Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Sobre a ética e o corporativismo na aviação

Quero dar meus parabéns a todos os aviadores, entre pilotos profissionais, amadores, oficiais de segurança e demais envolvidos nesse meio. Sob certo ponto de vista, o bom corporativismo está em alta. Avaliações precipitadas não acontecem. Apesar de termos agora mais detalhes do acidente da Gol, não sabemos da totalidade dos acontecimentos, mas cada um de nós, pilotos, tem sua opinião, um veredicto particular do caso, mesmo que errado.

É assim de se admirar a sobriedade da maioria dos especialistas ao se referirem ao acidente. Quase na totalidade, afirmam que é muito cedo para saber-se o que aconteceu. Com sobriedade, não deixam passar suas próprias conclusões.

Mas, acompanhando os meios de comunicação, já vejo portais de internet, jornais e a televisão tirando suas próprias conclusões e já querendo condenar pessoas. Em 4/10, no Jornal do SBT da madrugada, Carlos Nascimento, o âncora, disparava: “Nós temos o direito de saber”. Solicitava que fossem divulgados o que ele mesmo chamou de “dados parciais” das gravações do controle de vôo em terra e da “caixa-preta” do Legacy.

Hora de reflexão

Não, Carlos Nascimento, com informações parciais pode-se tirar conclusões precipitadas, e conclusões precipitadas não ajudam a segurança de vôo. O caso Escola Base, em que houve abuso da imprensa, não serviu de lição de correção ao jornalismo. Ainda querem tirar conclusões apressadas.

É hora de reflexão sobre como a imprensa trata os assuntos por aí, como a imprensa amarrada e interesseira põe a lupa em cima de algumas coisas e esconde outras, emite opiniões pessoais e manipula pensamentos, com conclusões precipitadas em temas que definem votos nas urnas e mudam, a seu gosto, o destino das nações.

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Piloto de avião, tetracampeão brasileiro de acrobacias aéreas e webdesigner; Atibaia (SP)