No último ano a imprensa angolana sofreu uma pequena revolução com o surgimento de várias publicações e, com ela, chegaram algumas novidades para os leitores. Contudo, as dificuldades para os jornais que já atuavam no país aumentaram.
Os problemas surgiram porque o país está longe de ter jornalistas formados e com experiência em número suficiente para suprir a demanda que essa revolução gerou. Porém, essa história terá na sexta-feira (13/2) mais um capítulo com o surgimento do jornal econômico Expansão.
Assim como os títulos que surgiram nesta fase de boom da economia angolana, cujo principal motor foi a subida do preço do petróleo no mercado internacional, o Expansão tem por trás um poderoso grupo econômico, a Score Investments, por meio de seu braço Score Media.
O primeiro título surgido nessa nova fase da mídia em Angola foi o Novo Jornal, que tem na New Media e no BESA (Banco Espírito Santo Angola) os seus alicerces.
Depois disso foi fundado o País, cujo grupo Media Nova tem também a TV Zimbo e a rádio Mais.
Entretanto, no caso desses três jornais, detido em 70% pela New Media, não são conhecidos os investidores.
Dificuldades
Sem capacidade de encontrar no mercado angolano jornalistas disponíveis para preencher as suas redações, as novas publicações foram às redações já existentes buscar, em alguns casos, os melhores profissionais.
William Tonet, diretor do Folha 8, que é apontado como o jornal mais lido em Luanda, não tem dúvidas de que ‘por detrás desta avalanche de títulos novos está uma estratégia de grupos ligados ao poder para controlar a imprensa em Angola’.
O jornalista admite que a ‘sangria’ da sua redação ‘não parou no último ano’ e aponta a ‘extrema saúde financeira’ dos novos jornais, rádios e televisão para profetizar uma ‘vida difícil’ aos periódicos tradicionais.
‘Com mais ou menos dificuldades, os melhores vão subsistir porque os leitores também vão perceber rapidamente o objetivo destas novas mídias e quem é que lhes vai dar a informação que procuram. São problemas antigos’, disse Tonet.
Concorrência
Já Victor Silva, diretor do Novo Jornal, que, com seu projeto gráfico e editorial inovadores deram um novo impulso ao mercado, considera que ‘é positivo’ o surgimento de novas publicações, mas admite que as dificuldades nos jornais mais antigos vão aumentar substancialmente.
Silva defende também que ‘alguns dos títulos mais antigos vão acabar por não resistir e chegar ao fim já durante o ano de 2009, porque ‘as vendas não têm expressão, é a publicidade que sustenta os jornais e esta não tem volume suficiente para todos’.
O jornalista diz ainda que os títulos alicerçados em grupos econômicos fortes ‘têm maior lastro’ para poderem avançar, lembrando, por exemplo, que em Angola a impressão de um jornal como o Novo Jornal custa de US$ 10 mil a US$ 16 mil por edição.
Mas ele enfatiza o fato de os novos títulos, dos quais o que Silva dirige foi o primeiro a fazê-lo, terem trazido ao mercado ‘novos horizontes’, tanto do ponto de vista editorial – ‘mais uns que outros’ -, como na sua apresentação gráfica, ‘fazendo a diferença’.
Jornalismo econômico
Com o lançamento do Expansão, o mapa midiático angolano vai ter, já na sexta-feira, mais uma coordenada.
O semanário, cujo projeto está sendo erguido por meio de uma parceria com o português Diário Econômico, como explicou seu diretor, Victor Fernandes, vai chegar às bancas com 48 páginas.
Com uma tiragem prevista de 9 mil exemplares, o Expansão pretende ‘cobrir com rigor e imparcialidade’ a realidade da economia de Angola. A redação integra vários jornalistas portugueses.
O semanário Angolense, o Agora e A Capital, privados, e o estatal Jornal de Angola, são alguns dos títulos mais prestigiados em Luanda, pois nas províncias só este último tem alguma capacidade de penetração devido a dificuldades de distribuição.
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Da Agência Lusa