Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Universidade e polícia

É lição do jornalismo buscar, sempre que possível, o simples para que ao dever de bem informar corresponda, do lado de lá (leitor, ouvinte, telespectador), o direito de bem entender e bem compreender (intelligere). Quando a confusão se instala, difícil é saber “quem tem razão”. E o primeiro passo para sabê-lo é investigar “qual a razão”, já que na era das incertezas conceitos vão se adaptando aos momentos e se deturpando com os tempos.

Redefinir conceitos é necessário quando instituições fraquejam, quando valores perdem valores. Voltar ao conceito, à raiz, à razão de ser, é bom exercício para o bom jornalismo que não quer ser nem condenatório nem marqueteiro de emoções das partes envolvidas.

O que é a Universidade? Para que serve a Universidade?

O que é a Polícia? Para que serve a Polícia?

O que é a Sociedade? Por que ela mantém a Universidade e para que ela paga a Polícia?

Confissão de preguiça mental

Não trago respostas; deixo as perguntas, uma conceitual, outra utilitária. Reflexões sobre o que é (ou deva ser) e a raison d’être de cada instituição podem ajudar a clarear a questão.

Acho que polícia não tem nada a ver com Universidade. Sem demérito ou preconceito, policial não combina com estudante e professor. E imagino, olhando para prioridades, que a polícia deva ter mais o que fazer.

Olhando pelo retrovisor, toda vez que a polícia entrou no ambiente universitário a coisa acabou mal. Chamar a polícia, então, para tratar de questões morais e comportamentais, é abdicar do papel mesmo da Universidade. Além de um risco, é confissão de preguiça mental que não se deve esperar de educadores.

Imaginem um pregador convidar a polícia para vigiar seus fiéis.

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[Eduardo Simbalista é jornalista]