Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Vamos rever nossos conceitos

O desenvolvimento sustentável (DS) tem várias facetas. A ecológica, a cultural e a social são apenas as mais difundidas entre veículos especializados. No restante da mídia, desenvolvimento sustentável é quase sinônimo de preservação ecológica e assistencialismo.

As pautas que recebem espaço nos periódicos são, na maioria das vezes, sobre ações pontuais. Doação disso ou daquilo, plantação de árvore, recolhimento de lixo e por aí vai. Se refletirmos um pouco sobre a definição do termo (conjunto de transformações econômicas, sociais, ambientais e políticas capazes de levar um país ou uma região a superar a privação e a ignorância, elevando os níveis de capacidade econômica, bem-estar social e participação democrática da população), veremos que os jornalistas estão muito longe de colaborar para a implantação de uma cultura de desenvolvimento sustentável.

Na última semana, centenas de profissionais se debruçaram sobre o tema no II Fórum Internacional de Comunicação e Sustentabilidade. Como um dos princípios do DS é incluir, nenhuma fórmula foi apresentada. Os nomes que brilharam no evento apenas refletiram sobre a atualidade relacionada ao conceito e sobre o grande desafio que nós, comunicadores, temos.

Formas de agir e pensar

Como levar as pessoas a pensarem na ‘teia’ relacionada a suas ações e incentivar boas atitudes considerando que o senso comum das redações está contaminado por conceitos que não condizem com o DS. Manchete boa é uma boa desgraça. Notícia de ontem não vende jornal. Por traz de uma boa ação, há sempre uma má intenção. Prioridade é o que interessa ao leitor, não o que é de interesse da sociedade. Essas são algumas das verdades que enfrentamos.

Revoluções na forma de agir e pensar estão acontecendo. Podemos aproveitar e rever nossa forma de trabalhar. Quem sabe, criar uma forma de comunicar que não venha em uma fôrma. Empresas capitalistas não buscam mais só o acúmulo de capital. Acadêmicos não querem mais ser a única voz, querem ouvir os menos graduados. Se eles podem abrir mão de conceitos que prevaleceram durante décadas, nós podemos também.

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Jornalista, Campinas, SP