Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Terrorista confessa assassinato de jornalista

Khalid Sheikh Mohammed, suspeito de ser um dos mentores dos atentados de 11 de setembro de 2001 nos EUA, confessou ter decapitado o jornalista americano Daniel Pearl em 2002 e ter participado em outros 30 ataques que deixaram milhares de vítimas. ‘Eu decapitei com minha abençoada mão direita a cabeça do judeu americano, Daniel Pearl, na cidade de Karachi, Paquistão’, teria dito Mohammed, segundo uma transcrição de uma audiência militar divulgada esta semana pelo Pentágono.


O assassinato do jornalista estava entre os 31 ataques e planos – alguns nunca concretizados – que o terrorista teria assumido durante depoimento na prisão militar de Guantánamo, em Cuba. O Pentágono divulgou a transcrição de 26 páginas no fim de quarta-feira (14/3), mas a princípio omitiu a parte sobre Daniel Pearl, para que a família fosse notificada antes sobre a confissão, explicou o porta-voz do Departamento de Defesa do governo americano, Bryan Whitman. Pearl foi seqüestrado em janeiro de 2002 quando apurava uma matéria sobre militância islâmica no Paquistão. A morte do jornalista foi filmada e divulgada na internet.


Mentor


De acordo com o relato divulgado pelo Pentágono, Mohammed tentou se mostrar a mente mais ambiciosa da al-Qaida no planejamento de atentados terroristas. ‘Eu fui responsável pela operação 9/11 de A a Z’, afirmou. Mohammed foi preso em março de 2003 e transferido para Guantánamo no ano passado junto com outros 13 supostos terroristas. Eles são considerados pelo governo Bush as mais importantes capturas desde os atentados de 2001.


Ao listar os ataques de que participou, Mohammed afirmou que havia planos para matar líderes internacionais como o papa João Paulo II, o presidente americano Bill Clinton e o presidente paquistanês Pervez Musharraf. Ele também teria assumido a responsabilidade pelo ataque a bomba em um resort no Quênia freqüentado por israelenses e pelo bombardeio em uma boate em Bali, na Indonésia.


Protestos


O Exército começou a ouvir os depoimentos dos 14 presos no fim da semana passada para determinar se eles devem ser declarados ‘combatentes inimigos’ que podem ser detidos indefinidamente e julgados pelo tribunal militar. Jornalistas e observadores independentes foram impedidos de acompanhar as audiências e as informações sobre elas têm sido limitadas. Segundo representantes do Exército, as medidas são necessárias para evitar a divulgação de informações sensíveis. Especialistas legais criticaram a decisão e a Associated Press enviou uma carta de protesto. Informações de Katherine Shrader [AP, 15/3/07].