Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Wall Street Journal é
recriado por Rupert Murdoch


Leia abaixo a seleção de domingo para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Domingo, 16 de dezembro de 2007


WSJ SOB MURDOCH


Richard Perez-Pena


Murdoch recria o ‘Wall Street Journal’


‘DO ‘NEW YORK TIMES’ – Nos últimos meses, Rupert Murdoch transferiu seu escritório para a sede da Dow Jones, a empresa que publica o ‘Wall Street Journal’. Ele pressionou os editores do jornal por artigos mais curtos e um formato noticioso mais objetivo. Tentou estabelecer contatos pessoais com os repórteres que não quer ver roubados pelos rivais. E, na semana retrasada, supervisionou a substituição de diversos executivos do jornal, entre os quais seu diretor editorial, substituindo-os por pessoas de sua confiança.


E isso aconteceu antes mesmo de ele adquirir formalmente a empresa, o que ocorreu na última quinta, quando os acionistas da Dow Jones aprovaram venda da empresa à News Corp., a companhia de Murdoch. Mas ele não esperou pela conclusão das formalidades para tomar as rédeas do ‘Wall Street Journal’, dando início a um processo que equivale a uma reforma geral da aparência, conteúdo e equipe de um dos mais cobiçados jornais do mundo.


‘Ele não está perdendo tempo’, disse um executivo da Dow Jones que, como a maioria dos entrevistados, não quis que seu nome fosse revelado. ‘Já está no comando, tomando decisões. Sabemos que é assim que ele opera, mas é impressionante assistir ao processo.’


Para os repórteres e editores do ‘Wall Street Journal’, o momento é tanto de ansiedade quanto de antecipação sobre o que pode acontecer ao final de mais de um século de controle do jornal pela família Bancroft. Durante a prolongada batalha de aquisição, no segundo e terceiro trimestres, muitos deles expressaram preocupação com a possibilidade de que Murdoch usasse as páginas noticiosas do jornal para promover seus interesses políticos e de negócios -uma prática comum na News Corp.- ou simplesmente decidisse produzir uma versão mais pobre da respeitável publicação.


Mas Murdoch prometeu que abriria os cofres para expandir o alcance do ‘Wall Street Journal’, perspectiva bem recebida por muitos dos profissionais do jornal, cujas receitas publicitárias estão estagnadas. O jornal já ofereceu aumentos significativos a repórteres que deseja contratar e a alguns jornalistas da casa que estavam estudando propostas para sair. Murdoch telefonou pessoalmente a alguns desses jornalistas, pedindo que ficassem.


Murdoch afirmou que desejava que o ‘Wall Street Journal’ reforçasse sua cobertura política e de assuntos nacionais e internacionais, o que faria do jornal um concorrente mais direto do ‘New York Times’. Ele também pressionou por mais notícias e por reportagens mais sucintas -uma mudança pronunciada, em um jornal que tem entre suas características artigos longos que começam já na primeira página.


Nada disso surpreende vindo de Murdoch, conhecido pela segurança no manejo de suas muitas propriedades e por sua capacidade de moldá-las para refletir suas opiniões, sem perder tempo demais para conseguir o que deseja.


A tomada de controle oferece vastos recursos a um jornal que mal consegue sair do vermelho, em parte porque desafiou as tendências setoriais no que se refere ao corte de funcionários e à circulação. A News Corp. tem receita anual de US$ 29 bilhões, ante US$ 2 bilhões da Dow Jones, e Murdoch já demonstrou repetidamente que está disposto a investir o que for necessário em suas propriedades -e até mesmo a arcar com pesados prejuízos em algumas delas- a fim de conquistar audiência e anunciantes. Acompanhado por um guarda-costas e por seu veterano secretário, Murdoch tem sido presença freqüente nos escritórios da Dow Jones, conduzindo reuniões com executivos.


Após algumas visitas à Redação e de uma turnê pela gráfica do ‘Wall Street Journal’, ele pouco revelou sobre suas intenções, dizem funcionários. Mas acrescentam que, em todas as paradas, ele fez perguntas sobre o trabalho de cada pessoa com quem conversava e revelou domínio surpreendente sobre as funções de cada um, dos cronogramas de produção à operação de impressoras.


