Wednesday, 13 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1313

Wagner Vilaron

‘Na busca por recursos capazes de cobrir os rombos de seus cofres, os clubes de futebol, sobretudo aqueles com maior torcida, já iniciaram forte pressão para mudar a política de distribuição do dinheiro proveniente da televisão. A idéia é investir no pay-per-view (sistema no qual o telespectador de TV por assinatura paga para assistir a jogos específicos).

A novidade é que entraria em operação um novo dispositivo capaz de identificar o comprador do jogo. Em outras palavras, será possível saber a quantidade de jogos vendida para cada clube. O procedimento não só servirá como importante ferramenta de medição do mercado, como também estabelecerá critério mais justo de divisão do dinheiro arrecadado.

Hoje em dia, a TV paga aos Clube dos 13 que, por sua vez, estabelece critério subjetivo de distribuição. Atualmente está estabelecido que as equipes são divididas por grupos. No primeiro, no qual estão Corinthians, Flamengo, São Paulo, Palmeiras e Vasco, a fatia do bolo é maior. O segundo recebe 10% menos e o terceiro 15% abaixo dos mais populares.

‘Isso é absurdo. Tem sentido o Bahia receber uma verba 10% ou 15% menor do que a do Corinthians. Veja a projeção nacional dessas duas equipes’, argumenta o vice-presidente de Futebol do Corinthians, Antonio Roque Citadini. ‘Nós precisamos pensar no futuro. E o pay-per-view será muito importante daqui a cinco ou seis anos. Como já o é na Europa.’

Corinthians e Flamengo lideram o movimento

A negociação para mudar o sistema de pagamento do pay-per-view deixa clara a união, cada dia mais intensa, das duas maiores potências do futebol brasileiro. Assim como acontece na polêmica que envolve a divisão de recursos da Lei Agnelo/Piva entre o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) e os clubes de futebol, são corintianos e flamenguistas que lideram a nova frente de reivindicação.

E não é por acaso que vão à luta. Em tese, os donos das duas maiores torcidas do País são os grandes beneficiados por eventual alteração. Afinal, atualmente têm de se contentar com o recebimento do mesmo valor pago a clubes com número de torcedores reconhecidamente inferior.

Diante disso, nem é preciso dizer que a briga interna no Clubes do 13 está apenas começando. A proposta prevê que o mandante da partida fique com o bilheteria do estádios e com o porcentual sobre a venda do jogo na TV. Os cartolas de Flamengo e Corinthians partem do princípio de que a sala da casa do torcedor é uma espécie de ‘arquibancada virtual’.

O desafio é convencer os demais clubes a acatar a mudança. Mas há um problema. Como a tendência na próximas temporadas é de que o montante acumulado no PPV seja muito maior do que o arrecadado na bilheteria, clubes médios e pequenos veriam suas receitas caírem, já que sobrevivem exatamente dos confrontos com os grandes. A pressão desse grupo é para que parte do dinheiro recebido do PPV em partidas realizadas na casa dos clubes mais tradicionais, quando a venda para a praça é maior, fique com o visitante.

Ameaça – Dirigentes de Corinthians e Flamengo vão tentar negociar. Porém, se a solução ficar muito complicada, já decidiram o que fazer. A alternativa será radicalizar e não disputar o Campeonato Brasileiro. ‘Aí quero ver se a Globo vai comprar os direitos da competição’, indagou Citadini. O diretor corintiano ainda se sustenta na observação do diretor da Globo Esportes, Marcelo Campos Pinto, que revelou no final do ano passado que a torcida corintiana será a maior do Brasil em oito ou dez anos.

Crescimento – Se depender dos números que resumem o mercado do pay-per-view, a intenção dos cartolas é mais do que compreensível. De acordo com informações fornecidas pela assessoria da Sky, operadora que comercializa o PPV, esse mercado tem registrado crescimento nos últimos três anos. Em 2002, foram vendidos 222 mil pacotes. No ano seguinte esse número subiu para 250 mil. Só em janeiro deste ano foram vendidos 30 mil e a perspectiva é de fechar a temporada com 280 mil. O motivo da evolução? O calendário mais organizado.’

