Recentemente, a cobertura dos meios de comunicação aos casos de corrupção de parlamentares tem preenchido páginas inteiras dos grandes jornais de circulação. O que impressiona, sobretudo àqueles mais atentos, é a rapidez com que o assunto é retirado das pautas das redações.
Lemos, atentos, casos graves envolvendo parlamentares. Deputados que usam verbas específicas para obter determinado serviço desviando esses recursos para fins particulares. Um deles, inclusive, ficou conhecido por ter um castelo de proporções cinematográficas.
Esse caso em particular é emblemático. O fato ocorreu há pouco mais de um mês e hoje, ao abrir qualquer grande jornal do país, o caso não é sequer citado em pequenas notas. Fica uma pergunta: os jornais estão em circulação para produzir notícias somente ou para ajudar a construir um Brasil melhor?
Um dos papéis da imprensa é o de fiscalizar, cobrar atitudes dos órgãos públicos e informar a população, fazendo-a evoluir criticamente.
O que está claro, contudo, é que a imprensa está muito mais interessada em vender suas notícias do que em fiscalizar e cobrar novas posturas dos homens públicos.
De escândalo em escândalo
Só para citar um exemplo, a Folha de S.Paulo, no seu ‘Painel’ (7/4) não cita em nenhum momento o caso Edmar Moreira, apesar do deputado estar sendo investigado pelo Conselho de Ética da Câmara Federal.
A coluna nitidamente buscou produzir novas notícias no sentindo de veicular ‘novidades e furos’, pois o entendimento coletivo é de que é esse o papel da imprensa. Para tanto, a referida coluna desse dia fala, em quatro notas, do uso irregular de verbas indenizatórias, citando, entretanto, outros parlamentares que seriam suspeitos no uso dessas verbas.
Sabemos que o assunto Edmar foi capa do jornal há duas semanas apenas, no entanto, o assunto é esquecido pela Folha de S.Paulo, que substitui seu papel de empresa a ‘serviço do Brasil’, pois não fiscaliza nada, pelo de um jornal produtor de notícias para consumo imediato.
O caso Edmar é muito grave, pois expõe todos os deputados, muitos deles, inclusive, em situação de irregularidade também. Por que a grande mídia se cala dessa forma? Por que tanto silêncio? Se a notícia não vende mais, que ao menos o jornal continue cumprindo seu papel de fiscalização e de respeito à credibilidade que tem junto aos leitores que tanto lutam para conquistar.
Com certeza, o silêncio da Folha e de todos os veículos da grande mídia eletrônica, e mais ainda de toda a mídia de Minas Gerais, é estratégico: depois que Edmar Moreira for absolvido com a cumplicidade de todos os deputados e da mídia, aí viram as manchetes que de escândalo em escândalo, sempre impune, banalizam e tornam tudo normal em nossa república tupiniquim.
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