Já existem planos firmes para eliminar o caderno ‘Marketplace’, que contém artigos sobre tendências de negócios e tecnologia, no começo de 2008. Também há planos de substituição de dezenas dos funcionários da Redação, enquanto outras mudanças de pessoal -refletindo as prioridades de Murdoch- já estão em curso, entre elas a procura de repórteres e editores em veículos concorrentes.


Desde que a família Bancroft aceitou lhe vender a Dow Jones por mais de US$ 5 bilhões no final de julho, Murdoch vem se reunindo com grupos de executivos e administradores das duas companhias. Nos encontros, eles comparam estratégias publicitárias, procuram possibilidades de joint ventures e debatem o futuro do sistema de acesso pago à edição on-line do ‘Wall Street Journal’, que Murdoch não aprecia.


Mudanças


Quando a batalha pelo controle acionário da Dow Jones ainda estava em curso, alguns dos editores do ‘Wall Street Journal’ acusaram Murdoch de usar o jornalismo de sua empresa em defesa de seus interesses. Existe ansiedade sobre as mudanças, tanto as reais como as cogitadas, temperadas por certa dose de otimismo.


‘Acredito que muita gente deva estar esperando para ver o que ele fará, antes de tomar uma posição’, disse Byron Calame, antigo editor-assistente do ‘Wall Street Journal’ e também ex-editor do ‘New York Times’. ‘A idéia de que pode haver mais ativos, mais recursos para as operações noticiosas gera esperanças entre algumas dessas pessoas.’


Pessoas que conhecem bem os principais executivos da Dow Jones dizem que lhes foi tornado bastante claro que seriam substituídos quase imediatamente, quer para fins de consolidação de operações com a News Corp., quer para entregar o controle a pessoas de confiança de Murdoch -ou, mais provavelmente, pelos dois motivos. A primeira confirmação surgiu há duas semanas, quando a Dow Jones anunciou que seu presidente-executivo, Richard Zannino, e L. Gordon Crovitz, diretor editorial do ‘Wall Street Journal’, deixariam seus postos.


O jornal deve demitir entre 25 e 40 de seus 750 profissionais de jornalismo. O objetivo não é reduzir o número de funcionários, que na verdade pode até vir a aumentar, mas abrir vagas para novos contratados nas áreas que Murdoch planeja expandir ou, em certos casos, simplesmente tirar certas pessoas do caminho. Diversos repórteres e editores respeitados estão sendo transferidos para Washington.


A coluna de Gerald Seib sobre a política na capital dos EUA também será retomada. O jornal começou a contratar repórteres e fez propostas lucrativas a alguns jornalistas conhecidos do ‘New York Times’ e outros veículos -sem sucesso na maioria dos casos.


Dentro de um ano, o jornal pode ter um grande grupo de repórteres e editores contratado por ordem de Murdoch e desvinculados das tradições do ‘Wall Street Journal’. Serão pessoas que não terão vivido os meses de ansiedade nos quais muitos dos jornalistas da empresa rejeitaram a aquisição e questionaram a ética jornalística de Murdoch. ‘Ao que parece teremos uma grande mudança de cultura’, afirmou um repórter veterano.


Tradução de PAULO MIGLIACCI’


MÍDIA & POLÍTICA


Johanna Nublat


Garibaldi fala 5 vezes por semana em rádios do NE


‘Para se manter próximo de seu eleitorado, o novo presidente do Senado, Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN), conta com uma rede de 20 emissoras de rádio que transmitem cinco dias por semana o seu programa de bate-papo, o ‘Falando Francamente’.


São 19 emissoras no Rio Grande do Norte e uma na Paraíba, segundo a assessoria do senador. Pelo menos três delas, ainda de acordo com os assessores, recebem pagamento em dinheiro público para veicularem o programa -da chamada verba indenizatória, recurso à parte do salário dos parlamentares que permite despesas com ‘divulgação de mandato’.


