Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Um dos piores atendimentos do país

Afinal, jornalismo tem ética? Claro! Tudo tem ética dentro da própria moral…

Alguns dizem que a ética jornalística impede que se divulgue o nome de pessoas ou de empresas quando é preciso denunciar o abuso de poder. Então somos obrigados, por conta deste moralismo impressionista, a ler nas entrelinhas, tentando entender o que nos parece inexplicável? Será que tudo o que o jornalismo tem feito é manter a perplexidade das pessoas em torno de assuntos que deveriam ser refletidos, aprofundados?

Em filosofia, a perplexidade é a primeira fase para a compreensão. No jornalismo manter a perplexidade é sustentar a audiência , prender o leitor é o objetivo final e, portanto, não existem outras fases, basta manter todos simplesmente embasbacados, inertes, perplexos.

Graças a Deus, não sou jornalista porque é grande a responsabilidade de fazer o bom jornalismo e também é obra para poucos. Contudo, como dirigente de uma entidade da sociedade civil organizada, minha ética está pautada pelo compromisso com o direito do povo brasileiro. Por isso não tenho papas na língua, nem teia nos dedos e digito como um soldado que atira de modo certeiro, buscando o alvo, disparando palavras contra o inimigo que insiste em trair a confiança e a boa fé da nossa sociedade. O caso que vou contar é pessoal, mas estou certo que é também de muitos outros, portanto não pouparei palavras para chegar ao fundo da questão.

‘Poderia repetir? Eu não escutei’

A veemência que falta a certos jornalistas, que têm o rabo preso, me sobra. Como dizia o meu avô: a guerra foi feita para homens, crianças ficam em casa! Por isso eu digo e assino embaixo:

Um dos piores atendimentos do Brasil é o da Telefonica. Falo como cliente que sou há mais de 25 anos. Desde a época em que já não funcionava, até hoje, quando, como num pesadelo, conseguiu ficar ainda pior.

Eu tenho registrado no setor de atendimento dessa empresa sete protocolos de atendimento. Quem já tentou reclamar algo com a Telefonica sabe do que estou falando. Sete números que não querem dizer absolutamente nada para eles porque toda a vez que preciso reclamar sobre a mesma coisa, o atendente pede as mesmas informações, as mesmas que já informei à maquina, que, de tão avançada ainda diz:

‘Poderia repetir? Eu não escutei.’ Eu não escutei?… Ora, faça o favor!

Visitas técnicas esgotadas

Sete vezes a mesma tortura, que me tomou tempo e estragou o dia, vários dias, apenas para exercer o direito de cancelar um produto que nem mesmo cheguei a utilizar e que me foi sugerido para resolver um problema técnico, vejam vocês, da própria Telefonica.

Depois que resolveram o tal problema técnico, simplesmente fiquei com dois produtos, um sem uso e outro capenga porque bem mesmo, em se tratando da Telefonica, só funciona o que foi inventado por Graham Bell, visto que a tecnologia que veio a seguir, banda larga, televisão etc… só para a elite da cidade, que usa fibra ótica e tem acesso a esses recursos na velocidade da luz.

E os coitados da periferia? … São motivo de chacota até para os técnicos que vêm realizar atendimento de manutenção. O meu problema era tão absurdo que o técnico que conseguiu resolver me trouxe o cabo todo emendado do poste na rua para eu ver por que não funcionava… Tentando segurar o riso incontido e balançando a cabeça em sinal de reprovação pelo ‘trabalho’ que algum colega fez naquele fio, o técnico dizia que não entendia como eu conseguia falar, quanto mais navegar na internet…

Pois bem, mas foi antes disto, quando eu já havia esgotado o número de visitas técnicas e que eles estavam dando a linha por perdida, que me sugeriram mudar de terminal e solicitar um novo serviço de internet porque, segundo os testes, a outra linha que possuo estava perfeita.

Temos muito que aprender

Pois é, exatamente depois que eu havia solicitado o serviço, o risonho técnico apareceu e resolveu o problema. O que mais eu deveria fazer, senão pedir para cancelar o serviço que eu acabara solicitar, não é mesmo?

E quem disse que alguém consegue cancelar um serviço da Telefonica? Repare bem: foram sete protocolos, além de várias tentativas junto ao ouvidor da empresa e, para completar, um protocolo na Anatel. Enquanto isso, a minha conta de telefone, que era econômica e não passava de R$ 30,00, já está em R$ 500,00 em quatro meses e ninguém na Telefonica fez absolutamente nada, embora todos os protocolos fossem para pedir, exatamente providências para resolver o caso.

Outro dia assisti a uma entrevistada no Programa do Jô Soares falando sobre outro assunto e a entrevistada mencionou: ‘Isto está mais difícil do que cancelar o speedy da Telefônica. Estou há seis meses tentando e não consigo.’

Em rede nacional, ela tentou o desabafo, mas infelizmente, não sei se porque a Telefonica é patrocinadora do programa ou o quê, o Jô fingiu que não ouviu e continuou o papo furado…

Tem sido sempre assim, a notícia não é tratada com profundidade porque o jornalista, que acha que entende muito de público e tem o timing, acredita que fazer recortes superficiais dos acontecimentos resolve o problema.

Como sempre, ainda temos muito que aprender… Minha esperança é que a gente boa que existe no jornalismo esteja acordada para ler este meu pedido de socorro… Mais uma vez!

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Pedagogo e presidente do Prosedis, São Paulo, SP