Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Veja

RENANGATE
André Petry

O dicionário de Renan

‘No universo de lobistas, bois e notas frias em que afunda, o senador Renan Calheiros insiste em manter-se na presidência do Senado e chegou a dizer que a palavra ‘renúncia’ não consta de seu dicionário. É uma boa oportunidade para tentar decifrar o dicionário de Renan. Suas ações públicas, tais como suas palavras públicas, significam sempre o contrário do que parece. Na quinta-feira passada, o senador deu uma entrevista em que disse coisas importantíssimas, mas, para entendê-las corretamente, é preciso interpretá-las pelo avesso. Eis o que o senador falou:

• ‘Não permitirei que levem o Senado a uma crise institucional. Não arredarei pé.’

Traduzindo: Renan é, ele próprio, a crise do Senado que poderia ser solucionada caso ele arredasse o pé. Mas, para além disso, a tradução correta do que ele disse é que fará tudo para que o Senado enfrente uma crise institucional, ou pelo menos caia num impasse, caso seja forçado a deixar o cargo. Será sua desforra. Já disse isso claramente a senadores mais próximos. Queria mostrar seu poder de fogo e de chantagem. Afirmou que, se alguém acha que o Senado está enfrentando uma crise institucional, ainda não sabe o que é uma crise institucional. Sugeriu que ele, sim, é capaz de provocar uma crise institucional digna do nome.

• ‘Não vou permitir que devassem a vida de senadores. Expus as minhas vísceras, mas as minhas; as dos senadores não permitirei.’

Traduzindo: Renan, se for emparedado e forçado a renunciar, vai empenhar-se com afinco para expor as vísceras do maior número possível de colegas. Já começou a fazer isso quando tentou chantagear os senadores José Agripino e Demostenes Torres. Também já andou falando de sua disposição de atear fogo aos colegas para um círculo mais fechado, razão pela qual o Senado, na semana passada, foi tomado por um certo clima de chantagem. Na baixaria, diga-se, o senador Renan Calheiros deixou prosperar a insinuação de que um certo senador sustenta seus ardores de pedófilo levando adolescentes – meninos e meninas – para Brasília com passagens aéreas pagas pelo Senado. É apenas um exemplo para que o país possa se certificar da dignidade, da hombridade e da categoria de Renan Calheiros.

• ‘Estou disposto a enfrentar qualquer coisa para que prevaleça a verdade.’

Traduzindo: Renan está disposto a fazer qualquer coisa para que a verdade permaneça oculta. Tem sido assim desde que se viu engolfado no escândalo de suas relações promíscuas com o lobista da empreiteira Mendes Júnior. Tentou esconder a verdade fazendo um pronunciamento aos senadores e encerrando a sessão para evitar perguntas. Tentou evitar a convocação do Conselho de Ética. Acionou uma tropa de choque formada por suplentes para defender seus interesses. Marcou e desmarcou reuniões do Conselho de Ética. Reuniu senadores em seu gabinete. Fez e aconteceu – até que, agora, com a corda no pescoço, começaram as ameaças e chantagens.

Admite-se que os políticos dissimulem, tergiversem, disfarcem numa certa medida. Mas, no caso de Renan, seu cinismo chegou a um grau nunca antes atingido. Sua falta de compostura é mais um sinal eloqüente – apenas mais um – de que perdeu as condições de ser presidente do Senado.’

MAINARDI vs. GASPARI
Diogo Mainardi

A fada Sininho

‘Peter Pan tem a fada Sininho. Lula tem Elio Gaspari. Elio Gaspari é a fada Sininho de Lula. Quando a bomba dos piratas está para estourar no colo de Lula, providencialmente aparece Elio Gaspari, batendo as asinhas. Ele carrega a bomba para longe e – bum! – estoura junto com ela, sempre pronto a se sacrificar pela Terra do Nunca.