O gasto com as três rádios é, sempre segundo a assessoria de Garibaldi, de R$ 2.200 mensais. As outras emissoras divulgariam o material gratuitamente.


A proximidade do senador com meios de comunicação foi revelada pela Folha, no início do mês. A reportagem mostrou que o Ministério das Comunicações -comandado pelo mesmo partido de Garibaldi- havia excluído o nome do senador da composição societária da TV Cabugi, em Natal.


A reportagem entrou em contato com as três que receberiam pela divulgação e com outras três. Todas alegaram sigilo comercial e não informaram detalhes do acordo.


O programa existe desde 1965 e trata de política e amenidades. Nas duas últimas semanas, o senador aproveitou o espaço para trabalhar sua candidatura à presidência da Casa e para falar da CPMF.


Na terça-feira da semana passada, dia da votação do processo em que o ex-presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) foi acusado de compra de rádios por meio de laranjas, Garibaldi disse a seus ouvintes que, diferentemente do processo anterior de Renan, da segunda vez ele votaria pela absolvição do colega. Ao se posicionar, foi repreendido por Erivan (técnico do estúdio) e Gerlane (assessora), personagens freqüentes nas gravações.


‘Sei que estou contrariando muita gente, inclusive Erivan e Gerlane, que estão aqui contrariadíssimos e formam uma frente anti-Renan’, brincou.


A coloquialidade e o bom humor são marcas do programa. Na sexta-feira, ele elogiou o ‘Festival do Camarão’ de Natal e aproveitou para fazer propaganda de um amigo.


‘E o ‘Festival do Camarão’, ah, meu Deus! É bom tudo, mas esse camarão é de primeira. Quem me convidou foi o Aldo, que é muito amigo meu e dono da ótica que faz meus óculos.’ O programa costumava ser gravado num pequeno estúdio de seis metros quadrados no antigo gabinete do senador -que agora ocupa outro maior, o da presidência. A rotina do programa, assim como a do próprio senador, deve ser alterada. Os assessores já encomendaram um pequeno aparelho portátil para facilitar as gravações.’


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Justiça proíbe propaganda de Requião em TV


‘A Justiça Federal proibiu o governador do Paraná, Roberto Requião (PMDB), de fazer propaganda pessoal na TV Educativa do Estado.


A sentença é da juíza substituta Tani Mara Wurster, da 1ª Vara Cível Federal de Curitiba. Segundo ela, a publicidade oficial se mistura com opiniões pessoais de Requião.


O Ministério Público Federal havia pedido que o programa ‘Escola de Governo’, em que o material também é veiculado, fosse tirado do ar. Mas a juíza manteve o programa.’


Raphael Gomide


Morador de SP, deputado se destaca para sucessão no Rio


‘Um dos líderes na disputa para a Prefeitura do Rio, Wagner Montes (PDT), 53, tem endereço em São Paulo, vive em hotel no Rio e faz do estilo policialesco a característica que lhe dá audiência na TV e agora também lhe rende votos. Carismático e desbocado, o deputado estadual e apresentador de TV fuma um Chanceller após o outro, enquanto fala e brinca com todo mundo na rua do hotel na zona sul, onde fica no Rio.


O ex-calouro de Silvio Santos nasceu em Duque de Caxias (Baixada Fluminense), mas não mora no Estado. Sua casa é São Paulo, onde há 20 anos estão sua mulher, a atriz Sônia Lima, e os dois filhos.


Líder nas pesquisas de intenção de voto para prefeito do Rio (empatado com o senador Marcelo Crivella, 15%, segundo o Datafolha), foi o deputado mais votado na cidade em 2006 e o terceiro no Estado, com 111.802 votos e discurso pró-polícia.


Parte do prestígio se deve ao ‘Balanço Geral’, programa de notícias policiais na TV Record que disputa com a Globo a liderança entre 12h30 e 14h. O público é 82% das classes C, D e E.


O prefeito Cesar Maia (DEM) o convidou para reunião, quarta-feira. O governador Sérgio Cabral (PMDB) também quer conversar. ‘Sou a noivinha bonitinha com quem todo mundo quer casar’, diz. ‘Quero é ser governador.’


