Sunday, 17 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Tiago Dória

CONTEÚDO PAGO
Tiago Dória

As pessoas pagam por papel

‘Segundo uma pesquisa da Harris Interactive, feita no Reino Unido, apenas 5% das pessoas entrevistadas pagariam para acessar o seu site de notícias preferido, caso ele começasse a cobrar por acesso ao conteúdo.

O resultado é meio óbvio, pois o estudo foi feito somente com leitores de sites de notícias. Ou seja, pessoas que já estão acostumadas a não pagar pelo acesso.

O interessante da pesquisa é outro detalhe. Caso fosse oferecida uma assinatura grátis da versão impressa do jornal (site de notícias), esse quadro mudaria, 48% pagariam para acessar o site online.

O PaidContent, que publicou o estudo em primeira mão, chega a uma conclusão parecida com um dos pontos centrais do livro Free (Grátis), de Chris Anderson, que comentei na segunda-feira, aqui, no blog. Quando um objeto físico entra na conta final, a nossa percepção sobre custos muda.

Valorizamos mais bens físicos, acreditamos que eles têm um custo natural. Diferente de produtos intangíveis, digitais (blogs, sites de notícias). Acreditamos que conteúdo digital deve ser naturalmente mais barato, pois o seu custo de armazenamento, processamento e distribuição cai a cada ano.

Segundo Chris Anderson, seria como se nós já tivéssemos absorvido naturalmente esse conceito.’

 

CAMPANHA
Tiago Dória

Grito de participação

‘O jornal O Globo é um dos veículos informativos brasileiros que possui uma das mais interessantes campanhas publicitárias. Depois do comercial Informação, que, para mim, foi um dos 5 vídeos que mais marcaram 2008, o jornal destacou o Nós e você. Já são dois gritando.

O vídeo foi feito para o Dois Gritando, projeto focado em potencializar a função social do jornal. É um fórum de debates onde é possível opinar, sugerir, denunciar e interagir com outros leitores a respeito de diversos assuntos, desde um buraco na rua até a questão da pirataria.

Os assuntos mais votados viram temas de reportagens do jornal. Além disso, na página do projeto, diversos problemas e denúncias feitas por leitores são plotadas em um mapa do Rio de Janeiro. O projeto também tem uma hashtag comum no Twitter, #doisgritando.’

 

REGULAÇÃO
Tiago Dória

Internet ‘aberta e imparcial’, debate polarizado

‘Dependendo do andar da carruagem, a última segunda-feira poderá ser considerada histórica para a recente história da internet. A FCC – Federal Communications Commission – , principal agência reguladora das telecomunicações nos EUA (o equivalente à Anatel no Brasil), revelou novas propostas para que os provedores de internet não façam discriminação em relação ao conteúdo na internet.

É uma vitória para os que defendem a questão da ‘neutralidade da internet’. Debate que se arrasta há 6 anos e tem como premissa impedir que provedores de internet bloqueiem ou diminuam a velocidade da conexão em decorrência do tipo de conteúdo que está sendo enviado/baixado ou aplicativo utilizado. As propostas valem somente para os EUA, mas quem sabe podem ter repercussão em futuras decisões regulatórias aqui, no Brasil.

‘Hoje, não podemos imaginar nossas vidas sem a Internet – do mesmo jeito que não conseguimos imaginar a vida sem água encanada e sem a lâmpada’

Disse o presidente da FCC, Julius Genachowski, em discurso que repercute nos principais sites de notícias. Além da não discriminação, Genachowski adicionou ainda a proposta (bem vaga) da transparência, provedores devem ser transparentes na forma como gerenciam as suas redes, sejam elas de acesso sem fio ou não. Praticam traffic shaping? A velocidade entregue é equivalente à anunciada na venda?

As propostas da comissão ainda serão discutidas em uma reunião prevista para outubro. Contudo, somente a sua apresentação já animou os defensores da ‘imparcialidade na rede’. Entre eles, o atual governo dos EUA, que, por meio de Obama, desde a época de campanha se posicionou a favor da ‘neutralidade’, e a Google, que chegou a lançar no começo do ano uma ferramenta para saber se um provedor de internet está praticando traffic shaping ou não.

Outro lado – Provedores reclamam. A FCC, por meio de mais regulamentações, estaria buscando ‘uma solução para um problema que não existe’. Dylan Tweney, em artigo na Wired, lembra que as propostas da FCC acrescentam mais uma camada de influência e burocracia do governo em um mercado que vem inovando de forma livre. As propostas fariam sentido em um mercado com monopólios, com poucas opções, o que não é o caso do acesso à web nos EUA, segundo ele.

A discussão começa a ficar politizada e polarizada, o que pode ajudar a esvaziar o debate e a torná-lo simplista, uma briga entre ‘mocinhos e bandidos’, enquanto a questão envolve vários lados e possíveis consequências a longo prazo. Senadores republicanos já se posicionaram contra as propostas regulatórias de Genachowski, que é do partido democrata.

Nesta segunda-feira, foi inaugurado o Openinternet.gov, voltado a discussão aberta do assunto. E, por coincidência, nesta terça-feira acontece, em todo o mundo, pelo 3º ano, o One Web Day, dedicado ao acesso público à internet e a sua utilização por uma maior transparência política.’

 

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