Thursday, 28 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1316

Veja e as previsões erradas

Amigos do Observatório da Imprensa, o artigo de Luciano Martins Costa intitulado ‘O otimismo de Veja‘ deixou de esclarecer fatos que eu gostaria de fazê-lo, enviando-lhes cópia do e-mail que enviei para a revista Veja:

‘Sr. Diretor de Redação,

Vai aqui uma sugestão: demitam todos os seus jornalistas ‘especializados’ em economia e previsões econômicas e parem de escrever sobre o assunto, pois os resultados de suas análises e previsões são idênticos aos dos interpretadores de horóscopos. Exemplifico:

A edição 1.831 de Veja, de 3 de dezembro de 2003, publicou ampla reportagem de autoria de Eurípedes Alcântara e Eduardo Salgado sobre a economia americana intitulada ‘O gigante quer proteção’. Falava sobre o gigantismo da economia americana e da tendência ao protecionismo que tomava conta de amplos setores nos Estados Unidos.

Deu tudo errado e nada aconteceu. Os Estados Unidos não se tornaram protecionistas e a economia mundial não entrou em recessão. Agora sim, os Estados Unidos entraram em recessão e o mundo foi junto.

Esta semana, a Veja 2.102, de 4 de março de 2009, publica ampla reportagem intitulada ‘O Brasil e a crise’, onde aponta dez razões para otimismo. A reportagem está assinada por Giuliano Guandalini, Benedito Sverberi e Cíntia Borsato. Trocaram os escrevinhadores, mas a qualidade das análises e das previsões não melhorou em nada.

As 10 razões para otimismo estão baseadas em dados não comprovados, em premissas falsas e informações equivocadas.

Por isto, vai dar tudo errado de novo.

Aceitam um desafio?

Voltamos a conversar em dezembro próximo. Se eu estiver com a razão, a Veja me concede uma assinatura vitalícia e demite os três jornalistas responsáveis pela reportagem. Se eu estiver errado, mando minha foto para ser publicada na capa de Veja com a legenda embaixo: eis aí um idiota!

Topam?

Sabem, um grande economista que vocês talvez nem conheçam escreveu o seguinte sobre o jornalismo brasileiro: ‘A imprensa brasileira abriga mais imbecis por metro quadrado do que qualquer outra’.

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Hoje tem espetáculo? Tem, sim senhor! Contemplação de hoje: ‘os enjaulados’. Sob a lona tecida com muito sensacionalismo e linhas de interesses lucrativos, um picadeiro rodeado de câmeras malabaristas. É preciso pegar o melhor ângulo de espetacularização.

Respeitável público, a cobertura jornalística tem o prazer de apresentar: notícias ao vivo diretamente de uma tragédia anunciada. Em passos de busca, os acrobáticos; através deles você assiste ao retrato fiel da realidade. Haja contorcionismo!

Em seguida, a atração mais esperada do dia: os culpados. Na dúvida, é melhor ouvir os ilusionistas, ou melhor, os especialistas. Agora, vamos fazer um pequeno intervalo; é necessário observar como está o equilibrismo da audiência. Está comprovado: além da morbidez, os bobos da corte gostam de pão e circo. Palmas, por favor, muito bem, a platéia está adestrada. (Donminique Azevedo, professora e estudante de jornalismo, Salvador, BA)

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Quero deixar aqui o meu desejo de obter um esclarecimento na questão da grande mídia em relação aos movimentos sociais. Quando o ministro do STF Gilmar Mendes criticou o governo federal por ter repassado recurso financeiro ao MST, a grande mídia fez o maior coro, afirmando que o mesmo financia a desordem no campo. E o que dizer dos fazendeiros que promovem grupos de pistoleiros em seus latifúndios? – nisso a imprensa não tocou. (Amauri José da Silva, auxiliar de almoxarifado, Recife, PE)

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É lamentável que a Igreja Católica ainda esteja sobrecarregada de padres, bispos e até de um papa ultrapassados que não fazem nada por ninguém, não se interessam absolutamente pelas causas sociais, pacíficas, morais e tantas outras e que, agora, venha o Bispo de Olinda, do alto de sua prepotência, tecer comentários desrespeitosos sobre a aprovação do presidente Lula no caso da menor grávida de gêmeos porque estuprada pelo padrasto. A resposta de Lula deveria ser a seguinte:

‘Sim, `seu´ bispo, aí residem nossas diferenças. Enquanto o senhor optou por uma carreira ociosa, que não trabalha, não faz nada pelas pessoas, eu optei por ser político, lutar até chegar à Presidência para poder trabalhar pelos pobres, endividados, sofredores, necessitados porque alguém teria que fazer alguma coisa por eles já que a Igreja Católica, com seu papa enclausurado no Vaticano cheio de luxo e fausto, só fica fugindo de trabalhar, repito, pelos sofridos, pelos necessitados. Vamos, `seu´ bispo, arregace as mangas e vamos trabalhar. Pare de ficar só sentado, comendo do bom e do melhor, criticando quem também fez seu juramento, e vem trabalhando de forma útil para a sociedade brasileira. Se nascessem os gêmeos da menina de nove anos, o senhor e sua Igreja Católica iriam protegê-los? Criá-los? Dar de comer? Dar de vestir? Dar instrução? Claro que não’. Detalhe: Sou carioca, 69 anos e católica. (Lise Carvalho, pensionista, Araguaina, TO)

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A manifestação de jornalistas e gráficos, realizada na sexta-feira (6/3) em frente ao jornal O Povo, reuniu uma centena de pessoas e teve o desdobramento que as categorias desejavam. O movimento forçou os empresários a reabrirem os canais de comunicação com as categorias e a agendarem para segunda-feira, dia 9, às 16 horas, na sede da Associação Cearense de Imprensa (ACI), uma rodada de negociação conjunta – com representantes dos jornalistas e dos gráficos, que estão em campanha salarial desde setembro e novembro de 2008, respectivamente. ‘Prevaleceu o bom senso’, comemora a presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará (Sindjorce), Déborah Lima. As negociações estavam suspensas por intransigência dos patrões, que insistem em oferecer um reajuste de apenas R$ 2,74 por dia de trabalho para os jornalistas que ganham o piso salarial, que hoje é de R$ 1.152,00. O valor não cobre nem a inflação do período (setembro de 2007 a agosto de 2008). Aos gráficos, o patronato quer oferecer apenas 0,5% de ganho real, embora tenha acordado com os representantes da categoria um reajuste de 1,02% além da inflação. (Déborah Lima, jornalista, Fortaleza, CE)

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No último domingo (8/3), a TV Globo-SP transmitiu o jogo entre Palmeiras e Corinthians. Quase ao final da partida, quando o jogador Ronaldo marcou o gol, recebeu um cartão amarelo por ter comemorado de maneira inadequada (se dirigiu ao alambrado, para onde a torcida se aproximou). Ocorreu que o comentarista da TV ridicularizou o árbitro da partida pelo cartão, dizendo que o mesmo não tinha sensibilidade, que Ronaldo estava em um momento histórico, etc. Eu penso que o comentarista passou a mensagem de que, dependendo da personalidade e da circunstância, um trangressor não deve ser punido. (Eduardo Rodrigues, gestor ambiental, Iporanga, SP)