Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Uma operação de US$ 315 milhões

Em sua primeira grande aquisição desde a ruptura com a Time Warner, a AOL (America On Line), que no passado dominou a internet nos Estados Unidos, anunciou a compra do site de notícias Huffington Post por US$ 315 milhões. Além de consolidar o portal como um agregador de informações, a ação visa a recolocar a empresa entre os gigantes do setor ao lado de Google, Microsoft e Facebook.


Segundo o acordo, a influente jornalista Arianna Huffington, considerada uma das mais respeitadas dos EUA e fundadora do site com o seu nome, será a editora-chefe e presidente do Huffington Post Media Group, que unificará todo o conteúdo jornalístico da AOL com o do Huffington Post. A iniciativa para a compra partiu do CEO da AOL, Tim Armstrong, que deixou o Google para assumir a empresa dois anos atrás. Com a queda nas assinaturas para a conexão à internet, o executivo decidiu focar o crescimento da AOL na área de notícias.


O portal da AOL divulga notícias que variam de fofoca a dados do mercado financeiro, além de informações locais de 800 cidades americanas. Agora, todos estes sites estarão sob a bandeira Huffington Post, que levará seus jornalistas para cobrirem acima de tudo os acontecimentos políticos.


Um dos problemas da AOL no jornalismo era a falta de uma marca. Armstrong afirma que foi por isso que buscou a credibilidade do Huffington Post. Fundado em 2005, o site atrai 25 milhões de visitantes por mês. O novo grupo, incluindo os sites da AOL, possui 270 milhões de visitantes únicos mensais ao redor do mundo. O Huffington Post também se destaca pelo uso de novas mídias, como o Twitter e o Facebook, para difundir o seu conteúdo.


Audiência global


‘Ao combinarmos os sites do HuffPost com a rede de sites da AOL, sua emergente iniciativa em vídeo, focos em notícias locais e ampliação para mercados internacionais, sabemos que estamos criando uma companhia que pode ter um enorme impacto, atingindo uma audiência global em todas as plataformas imagináveis’, disse Arianna Huffington em post publicado no seu blog, um dos mais lidos dos Estados Unidos e considerado obrigatório para autoridades de Washington.


‘Acredito que esta será uma situação em que um mais um é igual a 11’, disse Armstrong em entrevista coletiva. Um dos desafios da AOL, segundo analistas, será usar a popularidade de Arianna Huffington sem que a ideologia dela – ligada ao Partido Democrata –, torne o conteúdo jornalístico tendencioso. Apesar de respeitado, tendo publicado textos inéditos até mesmo do presidente Barack Obama, o Huffington Post é duramente criticado pela audiência mais conservadora dos EUA, que é um dos focos da AOL. Tentando acalmar os investidores, Arianna Huffington disse ontem que suas posições políticas não afetarão a forma de conduzir o novo grupo de mídia da AOL.


Na negociação, Arianna e seus sócios no site receberão US$ 300 milhões em dinheiro e o restante em ações da AOL. O Huffington Post é uma empresa de capital fechado, sem acionistas. As ações da AOL tiveram uma leve alta ontem depois do anúncio da compra.


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Gigante da internet se volta para o conteúdo


A compra do site de notícias Huffington Post, uma das mais respeitadas publicações online do mundo, representa mais um passo dentro da estratégia da gigante da internet AOL de mudar o direcionamento de seu negócio do acesso à web para a produção e distribuição de conteúdos. A empresa é hoje considerada por analistas como uma ‘máquina de informações’.


Hoje separada do Grupo Time Warner, depois de um ‘casamento’ de nove anos, a empresa é proprietária de uma série de marcas respeitadas no mundo digital, como Mapquest (serviço de navegação), Politics Daily (publicação sobre política), Pop Eater (site sobre cultura pop), Moviefone (notícias sobre filmes e reservas de ingressos) e o portal de tecnologia TechCrunch. Outra aposta é o Patch.com, uma rede de notícias ‘ultralocais’ que cobre dezenas de comunidade nos Estados Unidos. Para analistas, o Huffington Post vai levar a briga para outro nível, com a AOL disputando público com concorrentes como o New York Times e o Washington Post.


A seu favor, a AOL tem um número considerável de leitores em seus sites: todos os meses, eles reúnem 117 milhões de usuários únicos nos Estados Unidos, número que sobe a 270 milhões no mundo.


No entanto, a aposta no conteúdo ainda não foi suficiente para compensar a redução do faturamento no acesso à internet. No quarto trimestre de 2010, a receita da empresa caiu 26%, para US$ 596 milhões, enquanto a venda de publicidade teve queda de 29%, para US$ 332 milhões.


Direcionamento


O objetivo da AOL é associar o Huffington Post aos demais sites de notícias que a nova proprietária já possui. Entre os possíveis ganhos estão o reforço da cobertura local nos Estados Unidos, graças ao Patch. Outra possibilidade é o enriquecimento da oferta de mídias – a AOL tem estúdios de vídeo em Los Angeles e Nova York.


Arianna Huffington, fundadora do Huffington Post, informou que a negociação com a AOL foi rápida e objetiva. Ela disse ter recebido um e-mail solicitando uma reunião no mês passado. Almoçou com Tim Armstrong, CEO da AOL, no dia seguinte. O negócio foi selado no último fim de semana, durante o Super Bowl (evento esportivo americano), no segundo encontro entre eles.