Unido do que excluir o artigo de vez do sítio. Para a manobra, o Times teve que lançar mão de tecnologia usada para anúncios publicitários segmentados. Depois de um processo de programação que durou horas, o sítio pôde identificar o endereço de internet de cada usuário que acessava sua página e ‘decidir’ se podia ou não mostrar o artigo sobre o terror britânico.


Nova geografia


A reprogramação do conteúdo pode ter sido a responsável pelo atraso na entrada do artigo no sítio, como reclamou Patrick Cooper em comentário postado em blog do USA Today [28/8/06]. ‘Este post examina as razões pelas quais o New York Times optou, hoje, por não divulgar uma matéria que estava na primeira página de suas edições nacionais. No fim do dia, o Times colocou a história online – sem nenhuma explicação, até onde sabemos’, escreveu ele.


Segundo Jonathan Zittrain, professor de governança e regulação de internet na Universidade de Oxford, a restrição de informações responde à necessidade de adequação dos limites espaciais da rede. ‘Há alguns anos existe esta noção de que a tecnologia pode criar uma forma de divisão geográfica na internet – que pode não ser 100% eficiente, mas é eficiente o bastante’, explica, completando que há ainda o senso de que tribunais internacionais estejam dispostos a levar em consideração esta noção.


A reportagem bloqueada pelo Times divulgava a descoberta de novos detalhes na investigação da Scotland Yard sobre o suposto plano terrorista de explodir aviões em pleno vôo – do Reino Unido para os EUA. Na matéria, são citados recibos bancários, gravações em vídeo e um diário que detalharia o plano.