A última bomba que Elio Gaspari afastou de Lula foi Vavá. Num artigo recente, ele ficou vermelho de raiva, como a fada Sininho, e afirmou que Vavá estaria sendo ‘covardemente linchado porque é irmão do presidente da República’. O artigo foi elogiado e reproduzido por todo o agitprop lulista, do site do PT ao blog de José Dirceu. Elio Gaspari argumentou que a meta dos linchadores de Vavá era atingir a jugular de Lula. Para isso, eles o teriam desqualificado como ‘lambari, deseducado e pé-de-chinelo’. Eu entendi direito? Elio Gaspari está dizendo que, quando Lula chamou Vavá de lambari, ele pretendia atingir, na realidade, sua própria jugular? Lula queria dar um golpe nele mesmo?

Elio Gaspari, em seu artigo, garantiu que nenhum governante teve uma família que ‘veio de origem tão modesta e continuou a viver em padrões tão modestos’ quanto Lula. Para que sua tese pudesse vingar, ele relegou marotamente a um mero parêntese o principal caso de sucesso familiar dos da Silva: ‘(Noves fora o Lulinha da Gamecorp)’. De acordo com Elio Gaspari, Vavá é igual a Billy Carter, o caipira alcoólatra que virou lobista do governo líbio e foi usado para atingir seu irmão, Jimmy Carter, o presidente americano que ‘passará para a história como um exemplo de retidão’. Presumo que, para Elio Gaspari, o governo Lula também seja um exemplo de retidão. Noves fora Waldomiro Diniz. Noves fora Delúbio Soares. Noves fora Marcos Valério. Noves fora Duda Mendonça. Noves fora Jorge Lorenzetti.

A imprensa está cheia de gente disposta a se imolar por Lula. Elio Gaspari é melhor do que os demais porque ninguém o associa a Lula, e sim a José Serra. Se ele livra a cara de Vavá, Vavá deve ser inocente, porque Elio Gaspari é serrista. Se ele livra a cara de Freud Godoy, Freud Godoy deve ser inocente, porque Elio Gaspari é serrista. Uma parte da esquerda, representada por Elio Gaspari, acredita que o melhor para o país é uma espécie de compromisso histórico entre PT e PSDB, como se os dois partidos saqueassem menos do que PMDB e DEM. Para que o compromisso histórico se realize, é necessário salvaguardar Lula.

Poucos dias depois de denunciar o linchamento de Vavá, Elio Gaspari apresentou mais uma teoria estapafúrdia. Ele defendeu que, ‘se a prisão de um compadre do presidente é recebida pela sociedade como um indicador de que a roubalheira aumentou, aumentará a roubalheira’. Sim: Elio Gaspari está atribuindo a roubalheira a quem protesta contra Lula. O pior é que ele faz isso baseado no caso de Hong Kong. Em 1974, Hong Kong criou uma agência independente, com poderes draconianos, para perseguir a roubalheira estatal. Deu certo. Muitos corruptos foram descobertos. Muitos corruptos foram presos. É um modelo a ser imitado. Pena que a fada Sininho do lulismo esteja em outra. Ela só quer salvar Peter Pan. Bum!’

TELEVISÃO
Marcelo Marthe

Ataques de riso

‘O escândalo da pensão suspeita que envolve o senador Renan Calheiros deixou os brasileiros indignados – mas fez bem ao Casseta & Planeta Urgente. Como em todas as crises políticas, o programa da Rede Globo cresceu com o episódio. Na terça-feira passada, os humoristas caçoaram sem dó da defesa precária apresentada por Calheiros. Num dos esquetes, um açougueiro da fictícia ‘Jabaculópolis do Norte’ (em Alagoas, naturalmente) explicou por que o gado de ‘um certo senador’ tem valor acima do de mercado: em seu rebanho figura até ‘boi-celebridade’. ‘Um deles namorou a Luana Piovani’, garantiu o personagem de Cláudio Manoel. Em seguida, exibiu uma pilha de documentos guardados numa geladeira – notas frias, esclareceu. Ao longo da atração, houve outras alusões aos escândalos recentes – como a propaganda da ‘Tabajara & Turismo’ sobre as maravilhas ‘corruptológicas’ dos estados de ‘Mamataranhão’ e ‘Aladroas’. Um ano depois de sofrer o baque da morte de Bussunda, seu integrante mais popular, o grupo continua a ser a bússola da sátira política na TV. O Pânico, da RedeTV!, vive de fazer troça das celebridades. Zorra Total e A Praça É Nossa, respectivamente da Globo e do SBT, investem naquele humor emburrecedor que está aí desde sempre. Só mesmo o Casseta & Planeta se devota a criticar os desmandos dos políticos de forma sistemática. Dos 140 esquetes exibidos desde abril, 42% abordavam o tema. O segundo item mais freqüente foram as paródias a outros programas de televisão – como a versão das gêmeas da novela das 8 protagonizada por Maria Paula. Mas elas representaram menos da metade disso.

