Existe um lugar em que toda a polêmica furiosa, malsã, sobre a vinda de médicos para trabalhar no Brasil é olimpicamente desconhecida: Cuba. Ou melhor, a imprensa cubana. Ou melhor, o Granma, que, como sabe o leitor, tão versado em assuntos de comunicação de regimes revolucionários, é o “órgão oficial do Comitê Central do Partido Comunista de Cuba”.
O Granma não tocou no assunto até 23 de agosto, quando publicou um comunicado oficial do Ministério da Saúde Pública cubano sob o título “Prestarán servicios en Brasil médicos cubanos”.
Três dias depois, em material jornalístico proveniente de Brasília, o periódico aborda inicialmente em tom sóbrio a épica jornada, sob o título “Ministro brasileño de salud agradece presencia de médicos cubanos”.
Gesta triunfal
Mas o cidadão cubano desapontado com a frieza do relato logo é obsequiado com o colorido triunfal jamais sonegado pelos dirigentes à orgulhosa população: “Brasileños dan calurosa bienvenida a médicos cubanos”.
O perspicaz repórter captou a cena em sua dimensão mais exultante:
“Brasília – Brasileños ofrecieron un caluroso y fraternal recibimiento al primer grupo de 206 médicos cubanos que llegaron el sábado para prestar servicios en municípios de la región del norte y noreste del país.
‘Cubanos, amigos, Brasil está contigo’, gritaron jóvenes que se concentraron en la terminal aérea internacional de esta capital para saludar a los galenos, que salieron con sus batas blancas”.
Só isso? Não, insaciável leitor. Na terça-feira (27/8), o noticiário ganhava tom poético: “Médicos cubanos ofrecen servicios por solidaridad y amor a la vida”. Fofos. Mas não foram os médicos que o disseram, foi a vice-ministra da Saúde da ilha, Marcia Cobas.
Não se leu no jornal nem uma palavra sobre o furdunço criado no Brasil devido à vinda dos médicos. Fala sério. Para que aborrecer o povo cubano com essas minudências?
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