O videojornalista americano Bradley Roland Will, 36 anos, não deixava que os riscos de seu trabalho o impedissem de fazê-lo. Determinado a documentar o que chamava de ‘abusos de direitos humanos em todo o mundo’, ele seguiu para a turbulenta cidade mexicana de Oaxaca, onde manifestantes vêm bloqueando ruas e invadindo prédios governamentais por cinco meses na tentativa de derrubar o governador Ulises Ruiz do poder.
Com a situação ficando cada vez mais violenta, Will decidiu continuar na cidade. ‘Estou entrando em um novo território aqui e não sei se estou pronto. A vida é louca’, escreveu em e-mail para uma ex-namorada no início da semana passada.
Na sexta-feira (27/10), Will foi morto durante um tiroteio entre manifestantes e homens armados que, acredita-se, sejam da polícia local. Não se sabe ao certo quem atirou no jornalista, que trabalhava para a organização independente Indymedia.org e vendia filmagens como freelance.
Ativista
A notícia de que Will havia morrido em um hospital da Cruz Vermelha após ser atingido no abdome se espalhou rapidamente por Nova York, onde ele viveu por mais de uma década. No sábado, amigos se reuniram em uma livraria para homenagear o jornalista, que definiram como um ‘ativista apaixonado’ que queria documentar os problemas do mundo.
Will filmava os levantes em Oaxaca há quase um mês. Suas reportagens mostravam que ele tinha simpatia pelo movimento. ‘O que podemos dizer sobre este movimento, este momento revolucionário? Sabemos que ele está sendo construído, está crescendo, tomando forma. Podemos senti-lo, tentando desesperadamente chegar a uma democracia direta’, escreveu no sítio da organização em 16/10.
O documentarista Josh Bergman, que recentemente passou um período em Oaxaca, contou que se sentia seguro quando estava entre os cidadãos, mas não quando a polícia aparecia. ‘As pessoas com quem eu estava achavam que a minha câmera as deixaria seguras. Elas não pensavam que alguém mataria jornalistas gringos‘, diz. Informações de Colleen Long [AP, 28/10/06].