De um documentário sobre a vida do cantor Wilson Simonal que está sendo filmado por Cláudio Manoel (mais conhecido por ‘Seu Creysson’) a uma série para a TV paga escrita por Hélio de La Peña, quase todos os cassetas resolveram dedicar mais tempo a projetos-solo depois da morte de Bussunda. E o mais promissor deles é outra empreitada de sátira política. Trata-se de um filme sobre Agamenon Mendes Pedreira, personagem que há quase vinte anos dá mote a uma coluna de Marcelo Madureira e Hubert no diário carioca O Globo. O jornalista fictício é um escroque que fala de políticos e outras celebridades que supostamente conheceu de forma curta e grossa (confira uma ‘entrevista’ na página ao lado). O filme, a ser lançado no ano que vem, consistirá num documentário de mentirinha em que suas aventuras serão narradas com base em imagens de época.

A morte de Bussunda foi, claro, uma tragédia para seus companheiros. Só que os humoristas fizeram do limão uma limonada. Fecharam 2006 com uma média de ibope recorde em seus quinze anos na Globo, de 37 pontos. Graças a negócios recém-desbravados como a venda de piadas para celulares, sua empresa, a Toviassu Produções, também atingiu seu maior faturamento no ano passado, de 3 milhões de reais. Recentemente, eles renovaram o contrato com a Globo até 2013 (o salário de cada um dos seis está na faixa dos 40.000 reais). Embora na atual temporada venham ostentando uma audiência 6 pontos inferior à de 2006, os humoristas mantêm seu cacife. Isso porque eles já demonstraram mais de uma vez ter capacidade para reinventar seu humor – e, faça chuva ou faça sol, mantêm uma ligação firme com os espectadores de maior escolaridade e renda. O antídoto encontrado para reverter a perda de Bussunda em favor do programa foi justamente investir numa renovação geral dos quadros e personagens.

O que não alterou, no entanto, um dado essencial: o desempenho dos cassetas varia conforme a temperatura do noticiário. Uma crise política é sempre bem-vinda – ainda que, nos últimos tempos, eles venham tendo de lidar com uma contingência nova. ‘Do mensalão à Operação Navalha, a velocidade dos escândalos ficou tão vertiginosa que temos de nos policiar para não falar só de política’, diz Marcelo Madureira. ‘As pessoas estão tão irritadas que acham chato quando se bate muito nessa tecla.’’

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Agamenon: sempre atrás de um ‘furo’

‘O personagem Agamenon Mendes Pedreira dá mote à coluna que os humoristas Marcelo Madureira e Hubert mantêm em O Globo há quase vinte anos. Nesta entrevista, o jornalista fala de sua cinebiografia, política e outras aventuras

ESTÁ EM PRODUÇÃO UM DOCUMENTÁRIO SOBRE SEU TEMPO E SUAS AVENTURAS. COMO O SENHOR DESCREVE ESSE SÉCULO QUE ATRAVESSOU JUNTO DE TANTAS PERSONALIDADES, EM SUA BUSCA INCANSÁVEL DA VERDADE?

