Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

TV laica

A influência das religiões na sociedade é evidente, mas curiosamente quase sempre é mostrado apenas ‘o lado bom’, como se não existissem outras verdades e correntes de opiniões. Gostaria que os jornalistas que fazem parte das TVs colocassem os dois lados da moeda, assim como manda o bom jornalismo. Por exemplo, o documentário comandado pelo conceituado biólogo inglês Richard Dawkins, autor do livro Deus um delírio (um best-seller mundial) sobre os males que as religiões causam, fala com clareza sobre fanatismo e os desrespeito aos direitos humanos, sobre as doutrinas e o poder adquirido pelos líderes e suas seitas ao longo de milhares de anos, e como continuam perigosamente a crescer… O fato de deuses serem tratados como uma realidade absoluta, sem evidências cientifica, e o quão irracional é acreditar em algo sem o uso da razão, as conseqüências das religiões no comportamento humano e o perigo que vem atrelado a isso.

É um excelente documentário, laico e independente, assim como deve ser o jornalismo de todas as emissoras com credibilidade. ‘O lado do mal das seitas’ sempre é acobertado ou omitido. A exibição de um documentário como este, uma grande reportagem falando de ateísmo, das religiões sobre um outro ponto de vista, seria uma medida de coragem. Mas esse tema sempre é colocado em segundo plano porque contraria a interesses poderosos.

Será que a mídia sempre será conivente, cúmplice – e, por conseqüência, os seus jornalistas? Acabou a inquisição, mas o medo não? Ou suas crenças superam seu discernimento?

Não importa a fé que você tem ou a falta dela: o importante é ter a liberdade de pensamento e de expressão para passar as informações necessárias para a população adquirir conhecimento, e assim formar um senso crítico capaz de tomar decisões e atitudes mais acertadas.

No caso da TV pública, que recebe dinheiro de um Estado laico, é inaceitável a ‘Santa Missa’ fazer parte da grade de programação (TV Brasil e TV Cultura). Isto fere os princípios que deveriam está no cerne de uma TV independente e plural.

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Foi uma vergonha completa as revistas semanais em suas últimas edições, salvo CartaCapital. Esqueceram, complementamente, do assunto mais quente: a crise bancária internacional. No sábado (15/3), o Globo e a Folha brilharam. O Estadão e o Jornal do Brasil pontificaram paroquialmente. Também, uma vergonha. No domingo (16), os cadernos especiais, nada. Na segunda, o Globo, novamente, foi destaque. Os demais desconheceram a bomba do domingo: a intervenção do FED, desesperadamente, no sistema bancário inadimplente. Estão escondendo o assunto? Estão com medo? Não têm condições de ampliar a discussão do assunto fantástico? Não querem revelar que o sistema capitalista bombado pela especulação financeira pede água? Quais as conseqüências disso para o bolso do contribuinte? Vão continuar acreditando na moeda referência que se esvai em sangue? Os exemplos históricos das crises monetárias, cadê?

O ex-presidente do FED, Alan Greenspan, foi claro: é a pior crise depois da Segunda Guerra Mundial. Nenhuma reportagem decente. Espantoso. A segunda começou quente e os jornais e as revistas, excetuando o Globo, brocharam. (César Fonseca, jornalista, Brasília, DF)

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Eu ouvia, hoje, às 10h, na rádio MEC AM, os comentários do Observatório da Imprensa, quando ocorreu um fato estranho: foi cortado ao meio o comentário de Alberto Dines sobre a inação do Conselho de Comunicação Social, que reforçou a aprovação da MP da TV pública (TV Brasil) sem qualquer tipo de crítica ou avaliação. Não pudemos ouvi-lo na íntegra. Entrou uma chamada publicitária. Não sei se foi apenas uma triste coincidência, mas, como a rádio MEC faz parte da empresa criada nessa pantomima, parece censura. A nova empresa começa, portanto, muito tristemente. Será que vai ser mesmo uma empresa do Estado ou se limitará a um instrumento a serviço dos interesses do governante de plantão, como leva a crer por essa primeira atitude? (Henrique César de Conti, engenheiro, Brasília, DF)

