O que sobrará dos quilos de papel – ou megabytes – que lemos hoje? Pouco. A não ser que amanhã, ou depois, os jornais reiterem o que ainda consideram importante. Impossível: nos dias seguintes haverá quilos de papel ou megabytes com outras novidades palpitantes, atraentes, relevantes, inadiáveis.
Ler jornal – impresso ou virtual – é uma batalha diária contra a obsolescência e a insignificância do que é apresentado como realidade. Vencidos pela obrigação da quantidade, redatores não ajudam: tiram dos freezers palavras e frases congeladas e com elas escrevem as mesmas notícias que irão guarnecer o cardápio da seção de política, internacional, economia, mundanismo, cultura ou esporte.
Palavras desvitalizadas e fatos clonados raramente transmitem a sensação de vida. Não produzem estímulos, estalos. São mudas.
Às vezes, depois da dolorosa viagem através da mesmice, triiiiiim, o alarme solidário avisa que aqui tem coisa boa. Como esta:
‘Um dos dramas humilhantes do ‘otimismo moderno’ é que para ser otimista temos que ser idiotas e negarmos os impasses assustadores da vida’ (Folha de S.Paulo (1/9/2008), ‘Ilustrada’, pág. E-9, artigo ‘Na escuridão’, de Luiz Felipe Pondé).
Valeu.
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Contra os colunistas [para assinantes] – João Pereira Coutinho [Folha de S.Paulo, 2/9/2008]