Sou o Oscar Niemeyer da imprensa brasileira, só que impotente. Nenhum jornalista brasileiro cobriu tantas guerras, Copas do Mundo e mulheres como eu. Estou sempre atrás de um furo. No bom sentido, é claro, de fora pra dentro.

QUAL SEU VERDADEIRO ENVOLVIMENTO COM MULHERES COMO MARILYN MONROE E MADRE TERESA DE CALCUTÁ? ALIÁS, O QUE SUA PATROA, DONA ISAURA, PENSA DISSO?

Se Isaura pensasse, não teria casado comigo. O meu envolvimento com essas criaturas chupacitadas, quer dizer, supracitadas não passa de mais uma tentativa da imprensa reacionária de direita de denegrir a minha imagem de jornalista escroque e mau-caráter.

COMO FORAM SUAS RELAÇÕES COM OS PRESIDENTES BRASILEIROS?

Eu sempre privei da intimidade dos presidentes do Brasil. Todos, sem exceção, faziam questão de me receber pessoalmente no Palácio da Alvorada. De quatro às 5.

COMO O SENHOR AVALIA AS ACUSAÇÕES DE QUE O LOBISTA DE UMA EMPREITEIRA PAGAVA A PENSÃO DA FILHA DO SENADOR RENAN CALHEIROS COM UMA JORNALISTA?

Para resolver esse caso, o senador teria de ir no Programa do Ratinho e mostrar o seu exame de DNA. O que me impressiona mesmo é o preço da arroba do boi do senador. Político no Brasil arroba muito!

QUAL A SUA OPINIÃO SOBRE A PROFISSÃO DE JORNALISTA?

Os jornalistas são os olhos, os ouvidos, a boca e outros orifícios da Sociedade.’

Isabela Boscov

Shakespeare em Nova Jersey

‘Na primeira temporada de Família Soprano, o gângster Tony Soprano (James Gandolfini), recém-alçado ao posto de capo da máfia de Nova Jersey, sofria um ataque de pânico depois que uma mansa família de patos que se instalara em sua piscina ia embora no fim do outono. Mansidão, afinal, nunca foi o forte do clã Soprano: ainda na temporada inicial, Tony sobreviveu a um atentado orquestrado pela própria mãe e por seu tio; no decorrer dos oito anos em que a série esteve no ar, matou primos, genros em potencial e parceiros ‘de negócios’ mais íntimos que irmãos; entrou em disputas de vida e morte com sua irmã, Janice (Aida Turturro); esfolou a mulher do chefe da ‘família’ do Brooklyn, quando este foi preso e precisou vender sua mansão; e travou uma guerra suja e amarga com a própria mulher, Carmela (Edie Falco), quando ela tentou se divorciar dele. Com tudo o que a série tem de violento (e quem assistiu, por exemplo, ao episódio em que o personagem de Joe Pantoliano matou a chutes uma namorada grávida ainda há de ter lembranças vívidas dele), é nesses instantes que Família Soprano é decididamente assustadora: na força caótica e implosiva dos seus momentos de intimidade. No episódio inaugural desta derradeira temporada, que começa a ser exibida no domingo 1º de julho pela HBO, Tony e Carmela visitam Janice e seu marido, Bobby (Steven R. Schirripa), em sua casa de campo. Desde a chegada sente-se que, sob a superfície do bate-papo, fluem correntes de tensão e rancor. Quando o fim de semana progride para uma partida de banco imobiliário, o espectador se dá conta de que o coração está acelerado: nessa toada, é improvável que todos os quatro personagens cheguem vivos ao final do jogo – e a morte, seja de quem for, há de ser feia.