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É no mínimo estranho (ou suspeito) que hoje, 14/3/2008, perto das 10h, o programa Observatório da Imprensa, retransmitido pela MEC FM, no Rio de Janeiro, tenha sido bruscamente interrompido com um ‘acabamos de ouvir …’ bem no meio da fala de Alberto Dines, que criticava o sumiço do Conselho de Comunicação Social do Congresso Nacional durante todo o trâmite que criou a TV Brasil. Isto é ‘só uma falha técnica’ (nem isso foi alegado) ou é a ‘prova dos tais riscos da volta da censura’, tão alardeada por alguns? Para mim, até hoje cedo, o temor da volta da censura era apenas mais um exercício de amantes da teoria da conspiração. Estava eu errado (de novo) com relação aos ‘companheiros’ no poder? A MEC FM nos deve explicações consistentes, desculpas claras e a retransmissão na íntegra do programa de hoje. Libertas quae sera tamem. Vigia sempre. (Claudio D´Ipolitto, professor, Niterói, RJ)

Nota do OI: Prezados leitores, tratou-se de uma falha técnica na transmissão do programa daquele dia.

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Infelizmente não posso ser assíduo do OI por motivo de trabalho, mas sempre que posso bato ponto, gosto muito de vocês. Estou entrando em contato para que me façam entender o que está acontecendo com as propagandas. É impressão minha ou todas estão usando a estética estadunidense da década de 1960? O que é isso? Se estiver enganado e for apenas má vontade minha, por favor me corrijam. Não agüento mais. Até churrasco, da Sadia, não tem nada de churrasco. Gostaria de saber o perfil desses publicitários, idade, referências… Estou muito, muito insatisfeito e não creio que a propaganda seja um reflexo da sociedade, não. (Nei Alves, artista plástico, Aracaju, SE)

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Por que a mídia, ao divulgar as falcatruas cometidas por políticos quando ocupam cargos públicos, e especialmente nessa enxurrada de prefeitos e vereadores que estão traindo os eleitores, não menciona os partidos pelos quais foram eleitos? Nunca vi a divulgação nesses noticiários dos partidos responsáveis por casos que chegam às raias do ridículo. Como o eleitor poderá cobrar dos dirigentes partidários a responsabilidade pela escolha de verdadeiros abutres como candidatos a prefeitos e vereadores para as próximas eleições? Somente a imprensa livre e responsável é o guardião dos direitos do cidadão e do aperfeiçoamento de nossa incipiente democracia. Gostaria de ver em debate esta grave omissão de mídia. (Arnaldo Azevedo Marques, economista aposentado, São Paulo, SP)

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É preocupante a questão da tentativa de poder total que a mídia tenta impor sobre o país. A mídia promove a exposição das pessoas, muitas vezes de forma descomprometida com a verdade, com o intuito de atrair a opinião pública e lucrar com a tiragem no caso dos impressos ou com a audiência, atraindo publicidade e tendo como objetivo final o lucro, no caso das emissoras de televisão. Veiculam informações que difamam os culpados mas também os inocentes, quando submetem suspeitos que em alguns casos são vítimas de estratégias imorais de politiqueiros ou de inescrupulosos de algum setor.

Há que se manter a liberdade de expressão para todos, e não apenas para os que dirigem os veículos de comunicação. Não há liberdade de expressão para todos quando se tem que pagar para falar ou para se calar. Dessa forma, as sanções pecuniárias devem ser mantidas, inclusive com um órgão fiscalizador da imprensa, pois ela não está livre de erros e, sem fiscalização, torna-se um poder sem controle que critica a impunidade mas pratica a impunidade. (José Antonio da Silva Santos, educador, Ocidental, GO)

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Estudante, Capela do Alto Alegre, BA