Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Todos querem ajudar, ninguém quer parar de comprar

Essa semana acontece em Bali, na Indonésia, com a participação de mais de 130 ministros de Estado, mais uma cúpula mundial para discussão das medidas a serem tomadas para amenizar o efeito estufa que está elevando a temperatura do planeta e que, segundo a maioria dos cientistas não-pagos por empresas internacionais para dizerem o contrário, pode ser extremamente perigoso para a raça humana, pois em um futuro breve os níveis dos oceanos vão se elevar, o clima do planeta vai mudar radicalmente, florestas e rios irão desaparecer, uma variedade enorme de espécies animais e vegetais vão se extinguir e, com certeza, muita gente vai embarcar dessa para uma melhor.

A mídia, seja a daqui, do país do carnaval, ou de lá do outro lado do mundo, da terra do Ching Ling, cumpre seu papel de desinformar e/ou de direcionar as mentes mais fracas para o que ela deseja que seja visto e pensado.

Por exemplo: ouve-se muito a mídia falar sobre as mudanças climáticas, mas muito pouco sobre quem são os responsáveis. Quando se fala em lucros para o país, sempre a mídia corre na janela e grita aos quatro ventos os nomes das empresas que mais lucram, mas quando se trata de falar sobre quem está produzindo o aquecimento global ou contribuindo para que as coisas fiquem do mesmo jeito, nomes não são citados. Fica-se naquela generalização que tudo engloba e nada se explica.

O cidadão é quem manda

Mas não é apenas isso. O mais espantoso é que, ao mesmo tempo em que a mídia corre de porta em porta batendo, esperneando e choramingando que o mundo pode acabar, ela sequer tem a coragem de tomar o assunto com a seriedade que merece e avisar o cidadão comum que ele tem um papel fundamental no processo todo.

Talvez ela aja dessa forma para não dar a entender que o cidadão comum, aquele que come pastel na feira, tem um papel fundamental em todas as coisas importantes que existem no mundo e que sua força está diretamente relacionada ao que ele sabe e conhece do mundo real.

Sim, porque se o cidadão soubesse de verdade que ele é quem manda em tudo, inclusive nos preços de todas as coisas, bem que a coisa poderia mudar não é mesmo?

O dinheirinho do consumo

No caso do efeito estufa, a mídia esquece de dizer ao cidadão que o que está acontecendo no mundo é conseqüência, em grande parte, de nossos hábitos de vida e consumo.

Mas quem é que vai dizer ao cidadão que ele deve parar de consumir as porcarias que não precisa de fato? Claro que não será a mídia, que vive exatamente disso, ou seja, das vendas das propagandas das porcarias de que não precisamos de fato para sermos felizes e vivermos em paz.

Quando a mídia quiser de verdade discutir as mudanças climáticas, vai ter então que discutir nossos hábitos de consumo, e aí, como é que ela vai ganhar o seu rico dinheirinho se tiver que dizer às pessoas que elas têm que parar com essa de consumir sem precisar?

É isso aí. Todo mundo quer ajudar, ninguém quer explicar e muito menos parar de comprar.

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Lighting designer, Campinas, SP