Eis, então, por que a teledramaturgia se divide muito claramente em antes e depois de Família Soprano: até sua estréia, em 1999, a idéia de que uma ficção criada para o ritmo volúvel da tela pequena pudesse conter tanto drama quanto uma peça de Shakespeare era mera teoria. Família Soprano, porém, a demonstrou de forma empírica, até o último termo possível. E, agora que chegou ao final (seu criador, David Chase, diz ter atingido o esgotamento e garante que nunca haverá um A Volta dos Sopranos), vê-se que a revolução que o programa operou na televisão é tão profunda que se voltou em parte contra ele mesmo. Como encerrar com estrondo uma série em que as apostas sempre andaram no limite? Com várias mortes, certamente, e poucas delas de causas naturais. Com muito ressentimento e angústia também, já que, por mais que Tony freqüente o consultório da psiquiatra Jennifer Melfi (Lorraine Bracco), não existe conciliação possível para o que ele tenta acreditar ser – um ‘empresário’ – e o que ele realmente é, um homem que vive de violência e corrupção e as leva para dentro de casa todos os dias. Mas não com alguma reviravolta programada especificamente para causar impacto.

Há duas razões para isso. A primeira é que, depois de explorar tão a fundo as vicissitudes dos Sopranos, não restam a Chase muitos passes de mágica. A segunda e principal é que, embora não falte poder de choque à série, não é ele o seu cerne. Seu centro é, na verdade, a paralisia emocional dos protagonistas, que partilham as aspirações e aflições mais comuns da classe média americana. Pagar a faculdade dos filhos, não ser passado para trás no trabalho, achar uma solução para um casamento em que marido e mulher às vezes se odeiam, assumir a homossexualidade num ambiente profissional machista: essas são as coisas que preocupam os personagens nascidos da imaginação formidável de Chase, e não os velhos códigos de honra trazidos da Itália. Matar, roubar, enganar e corromper seria assim apenas o ofício no qual Tony e seus companheiros foram treinados – e, ao desempenhá-lo, eles estariam tão-somente esticando os limites daquilo que já é aceitável, hoje, na ética corporativa. Essa perspectiva não é um mero artifício narrativo, ou um pretexto para mostrar explicitamente coisas que até aí eram tabu na televisão. É uma visão de mundo, meticulosamente construída em 86 episódios que equivalem a um filme de 72 horas de duração – um filme bem mais brilhante, de ponta a ponta, do que qualquer coisa que Hollywood tenha produzido no período.

Essa é a razão pela qual não se deve medir o final de Família Soprano por um critério tão simplista quanto o impacto. O desfecho, já exibido nos Estados Unidos, provocou uma enxurrada de artigos na grande imprensa americana, como se se tratasse da cobertura de uma das débâcles presidenciais – e com o mesmo tom de partidarismo habitualmente dedicado a elas. Muitas pontas ficaram soltas, reclamaram os críticos; mostrar que elas nunca poderiam ser amarradas e que esses personagens não têm solução era justamente o propósito da série, argumentam seus defensores. Ambos os lados, porém, concordam que Família Soprano mudou a televisão – para muito melhor – ao sacudi-la com seu choque de realidade. Hoje, na TV aberta americana, não há em cena um herói que não seja em boa medida também um anti-herói, do agente federal Jack Bauer de 24 Horas às mulheres de Desperate Housewives. Na TV a cabo, onde não existem limites para o que é permissível, essa influência é ainda mais nítida. Nela, o sucesso de Família Soprano abriu terreno para outras criações comparáveis na excelência e no radicalismo. Deadwood e The Wire, por exemplo, também trazem protagonistas que, como Tony Soprano, vivem por meios repulsivos, mas suscitam a identificação do espectador com sua fragilidade, sua insegurança e seu medo. Em Battlestar Galactica, vagamente baseada numa série homônima (e ruim) dos anos 70, os 50.000 sobreviventes de um ataque que dizimou o restante da humanidade vagam pelo espaço, tentando recompor a civilização – e repetindo os erros desta, como se eles fossem um destino inexorável. Para onde se olhe hoje na televisão, enfim, lá estão as digitais de Tony Soprano. Assim como a sua angústia trágica de Hamlet do subúrbio.’

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Folha de S. Paulo – 1

Folha de S. Paulo – 2

O Estado de S. Paulo – 1

O Estado de S. Paulo – 2

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