 

Bruno Agostini

‘Tem muita gente pagando pra ver’, copyright Jornal do Brasil, 5/02/04

‘Ano passado, os canais PPV (pay-per-view) da Globosat tiveram um aumento de quase 20% de faturamento, saltando de R$ 103 milhões, em 2002, para R$ 120 milhões. O aumento na procura por pacotes de pay-per-view estimulou a Globosat a criar uma diretoria para cuidar exclusivamente dos canais, sob a bandeira Première. Elton Simões, ex-diretor do Sportv, foi designado para a tarefa de coordenar os seis canais (Première Esportes, Première Combate, Première Shows, Première Filmes, Première Games e Sexy Hot). Na pauta de intenções do diretor dos canais pay-per-view da Globosat está a criação de novos canais, voltados para a cultura brasileira.

– Queremos valorizar os eventos nacionais. Uma de nossas principais funções é pensar em novos produtos e eles estão a caminho – revela Simões.

Depois de anos amargando prejuízos, a Globosat voltou a ter lucro no ano passado, segundo Elton.

– A estagnação do setor acabou e o pay-per-view colaborou com isso. No início a oferta era de um pacote único de canais apenas. Com o tempo veio a segmentação, onde os canais PPV atuam com destaque – analisa.

Futebol e artes marciais são o carro-chefe da programação, maiores geradores de receitas. O pacote para o Campeonato Brasileiro, que só começa em abril, já está à venda.

– Para os torcedores dos grandes clubes, é a garantia de poder ver todos os jogos do time. Se não passar na TV aberta, vai passar no Première. Ano passado tivemos 250 mil assinantes e passamos 60% das partidas. Para este ano, a expectativa é vender 280 mil pacotes e transmitir 65% dos jogos. E também teremos um pacote da Série B. A preocupação é oferecer produtos que sejam consumidos fora do eixo Rio-SP – comenta, lembrando que apenas em 2003 houve lucro na comercialização dos pacotes do Brasileirão, apesar das vendas em PPV terem começado em 1997. A popularização das artes marciais e o destaque que brasileiros têm alcançado nas principais competições mundo afora contribuem para o incremento da programação em pay-per-view:

– É uma tendência. Tem lutador na nova novela da Globo, na da Record, no Big Brother 4 (o fortão Marcelo Dourado, por exemplo, vem cumprindo dupla jornada em pay-per-view: aparece no reality-show e nas lutas do Première Combate). É uma atividade que está saindo do gueto e se popularizando – acredita Simões, dizendo ainda que outro bom exemplo para ilustrar o crescimento do PPV no Brasil é justamente o Big Brother, que já está na quarta edição e continua, a cada ano, aumentando o seu número de assinantes pelo sistema.’

 

TV CULTURA

Daniel Castro

‘Cultura adota ‘erramos’ e ‘consciência’’, copyright Folha de S. Paulo, 3/02/04

‘A TV Cultura leva ao ar na segunda o resultado da reformulação de seu telejornalismo, que assume o rótulo de ‘jornalismo público’ com a adoção de um manual de redação, a ser publicado. Seus telejornais ‘Jornal da Cultura’ e ‘Diário Paulista’ passam a entrar no ar com uma hora cada um, o dobro da duração atual.

As principais inovações visíveis, de acordo com Marco Antonio Coelho, diretor de jornalismo da emissora, serão a adoção de ‘erramos’, a correção de informações imprecisas, como faz a Folha, e a figura da ‘consciência crítica’.

O papel de ‘consciência crítica’ caberá ao jornalista Celso Zucatelli, que será um terceiro apresentador do ‘Jornal da Cultura’. ‘Ele ficará andando pela redação e fará interferências para questionar, esclarecer, aprofundar’, diz Coelho.

