Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Vítimas de seqüestro contam experiências

Em artigo no Christian Science Monitor [27/1/06], Peter Ford expõe depoimentos de jornalistas ocidentais que já passaram pela dramática experiência de um seqüestro no Oriente Médio. Eles revelam que desenvolveram técnicas que vão de preces a exercícios físicos para manter a calma no cativeiro.


‘Você tem de se forçar a ficar otimista, calmo e focado. A maioria das pessoas que passa por isto fica surpresa com sua coragem e dignidade para cooperar’, afirma Micah Garen, cinegrafista americano que, em 2004, ficou dez dias em um cativeiro após ser seqüestrado por muçulmanos xiitas.


‘Eu estava sempre evitando ser submissa e tentando ser forte diante dos seqüestradores’, revela Giuliana Sgrena, jornalista italiana que ficou refém por um mês em Bagdá no ano passado. Giuliana relembra que seu objetivo era ‘manter a dignidade’.


Muitos repórteres tomam exemplos de outras pessoas em situações de cativeiro como apoio. Roger Auque, repórter francês preso pelo Hezbollah por um ano no Líbano em 1987, recorda que pensou naqueles que foram deportados durante a Segunda Guerra Mundial. ‘Isto me ajudou a ficar mais forte, sabendo que outros sofreram mais do que eu’, conta ele.


Já outros admitem que têm de aceitar a realidade e manter a esperança de serem libertados. ‘Você é simplesmente obrigado a conviver com isso, não há outra opção’, afirma Florence Aubenas, jornalista francesa libertada em junho do ano passado após passar quase seis meses em cativeiro no Iraque.


Para Garen, é importante ficar próximo dos seqüestradores, explicar quem você é e tentar criar algum vínculo com eles. Mas há graus diferentes na relação com os reféns: alguns captores apenas entregam a comida sem falar nada, outros os acompanham ao banheiro e alguns chegam a conversar. Garen lembra que ficou aliviado quando soube por um dos vigias que ele havia visto a irmã do cinegrafista na televisão, pedindo para ele ser solto.