Nesta semana em ‘Texto de Elite’, o Capitão Salazar, osso-duro do idioma, faz cair a casa do Guia de Livros, localizada nos fundos da revista Rolling Stone Brasil (nº 48, setembro 2010). Um dos chefões da redação local, Paulo Cavalcanti, conhecido como P.C., é enquadrado sob dois crimes do código lexical: repetição (1) e escolha (2). A assinatura de Antônio do Amaral Rocha, vulgo Toninho Sintático, aparece sob o período medonhamente esquartejado de ‘A última entrevista de José Saramago’ (3); enquanto o gringo Bryan Hiat quase se dá bem depondo sobre o cadáver congelado (4) em ‘Leo e seus monstros’.
(1a) ‘O texto de Maitowitz contextualiza a vida e obra de Kafka, mostrando como sua vida e obra foram influenciadas pelas condições políticas e sociais da época em que o escritor viveu’ (p. 126, grifos do Capitão Salazar).
(1b) O texto de Maitowitz contextualiza a vida e a obra de Kafka, mostrando como foram influenciadas pelas condições políticas e sociais da época em que o escritor viveu.
(2) No trecho a seguir, o Capitão manda trocar o desnecessário cível pelo necessário civil: ‘Há pouco mais de 25 anos, mais precisamente no dia 21 de abril de 1985, morria Tancredo Neves. Se o primeiro presidente cível eleito depois de anos de governo militar e o principal articulador da abertura política tivesse tomado posse, a história do Brasil seria totalmente diferente.’
(3a) ‘Quem admira determinado escritor sempre quer saber o que está por trás das histórias que inventam (sic. 1), porque as inventam (sic. 2) e, afinal, porque vivem (sic. 3) desse ofício não muito questionado (sic. 4), mas, sem darmos conta, tão necessário’.
(3b) Quem admira determinado escritor sempre quer saber o que está atrás das histórias que inventa, porque as inventa e, afinal, porque vive desse ofício não muito valorizado mas, sem darmos conta, tão necessário.
(4a) ‘Ídolo adolescente aos 17, indicado ao Oscar dois anos depois, [Leonardo di Caprio representou] o cadáver congelado mais lucrativo na história do cinema aos 23 (em Titanic) – e fugiu de tudo isso na última década, mergulhando em atuações cada vez mais sombrias e complexas, tornando-se a `musa´ pós-Robert de Niro do diretor Martin Scorsese’ (p. 86).
(4b) Ídolo adolescente aos 17, indicado ao Oscar dois anos depois, representou o cadáver congelado mais lucrativo na história do cinema aos 23 (em Titanic) – e fugiu de tudo isso na última década, mergulhando em atuações cada vez mais sombrias e complexas, tornando-se a ‘musa’ pós-Robert de Niro (…).
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Filósofo, linguista e programador, Florianópolis, SC