“Rodolfo foi um filho extremamente amoroso e próximo. Desde pequeno, jogávamos futebol na praia, corríamos na Lagoa, íamos aos jogos no Maracanã. Fez uma carreira brilhante no jornalismo. E absolutamente independente de mim, o que é raro, quando se é filho de um dono de jornal. Vou sentir uma falta imensa dele. Acho que todos vão concordar comigo: era um homem sem inimigos. Ao contrário do pai, o que prova que nem tudo é genética.” (Hélio Fernandes, jornalista, diretor da Tribuna da Imprensa, em O Globo, 28/8/2011)
O jornalista Rodolfo Fernandes, diretor de Redação do jornal O Globo, morreu na tarde deste sábado [27/8], na Clínica São Vicente, na Gávea, Zona Sul do Rio. Rodolfo tinha 49 anos e lutava desde 2009 contra a esclerose lateral amiotrófica (ELA), diagnosticada em julho daquele ano. No estágio final da doença, Rodolfo enfrentava insuficiência respiratória. Mesmo assim, trabalhou incansavelmente até a última quinta-feira na redação do Globo. O velório será realizado no domingo, das 10h às 14h, no Memorial do Carmo, no Caju.
Filho do jornalista Hélio Fernandes, Rodolfo começou a carreira aos 16 anos de idade na Tribuna da Imprensa, onde teve breve passagem. Depois, em Brasília, trabalhou na Última Hora, no Jornal de Brasília, na Folha de S. Paulo e no Jornal do Brasil, onde entrou em 1985.
Em 1989, ele se transferiu para a sucursal do Globo em Brasília, onde foi coordenador de política e chefe de redação até voltar para o Rio, em 1995. Foi editor de Política até 2001, quando virou diretor de Redação.
João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo, emitiu nota sobre o jornalista:
“Eu e meus irmãos sempre vimos no Rodolfo um jornalista de um talento imenso, curioso, competente, criativo, incansável e ético. Essas características ficaram bastante evidentes nos últimos dez anos, quando comandou a redação do Globo, conseguindo manter muito vivo o caráter que sempre marcou o jornal: não perder o espírito carioca, estar absolutamente ligado à cidade e ao estado, mas com uma enorme influência nacional. À parte isso, foi sempre um prazer tê-lo como colaborador, pela pessoa adorável que era: sereno, amigo e bem-humorado. Nos dois últimos anos, apesar das imensas dificuldades que a doença lhe impôs, fez questão absoluta de trabalhar até o último dia. Desse exemplo, e tenho certeza de que falo em nome de todos os colegas do Globo, também não vamos nos esquecer”.
Amante do futebol
Rodolfo deixa a mulher, a economista Maria Silvia Bastos Marques, e dois filhos, Felipe e Letícia, do primeiro casamento, com Sandra Fernandes.
O governador Sérgio Cabral decretou luto oficial de três dias e dará nome a uma escola do estado em homenagem a Rodolfo.
– Rodolfo foi ascendendo na hierarquia do jornal e mantendo sempre a mesma postura, sua serenidade e tranquilidade, a cada cargo com maior poder e prestígio. Sequer alterava a voz e a maneira de falar com as pessoas. Era uma pessoa muito doce, mas também muito respeitada pelos seus colegas, pelos políticos, enfim, uma pessoa que nos deixa absurdamente jovem – declarou o governador.
No domingo [28], o Flamengo – time pelo qual o jornalista era apaixonado – entrará em campo de luto no clássico contra o Vasco às 16h, e fará também um minuto de silêncio.
– O Flamengo perde um ilustre torcedor, amante do futebol e, o jornalismo, um profissional que sempre exerceu a profissão com excelência – lamentou Patrícia Amorim, presidente do clube.
Até o fim
Reproduzido do Globo.com, 27/8/2011; título original “Rodolfo Fernandes, até o fim, apaixonado pelo jornalismo”
“Eu dirijo uma redação com os olhos. E não são os da Elizabeth Taylor”. Ironia fina e poucas palavras certeiras eram o jeito de ele driblar a doença que aos poucos foi tirando os seus movimentos, mas nunca a lucidez e o humor. Ao não conseguir mais falar, era com os olhos que ele acionava o programa de computador, comunicava-se com os editores e continuava trabalhando. Quinta-feira passada [25/8], mais uma vez, cumpriu o ritual de todos os fins de tarde: recebeu os editores executivos em sua sala para decidir a primeira página. É dele a escolha da manchete do jornal de sexta e a do jornal deste domingo, no primeiro clichê.
