OLIMPÍADAS DE PEQUIM
Saudades do Pan?, 11/08
‘Acredito que todos os superlativos foram utilizados para definir o que foi a abertura dos Jogos Olímpicos. E se mais houvesse, seriam bem vindos. Foi deveras espetacular. A mais entre todas que tenho lembrança.
Até o momento também tenho gostado da divisão dos esportes pelos muitos canais. Claro que, como sempre, alguns esportes que são muito interessantes de ver, ainda que por pouco tempo, nem sequer são cogitados. É o caso do tiro com arco, modalidade na qual tínhamos um participante. Não consegui saber nada sobre ele.
A preferência recai sobre os esportes de quadra poliesportiva.
A nota cômica, como sempre, fica para locutores e apresentadores. A quantidade de besteiras que dizem por minuto é insuperável. Eu diria que apesar dos poucos dias de competição já estamos batendo os recordes conseguidos durante a falcatrua de inverno que rolou na cidade maravilhosa no ano passado.
Uma colocação genial de um comentarista antes da prova dos 400m medley: ‘O Phelps disse que vai querer ganhar 8 medalhas, mas pra isso ele precisa ganhar a primeira’.
Vai saber! Sendo ele o Phelps, todo poderoso, poderia começar com a terceira e depois ir para a sétima e voltar para a segunda.
Ivan Zimmerman, do BandSports , comentando a prova de adestramento, foi quase tão espetacular quanto a abertura dos Jogos. Ivan, que parece conhecer bem o basquete, o hóquei, mostrou total ignorância no hipismo.
Não o culpo.
Devem tê-lo jogado nessa, o que pode ser visto como um certo desrespeito ao público. Por conta disso, fomos obrigados a ouvir pérolas do tipo: ‘Olha que cavalão bonito! Dá pra ver que ele tem um porte…’ Meu caro: estamos nas Olimpíadas. A possibilidade de aparecer um pangaré feiosinho é zero. Os melhores cavalos do mundo estão em Pequim. E sem ter absolutamente nada a dizer, continuou a dizer besteiras. Mas foi divertido.
No Sportv 3, vôlei de praia feminino, Brasil x México e uma locução realmente patética, irritante, excessiva. O clima da patriotada que dominou aquela ladroagem de inverno no Rio continua no ar. Pelo menos dessa vez as glórias não serão tantas.
Também ouvi apresentadores ‘sábios’ – ou seriam safados mesmo – começarem a mudar ligeiramente o tom ufanista diante de seguidas derrotas brasileiras e a dizer que ‘essas Olimpíadas serão diferentes’. Diferentes da patuscada esportiva do inverno austral carioca?
Não diga! Será que alguém que não tenha sido vítima de uma acidente quase fatal que lesionou profundamente o cérebro acredita ainda que teremos uma performance, em Pequim, semelhante?
Talvez. Tivemos um locutor que viu o Thiago Pereira chegar em quinto lugar na prova que chegou em oitavo. Tirando isso, é uma diversão e tanto passar todos esses dias vendo o melhor do esporte mundial. E dessa vez para valer.
Márcio Alemão é publicitário, roteirista, colunista de gastronomia da revista Carta Capital, síndico de seu prédio, pai, filho e esposo exemplar.’
TELEVISÃO
Vamos aguardar, como sempre, 4/08
‘Passando olhos por algumas novelas, concluí que seria bom se tivéssemos mais Lilia Cabral e menos Claudia Raia. Se tivéssemos muitos Milton Gonçalves e nenhum Edson Celulari. O Edson me lembra muito um boneco de ventríloquo, na feição, na expressão e na atuação. Murilo Benício também me espanta.
Raramente ouço o que diz e o que ele diz não convence. A ele parece faltar, além do talento, alguém que diga: ‘Vai, joga uma água nessa cara e vê se acorda!’
E nós? Teremos de acordar cedo para ver o melhor de Pequim?
Todas as emissoras garantem que não. Será a melhor cobertura da história já feita por um canal de TV, dizem todos.
E o meu pavor é que o de sempre volte a acontecer. O Sport TV com seus 5 canais estarão transmitindo, em cadeia, os mesmos sensacionais jogos de quadras poli-esportivas. Aqueles esportes aborrecidíssimos como handebol (já sou persona non grata na federação desse esporte).
Será interessante a comparação com os patéticos e hiperfaturados jogos cariocas de inverno que levaram locutores à loucura diante de pequeninas façanhas de alguns atletas brasileiros.
Veremos e comentarei.
Já fazia tempo que eu queria comentar por aqui a diferença do jornalista Ricardo Boechat que apresenta o jornal da manhã na Band News FM e o Boechat do jornal da Band, na TV, à noite.
O da manhã é de uma simpatia e de uma eloquência extraordinárias. O da noite está cansado e pouca opinião divide com o telespectador. Ordens da casa, eu sei. Mas a casa deveria rever isso. Já o colega Boris Casoy, no rádio, na mesma FM, ainda não se entendeu. São mundos realmente diferentes.
Vários seriados estão sendo reprisados. O de sempre. A gente paga, reclama e não adianta nada. Eles sempre ganham dinheiro novo e nos oferecem coisas velhas.
Se bem que as novas regras para a turma do ‘vamos estar transferindo e jamais iremos estar resolvendo’, me deixaram animado. Quem sabe em algum momento um juiz, farto de ver repetidos capítulos de sua série favorita, decida colocar ordem na casa.
Márcio Alemão é publicitário, roteirista, colunista de gastronomia da revista Carta Capital, síndico de seu prédio, pai, filho e esposo exemplar.’
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