De acordo com o diretor, a prática do ‘erramos’ será diária. No esportivo ‘Cartão Verde’, terá formato que lembra o ‘replay’. ‘No final do programa, vamos rodar um VT com as besteiras ditas pelo Juca Kfouri [apresentador]. Vamos dar maior profundidade, ficar mais próximo do jornalismo impresso’, afirma Coelho.

Para ter recursos para dobrar as durações dos telejornais, a Cultura vai extinguir o ‘Hora do Esporte’ e o ‘Programa Econômico’. Mas Luís Nassif terá quadro no ‘Jornal da Cultura’ (21h) e Débora Menezes, ex-Globo, apresentará um bloco esportivo no ‘Diário Paulista’ (19h).

OUTRO CANAL

Produção 1 Até Antonio Calloni, no ar na minissérie ‘Um Só Coração’ (como Chateaubriand), vai emendar um trabalho ao outro, prática cada vez mais comum no cada vez mais enxuto elenco da Globo. Ele será Justino em ‘Cabocla’, que estréia dia 3 de maio.

Produção 2 Na novela original, de 1979, Justino foi interpretado por Gilberto Martinho. O personagem é rival do coronel Boanerges, a ser feito por Tony Ramos. Considerado um ‘pé de coelho’ pelo autor Benedito Ruy Barbosa, Cosme Santos voltará a viver Zaqueu. Reginaldo Faria e Sebastião Vasconcelos também estão no elenco.

Guerra 1 De volta com programas inéditos, Gugu Liberato perdeu para Fausto Silva (segunda parte, 17h56/20h28) por 20 pontos a 16 no Ibope. Mas ganhou por 17 a 16 pontos no Datanexus.

Guerra 2 Na primeira parte (15h12/15h50), no Ibope, Gugu perdeu até para o ‘Domingo da Gente’ (Record, 8 pontos a 9), mas, no Datanexus, venceu a Globo por 13 a 12.

Promessa Com um orçamento de R$ 120 mil por capítulo (na novela das oito da Globo são R$ 200 mil), ‘Metamorphoses’, da Record, tem a meta de dar 20 pontos no Ibope no horário do ‘Jornal Nacional’. É muita coisa, feito poucas vezes alcançado pelo SBT. ‘Sou audaciosa’, diz a produtora Arlete Siaretta, da Casablanca.’

 

MM Online

‘TV Cultura estréia nova fase de seu jornalismo’, copyright MM Online (www.mmonline.com.br), 6/02/04

‘O Jornalismo da TV Cultura ganha nova fase a partir da próxima segunda, dia 9 de fevereiro. A redação, que também funciona como cenário para os telejornais, estréia novo visual com um projeto de iluminação, elaborado pelo designer Peter Gasper. O Diário Paulista e o Jornal da Cultura ampliam seus horários de exibição. O primeiro passa a ser exibido de segunda a sexta entre 19h e 20h e o segundo das 21h às 21h55.

Os dois programas jornalísticos também passam a contar com novos quadros e a participação de comentaristas e reportagens especiais. Com apresentação de Ederson Granetto e Madeleine Alves, em sua nova fase o Diário Paulista abrange também um bloco independente dedicado ao esporte, com apresentação de Débora Menezes, estreando na TV Cultura.

O Jornal da Cultura, sob comando de Heródoto Barbeiro e Márcia Bongionanni, passa a ser apresentado também pelo jornalista Celso Zucatelli, com as participações especiais de comentaristas e colaboradores: Paulo Markun, Juca Kfouri, Neide Duarte, Marcelo Tas, Professor Pasquale Cipro Neto, Cunha Jr. e Washington Novaes. Outra novidade é a inclusão do Cabine Cultura, um espaço onde o cidadão dará seu recado nas ruas de São Paulo.

O jornalista Luís Nassif também ganha um novo programa: Projeto Brasil – de segunda a sexta, às 21h55. Às quartas, há ainda uma edição especial, às 23h30. Em pauta estará a gestão das políticas governamentais atuais e as novas políticas públicas para o País.’