Rodolfo Fernandes, diretor de Redação do Globo, exerceu até o último dia a sua paixão pelo jornalismo. Morreu no sábado, aos 49 anos, na Clínica São Vicente, dois anos depois de diagnosticada a esclerose lateral amiotrófica, a mesma doença degenerativa que matou ano passado o historiador inglês Tony Judt.
– Você viu quem morreu? O diagnóstico dele foi há dois anos. É a minha doença e já tem um ano – disse, na ocasião, ao falar sobre a doença pela primeira e, praticamente, única vez.
Herdeiro de uma empresa de comunicação, que editava a Tribuna da Imprensa, Rodolfo optou por uma carreira independente do pai, o jornalista Hélio Fernandes. Passou rapidamente como estagiário pela Tribuna, mas foi em Brasília que construiu o início da sua carreira.
– Comecei a fazer estágio na Tribuna e nunca mais saí de redação. E comecei fazendo um pouquinho de cada coisa, buraco de rua, todo tipo de matéria – contou Rodolfo ao projeto Memória da TV Globo.
Elegância e suavidade como marcas registradas
Em Brasília, trabalhou na Última Hora, no Jornal de Brasília, na Folha de S.Paulo e Jornal do Brasil. Apesar de o pai ser um dos maiores críticos das Organizações Globo, Rodolfo consolidou sua carreira de jornalista justamente no Globo, onde chegou à sucursal de Brasília, em 1989. Exerceu a função de repórter, mas logo foi promovido a coordenador de política e, posteriormente, a chefe de Redação da sucursal. Em 1995, assumiu o cargo de editor de “O País”, no Rio. No ano seguinte, se tornou editor-chefe. Em 2001, assumiu o cargo de diretor de Redação.
– O Globo tinha um projeto muito atraente de se transformar no que viria a ser depois o jornal mais influente do país. Então, já tinha mais ou menos, naquela época, a noção de que era uma empresa que estava apostando tudo no conteúdo jornalístico, na credibilidade e na decisão de fazer um grande jornal. Então, tudo isso me atraiu – relembrou Rodolfo, no depoimento ao projeto Memória.
Elegância e suavidade eram a marca registrada de Rodolfo. O mundo estava caindo, era hora de fechar o jornal, mas ele mantinha a calma e jamais gritava. Da sua sala, conversava com as suas fontes em Brasília, com as personalidades da cultura – e ia colecionando notícias e amigos. Tinha enorme sensibilidade para avaliar a notícia e era sempre o mais bem informado de todos na reunião com os editores, todos os dias, às 17h.
Depois da família, a política, o futebol e o Rio eram os grandes amores desse carioca que parava tudo aos sábados de manhã para jogar a sagrada pelada com os amigos no campo de Chico Buarque. Era lateral esquerdo, dizem que dos bons. Mas, como bom jornalista, voltava cheio de pautas deste raro momento em que desligava o celular.
Rodolfo será velado neste domingo [28/8] no Memorial do Carmo, no Caju, das 10h às 14h. Casado com Maria Silvia Bastos Marques, ele deixa dois filhos, Letícia e Felipe – futuros jornalistas –, de seu primeiro casam
REPERCUSSÃO
Jornalistas, autoridades e empresários lamentam a morte de Rodolfo Fernandes
Reproduzido do Globo.com, 27/8/2011
Jornalistas, autoridades e empresários enviaram mensagens de condolências pela morte do jornalista Rodolfo Fernandes , diretor de redação do Globo, que morreu neste sábado, aos 49 anos, na Clínica São Vicente, na Zona Sul do Rio:
** “Eu e meus irmãos sempre vimos no Rodolfo um jornalista de um talento imenso, curioso, competente, criativo, incansável e ético. Essas características ficaram bastante evidentes nos últimos dez anos, quando comandou a redação do Globo, conseguindo manter muito vivo o caráter que sempre marcou o jornal: não perder o espírito carioca, estar absolutamente ligado à cidade e ao estado, mas com uma enorme influência nacional. À parte isso, foi sempre um prazer tê-lo como colaborador, pela pessoa adorável que era: sereno, amigo e bem-humorado. Nos dois últimos anos, apesar das imensas dificuldades que a doença lhe impôs, fez questão absoluta de trabalhar até o último dia. Desse exemplo, e tenho certeza de que falo em nome de todos os colegas do Globo, também não vamos nos esquecer.” – João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo
** “Lamento imensamente a morte de Rodolfo Fernandes, um jornalista tão talentoso e responsável. O jornalismo brasileiro perde um grande colaborador.” – Michel Temer, vice-presidente da República
** “Foi com profunda consternação que recebi a notícia da morte do Rodolfo. Na minha memória, lembro o símbolo romano da coluna partida. Ele que foi um dos grandes talentos da nova geração de jornalistas brasileiros. Marcou a sua presença com talento, capacidade e brilhantismo. Deixa uma grande lacuna. Rodolfo era uma personalidade rara e certamente fará grande falta não somente ao Globo, mas a todo o mundo da comunicação brasileira.” – José Sarney, presidente do Senado
** “Com sua inteligência, seriedade e a busca constante pela notícia completa e bem apurada, Rodolfo Fernandes marcou época no jornalismo brasileiro à frente das mais importantes coberturas da história recente do país. Lamento sua partida tão precoce, mas tenho certeza de que ele deixa seu exemplo às novas gerações de jornalistas brasileiros.” – Helena Chagas, ministra da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República
** “Rodolfo era um príncipe. No jornalismo e na amizade. Leal, veraz e perspicaz, dava gosto vê-lo comandando a Redação, do mesmo modo como era prazeroso estar com ele em um bar ou num jantar de amigos. Manteve a discreta ironia, o charme e o humor até o fim. Não faz tanto tempo, ainda recebi e-mails escritos a golpes de olhar com o mesmo espírito alegre com que o conheci há 25 anos. Deixa saudades e um vazio imenso.” – Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente da República
** “Rodolfo foi ascendendo na hierarquia do jornal e mantendo sempre a mesma postura, sua serenidade e tranquilidade, a cada cargo com maior poder e prestígio. Sequer alterava a voz e a maneira de falar com as pessoas. Era uma pessoa muito doce, mas também muito respeitada pelos seus colegas, pelos políticos, enfim, uma pessoa que nos deixa absurdamente jovem.” – Sérgio Cabral, governador do Estado do Rio de Janeiro
** “Hoje foi-se um bom amigo e uma grande figura humana. Rodolfo era um homem inteligente, leve e agradável. Era um privilégio desfrutar de sua amizade. Foi um profissional exemplar, um grande jornalista. Soube como ninguém formar e dirigir uma das melhores equipes do jornalismo brasileiro. Vamos todos sentir muito a sua falta.” – José Serra, ex-governador de São Paulo
“Fibra redobrada”
** “Acho que o Rodolfo era um caso fantástico de jornalista, com uma sensibilidade enorme e uma capacidade de cobrança também enorme. Fui por diversas vezes muito cobrado, isso nunca diminuiu minha admiração e respeito por ele. Apesar de dirigir a redação de um jornal nacional, o viés carioca do Globo tem muito a ver com a enorme paixão que ele tinha pela cidade.” – Eduardo Paes, prefeito da cidade do Rio de Janeiro
** “Foi um dos mais talentosos jornalistas de sua geração. Tinha uma impressionante capacidade de compreender e pensar o país. No convívio pessoal, também era uma pessoa extraordinária. Fará uma enorme falta.” – Aécio Neves, senador (PSDB-MG)
** “Gostaria de expressar meu profundo pesar pela perda do brilhante profissional Rodolfo Fernandes. Tive o privilégio de conviver com ele e o reputo um homem digno, um exemplo do profissional competente, talentoso e íntegro, que nos legou inúmeras lições e que foi capaz de resistir na trincheira jornalística até seus últimos dias de vida.” – Jorge Viana, senador (PT-AC)
** “Hoje o jornalismo brasileiro perdeu um grande homem: Rodolfo Fernandes, diretor de redação do jornal O Globo. Filho de jornalista, trazia na veia o espírito de repórter, tendo atuado em diversos jornais do país. É com tristeza que recebi hoje a notícia de seu falecimento, ainda jovem. Com certeza seu profissionalismo e experiência farão falta.” – Marco Maia, deputado e presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS)
** “O Brasil e o Rio perdem um grande jornalista. Inteligente, perspicaz, com uma capacidade de síntese fantástica. Sabia administrar o fato e a notícia. É uma perda muito grande para o jornalismo brasileiro e, sendo senador pelo Rio, digo que ele fará também uma falta grande ao nosso estado. Sempre foi um defensor do Rio, sempre compreendeu muito bem os problemas do estado do Rio.” – Francisco Dornelles (PP-RJ), senador e presidente nacional do partido
** “Era uma das melhores cabeças dessa geração. É uma perda para o jornalismo. Um defensor da coisa moderna. Responsabilidade social e desenvolvimento sustentável, tudo muito presente no Rodolfo Fernandes. O Brasil perde uma das melhores cabeças da minha geração.” – Lindbergh Farias, senador (PT-RJ)
** “Estão de luto O Globo, o jornalismo e a sociedade do Rio de Janeiro. Acima de tudo, era um homem de muita inteligência e que prezava a diversidade de opiniões, o debate e as boas ideias. Sua vigilância e cuidado pelo Rio eram conhecidos, assim como a alta estima dos amigos por ele. Essa conduta ele soube imprimir muito bem nas páginas do jornal durante todo o tempo sob seu comando. Que levemos em conta seu exemplo na tentativa de construir uma sociedade melhor.” – Eduardo Eugenio Gouvêa Vieira, presidente da Firjan
** “Ele sempre promoveu um jornalismo baseado na isenção, aquele que a gente elogia e gosta. Crítica onde tinha que criticar. O jornalismo correto é o que aborda todos os lados, pela isenção. É um retrato dele. Nós almoçávamos duas vezes por ano, com a diretoria do Globo, para mostrar nossos projetos, e ele sempre foi um entusiasta.” – Eike Batista, empresário
** “Rodolfo detinha uma rara combinação de qualidades: educação no trato pessoal, tino para situar notícia no contexto relevante, habilidade no liderar equipes, compromisso inabalável com uma imprensa livre e independente. Fará muita falta. Outros melhor do que eu falarão sobre sentimentos de perda, dor e desencanto com o sofrimento que marcou o capítulo final de sua vida e darão testemunho de sua exemplar coragem.” – Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda
** “O Brasil perde um grande jornalista. Uma pessoa equilibrada, exigente, de bom senso, e que foi, nesse final tão difícil, um exemplo de dignidade e um verdadeiro herói. O Brasil perde. Ele foi um profissional brilhante e ético, um verdadeiro líder, que soube sempre dar o exemplo.” – Arminio Fraga, ex-presidente do Banco Central (BC)
** “A morte inevitável para todos lhe foi anunciada com prazo certo para chegar. Não o intimidou. Parece que nesse breve tempo nasceu outra vida, com fibra redobrada. Também parece que percebeu o fim próximo. Na última semana, aumentou o ritmo dos e-mails, como que numa despedida. As lágrimas são poucas para lhe agradecer o convívio e a lição. No exercício do jornalismo, era de uma impessoalidade muito rigorosa e exemplar.” – Miro Teixeira, deputado federal (PDT-RJ)
“Um grande cara”
** “A Associação Nacional de Jornais se solidariza com a família de Rodolfo e com todos do Globo. Jornalista de imenso talento, ele foi exemplo para sua geração.” – Judith Brito, presidente da Associação Nacional dos Jornais (ANJ)
** “Essa é uma perda muito grave para o jornalismo porque Rodolfo era um profissional muito talentoso, ascendeu muito cedo a postos destacados, como é o caso da direção de jornalismo e de Redação do Globo. Do ponto de vista pessoal, era um ser adorável, que merecia estima e alta consideração pelas suas virtudes. É com extremo pesar que a comunidade jornalística recebe essa notícia. É realmente doloroso sabe que ele se foi tão cedo.” – Maurício Azêdo,presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)
** “O Rodolfo é a maior referência jornalística que eu tenho. Eu costumava dizer que o Rodolfo era minha fonte, sempre recorria a ele. Apesar de sermos de mídias diferentes, a gente se encontrava muito. Eu discutia mais com ele as coisas que ia fazer na carreira, no trabalho. É uma das pessoas que mais sabem da minha vida. E a gente tinha uma predileção por jogar bola: jogávamos em Brasília, no Rio, nos times que o Chico (Buarque) montava.” – Heraldo Pereira, repórter, comentarista de política e apresentador da TV Globo
** “Rodolfo foi um jornalista íntegro e integral, um cidadão exemplo de seu tempo, um amigo insuperável. Nos 18 anos de convivência profissional no Globo, com ele aprendi muito. Mas tive também nele um amigo de todas as horas, sempre leve e sempre atento ao que se passava com todos à sua volta. Além do legado profissional, ele nos deixa este exemplo de luta pela vida com altivez, até à ultima hora.” – Tereza