A Petrobras veiculará agora em outubro um anúncio comemorativo aos 40 anos da Aberje – Associação Brasileira de Comunicação Empresarial. O título: ‘Todo executivo de comunicação já aprendeu com a Aberje’. E no corpo do anúncio, sobre uma bela foto de um executivo caminhando: ‘A Aberje está completando 40 anos. São quatro décadas de pioneirismo, formando e orientando executivos de comunicação e suas empresas. E a Petrobras, primeira empresa brasileira a ter um departamento de comunicação, esteve junto por todo esse tempo. Aliás, temos tantos profissionais ligados à Aberje que a gente não sabe se parabeniza ou agradece.’
Esta página dupla de revista, aberta diante dos nossos olhos, materializa e reflete o exercício da atividade nos seus 14.600 dias. Foi muito trabalho, acredite. Foram centenas e centenas de eventos de todos os tamanhos; de congressos nacionais e internacionais a pequenas reuniões, em um incessante trabalho de advocacy e de lobby do comunicador e da comunicação empresarial, respectivamente, diante de empresários, membros da academia e da sociedade em geral.
Responsabilidade e sustentabilidade
Prova disso? Há 40 anos ninguém dava a mínima importância para a área. Mas, graças ao trabalho de formiguinha de centenas de profissionais que entenderam a importância de construir uma associação, hoje se pode dizer que ela foi protagonista do campo e da profissão de comunicador organizacional do Brasil, com seus milhares de cursos ministrados por especialistas, acadêmicos, pesquisadores, autoridades, nas inúmeras pesquisas realizadas pelo DatAberje, nosso Instituto de Pesquisa, na dezena de livros editados pela Aberje Editorial, nossa editora, pelo nosso Centro de Memória e Referência, o CMR Aberje, com seu acervo de 40 anos, com os 17 anos da revista Comunicação Empresarial, pioneira no Brasil, entre outros tantos feitos.
O exercício diário de pensar a atividade – de onde viemos, quem somos, o que e como fazemos e qual a importância para os outros daquilo que fazemos – nos possibilitou comprovar nossa existência – especialmente ao longo da década de 1990, período da grande reestruturação produtiva brasileira – na consolidação dos processos de reestruturação patrimonial, nas fusões e aquisições. Também nas inovações de processos e produtos; na consolidação da cultura do respeito ao consumidor e de milhões de empregados de empresas de todo o país; na prática da transparência nos relacionamentos com acionistas, investidores e toda a sociedade. Pode-se dizer também que na comunicação das responsabilidades e da sustentabilidade das empresas neste mundo no qual a legitimidade é tão importante quanto a legalidade e a competência das organizações diante de seus públicos e do mercado.
Democracia e diálogo
Hoje, nesta casa, ninho da comunicação empresarial, nos inquietamos a nos perguntar para qual lado iremos. Ainda não temos a resposta. Mas uma das possibilidades mais quentes passa pela complexidade das operações e relações das organizações com a sociedade no contexto de absoluto respeito ao meio ambiente. Isso vai demandar o entendimento e o trabalho do profissional em questões caracterizadas por enorme transversalidade e interdependência entre práticas e conhecimentos. O profissional de comunicação deverá ter a visão culta da atividade e do mundo, de maneira a estar inserido na definição das políticas organizacionais, que levam em conta os dilemas éticos e estéticos da atividade empresarial de nosso tempo – e cuja complexidade é tratada em documento da ABERJE intitulado ‘A comunicação organizacional frente ao seu tempo’. Além disso, deverá desenvolver uma forte alteridade, esforçando-se para compreender a visão e as razões dos outros, seus públicos, as redes sociais e a sociedade em geral, que podem, muitas vezes, se colocar contra o negócio.
Tendo sempre como propósito de fundo a atitude que reforça o bem supremo da nossa civilização: a democracia e, conseqüentemente, seu irmão gêmeo, o diálogo.
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Jornalista, professor da ECA-USP e diretor-presidente da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje)