Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Um certo tom de reprovação

O pecado do excesso? Em todos os telejornais observo o tom de reprovação à atitude da presidenta filipina, pela retirada das tropas do Iraque em troca da vida do refém. Parece que o medo advém da possível intensificação dos seqüestros de estrangeiros e aliados – os quais, creio, continuarão, com mais esta cabeça rolando ou não.

Tenho uma dúvida a respeito disso. Se a ação estadunidense foi precipitada e até hoje não comprovada a ligação de Saddam com terroristas ou com a produção de armas nucleares etc., por que os países aliados devem insistir em permanecer no Iraque e ceder mais vidas, que deveriam ser garantidas pelas tropas militares americanas e pelo governo iraquiano? Afinal, não é estranho que tantas pessoas sejam seqüestradas a serviço justamente deles?

Muito confuso

Os atos terroristas são horrendos, mas, de igual tamanho não é a morte de tantos civis inocentes e soldados ‘por má causa’, sabendo-se que, muito dificilmente, se chegará à conclusão de que Saddam tinha a ver com o 11 de Setembro?

Aliás, não chega a ser contraditória a posição da imprensa que, até então, buscou tratar o caso com certa imparcialidade, mostrando as atrocidades de Saddam, mas também a falta de provas concretas que justificassem o sacrifício de vidas humanas em ambos os lados, o próprio posicionamento da ONU no tocante à invasão e ao terrorismo? Será que o temor de ser acusada de promover ‘incentivo ao terror’ faz a imprensa parecer estar a favor, agora, deste processo infindável de erros dos EUA?

Qual seria a melhor postura da imprensa? Dar a entender que é um erro ceder à chantagem terrorista, mesmo que nas entrelinhas gente que deveria estar sendo protegida pelos novos controladores, ou até voltando para casa, não o é? Para quem está do lado de cá da telinha falta um esclarecimento a respeito pois, tudo fica muito confuso.

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Observadora, São Paulo