Cruvinel, presidente da Empresa Brasil de Comunicação (EBC)
** “A maior característica do Rodolfo era a leveza, o bom humor com que ele lidava com qualquer situação. Até nas mais dramáticas, ele sabia aliviar a tensão.” – Sílvia Faria, diretora de Jornalismo da TV Globo em Brasília e que trabalhou com Rodolfo no jornal Folha de S.Paulo e no Globo, nas décadas de 1980 e 1990
** “O Rodolfo cobria o Planalto, muito novo, e era considerado um prodígio no jornalismo. Tinha um diferencial, porque fazia as matérias sempre com mais sensibilidade, mais gostosas de ler. Era muito talentoso, um grande jornalista, tanto que terminou como um grande jornalista, na direção do Globo.” – João Domingos, repórter do jornal O Estado de S. Paulo
** “O Comitê Olímpico Brasileiro e o Comitê Organizador Rio 2016 lamentam produndamente o falecimento de Rodolfo Fernandes. O jornalismo brasileiro perde um de seus maiores expoentes, que durante sua vida contribuiu de forma decisiva pela defesa das instituições democráticas.” – Carlos Arthur Nuzman, presidente do Comitê Olímpico Brasileiro (COB)
** “O Flamengo perde um ilustre torcedor, amante do futebol, e o jornalismo, um profissional que sempre exerceu a profissão com excelência.” – Patrícia Amorim, presidente do Flamengo
** “Perdemos um grande torcedor, sócio, um rubro-negro legítimo, e, por isso, o clube vai prestar todas as homenagens que ele merece. Como somos da mesma geração, vivemos juntos todas as alegrias com o Flamengo nos últimos anos. Eu era amigo pessoal dele e da família. Perdemos uma grande figura humana.” – Luiz Augusto Veloso, diretor de futebol do Flamengo
** “Construímos um relacionamento muito saudável e honesto entre 2003 e 2006, período em que estive na seleção brasileira. Ele passou a nos acompanhar, viajou muito conosco e pôde entender como funcionava o futebol nos bastidores. Lamento muito a perda. Pessoas como ele fazem muita falta. Por toda sua história profissional, ele deixa um grande legado para o jornalismo.” – Carlos Alberto Parreira, técnico
** “Conheci poucas pessoas com uma aura como a de Rodolfo. Sempre alegre, educado, gentil e, ao mesmo tempo, sempre muito rigoroso com a responsabilidade do jornalista. Ficamos amigos durante a Constituinte, em Brasília, quando fui deputado, em 1986, mas eu já o conhecia antes, do Rio. Na campanha das Diretas, lembro-me dele, muito mocinho, ao lado do doutor Tancredo (Neves). Estou muito triste.” – Roberto D’Ávila, jornalista e apresentador
** “Foi um dos chefes mais justos com quem já trabalhei. Nos dez anos em que fui editor do Segundo Caderno, sempre que ficava na dúvida em como tratar determinado assunto, perceber que lado tinha razão, questões éticas, problemas de relacionamento entre os repórteres, o melhor era sempre consultar o Rodolfo. Ele nunca errava.” – Artur Xexéo, colunista do Globo
** “Senti muito a notícia. Tivemos um contato mais estreito na Copa do Mundo da Alemanha, e foi um convívio espetacular. O estilo de chefia dele era mais de um companheiro que de um chefe, sempre discreto, calmo, uma pessoa admirável em todos os sentidos.” – Luís Fernando Veríssimo, colunista do Globo
** “Sempre falei que não queria escrever em jornal grande. Quando, afinal, procurei reunir motivos para me convencer a aceitar o convite do Globo, poder atender a um desejo de Rodolfo pesou muito. Ele era um grande cara. Sinto saudades das vezes em que conversei com ele. Rodolfo comandou esse grande jornal com firme equilíbrio e com o brilho que seu histórico exigia.” – Caetano Veloso, cantor e colunista do Globo
RODOLFO FERNANDES (1962-2011)
Morre o jornalista Rodolfo Fernandes, diretor de O Globo
Sergio Torres # reproduzido do Estado de S.Paulo, 28/8/2011
O jornalista Rodolfo Fernandes morreu neste sábado, 27, na Clínica São Vicente, na zona sul do Rio, aos 49 anos. Ele sofria de esclerose lateral amiotrófica (ELA), doença neurológica fatal que provoca lesões musculares progressivas. Era o diretor de redação e o editor responsável do jornal O Globo.
Apesar da gravidade da doença, que o acometia havia pelo menos dois anos, a morte de Rodolfo pegou de surpresa os parentes e os colegas do diário carioca. Ele trabalhara na redação na quinta-feira passada.
Filho do jornalista Hélio Fernandes, de 90 anos, Rodolfo deixa os filhos Letícia e Felipe, do primeiro casamento, com Sandra Fernandes. Era casado com Maria Sílvia Bastos Marques, ex-executiva do Banco Icatu, ex-secretária de Fazenda da cidade do Rio de Janeiro e presidente da Empresa Olímpica Municipal, recém-criada pela prefeitura com a função de coordenar os projetos para os Jogos Olímpicos a serem disputados no Rio em 2016.
Aos 16 anos, ainda estudante, Rodolfo Fernandes decidiu seguir a carreira do pai e do tio, Millôr Fernandes, de 88, também escritor e dramaturgo. Ingressou na Tribuna da Imprensa, o combativo jornal de Hélio Fernandes, como estagiário e repórter.
Mais tarde, transferiu-se para Brasília, onde se destacou, como repórter, na cobertura da transição do regime militar para o civil no Jornal do Brasil, Jornal de Brasília, Última Hora e Folha de S. Paulo. Na capital, foi jornalista atuante no acompanhamento do cotidiano da Presidência da República, dos ministérios e do Congresso Nacional.
Rodolfo Fernandes trabalhava em O Globo havia 22 anos. Inicialmente, na Sucursal de Brasília, onde exerceu as funções de coordenador de política e, posteriormente, de chefe de redação. De volta ao Rio em 2000, assumiu o comando da editoria de Política. No ano seguinte, tornou-se diretor da redação.
Luto
Ao ser informado da morte do jornalista, o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) decretou luto oficial de três dias no Estado. De acordo com a assessoria de imprensa do governo, Cabral Filho prometeu, em breve, dar o nome de Rodolfo Fernandes a uma escola da rede estadual de ensino.
O diagnóstico de que contraíra a esclerose lateral amiotrófica foi dado a Rodolfo em julho de 2009. Embora consciente da dificuldade de sucesso no tratamento médico, o jornalista não desistiu de trabalhar. Continuou indo à redação de O Globo diariamente.
Nem a família nem a empresa que edita O Globo informaram quando Rodolfo fora internado na Clínica São Vicente. Divulgou-se apenas que ele, nos últimos dias, desenvolvera um quadro de insuficiência respiratório. Até as 18h30 não havia informações sobre horário e local do sepultamento.
Rodolfo Fernandes torcia pelo Flamengo, que deverá homenageá-lo hoje antes do clássico contra o Vasco, pelo Campeonato Brasileiro.
RODOLFO FERNANDES (1962-2011)
Morre diretor de Redação do Globo, Rodolfo Fernandes, 49
Reproduzido da Folha de S.Paulo, 28/8/2011
Morreu ontem [27/8], aos 49, no Rio, o jornalista Rodolfo Fernandes, diretor de Redação do jornal O Globo.
Ele sofreu insuficiência respiratória em decorrência de ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica), doença diagnosticada em julho de 2009.
Rodolfo assumiu a direção de O Globo em 2001.
No jornal desde 1989, já havia sido editor de Primeira Página e de Política e diretor da Sucursal de Brasília.
Filho do jornalista Hélio Fernandes e sobrinho de Millôr Fernandes, começou na carreira aos 16 na Tribuna da Imprensa.
Depois, em Brasília, passou por Última Hora, Jornal de Brasília, Folha e Jornal do Brasil antes de se transferir para O Globo.
Ainda não há definição oficial sobre sua sucessão.
Era casado com a economista Maria Silvia Bastos Marques, presidente da Empresa Olímpica Municipal e ex-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional.
Deixa os filhos Felipe e Letícia, do primeiro casamento, com Sandra Fernandes.
Rodolfo tinha ainda quatro irmãos, dois atuantes no jornalismo: Ana Carolina Fernandes, fotógrafa, e Hélio Fernandes Filho, editor da Tribuna da Imprensa.
De estilo discreto e temperamento suave, Rodolfo não deixou de frequentar a redação, apesar da doença.
Usava um computador adaptado para continuar enviando e-mails com orientações aos editores.
Em nota, a ministra Helena Chagas (Comunicação Social) lamentou a morte. O governador Sérgio Cabral decretou luto de três dias.
A ANJ (Associação Nacional de Jornais) também lamentou. O Flamengo, seu time, entrará de luto, hoje, no clássico contra o Vasco.
O velório será realizado no domingo, das 10h às 14h, no Memorial do Carmo, no Caju. O corpo será cremado.