Seu maior rival é Marcelo Crivella (PRB), senador e bispo da Igreja Universal, cujos líderes são donos da Record.


Para Wagner Montes, evangélico, não há constrangimento. ‘Se é desconfortável, não é para mim nem para a Record. Tanto que renovou meu contrato até 2009’, disse.


O senador contou ter levado o apresentador à emissora. ‘Jamais moveria uma palha para frustrar o sonho de ser prefeito. Se ele for para o segundo turno, o apoiaria com honra’, disse.


Wagner Montes chega à TV às 11h45. Tira do armário a farda de ‘único comandante-geral honorário da PM’. Troca de roupa na frente da reportagem. ‘Nunca um repórter viu minha perna mecânica [sofreu um acidente de triciclo em 1981]. A Record que me deu. Me dá tudo. Tenho um terno novo por dia, é a ordem do presidente.’


Sem maquiagem -’só dou uma ‘força’ no cabelo’- entra no estúdio. No programa, é agressivo com criminosos e defende a ‘poliçada’. ‘Torço para um desgramado desses me dizer: ‘Perdeu, tio’. E eu: ‘Achou, sobrinho’, e dou uma caroçada [tiro].’ Em outro momento, diz como devem ser os interrogatórios. ‘Passa manteiga no biscoito, no pão, sabe? Molha… e passa bem [gesticula, como se estivesse dando tapas].’


Não é defensor de direitos humanos. ‘Direitos Humanos para humanos direitos: para o chefe de família, policial. Não vejo comissão ir a casa de policial morto ou chefe de família.’


Na Alerj, onde não registra nenhuma falta neste ano, a maioria de seus projetos beneficia policiais e bombeiros.


Candidatos


Com 9% na resposta espontânea -4,5 vezes o índice de Montes e Crivella-, César Maia atribui o desempenho de Montes à ‘novidade’ e à sua capacidade de comunicação com os setores populares.


Para o prefeito, que infla a candidatura do deputado em seu ‘ex-blog’, embora defenda a da deputada federal Solange Amaral (DEM), Montes e Crivella disputam o mesmo eleitorado. ‘Se Cesar Maia e Sérgio Cabral me apoiarem, Crivella não decolar, e a igreja [Universal] me apoiar, aí é infalível’, diz Wagner Montes.


Segundo Crivella, as pesquisas de agora estão muito distantes da realidade do ano que vem. ‘Meu cenário ideal é uma aliança dos partidos de esquerda. Mas parece que a esquerda só se une na cadeia, né?’, disse.


A terceira candidata forte é Denise Frossard (PPS), que disputou o segundo turno da eleição ao governo contra Cabral, apoiada por Cesar Maia.’


TELEVISÃO


Daniel Castro


Silvio Santos estréia ‘show da mentira’ com ‘celebridades’


‘O SBT estréia em janeiro ‘Nada Além da Verdade’, o mais novo programa de Silvio Santos. Nele, o apresentador submeterá celebridades de segunda e terceira categorias a um teste da verdade. Algo como um ‘Show do Milhão’ com perguntas sobre a vida do entrevistado -só que o prêmio máximo é de apenas R$ 100 mil. Silvio Santos já gravou com Rita Cadillac, Alessandra Scatena, Jorge Kajuru, Mara Maravilha, Sérgio Mallandro e Gretchen.


Diretor do programa, Marcos Ramos explica que, antes das gravações, os convidados são submetidos a uma bateria de cem perguntas. As respostas (apenas sim ou não) são analisadas por um polígrafo (detector de mentira). Dessas, 21 são escolhidas para o programa.


As celebridades respondem a blocos de perguntas que valem a partir de R$ 5.000 e até R$ 100 mil. ‘Se a pessoa mentir no caminho, ela fica só com a metade do prêmio’, diz Ramos.


‘As perguntas são leves, afinal, é um programa do Silvio Santos. Vai ter perguntas que beiram a sexualidade, mas sem agressividade. Não queremos constranger ninguém’, afirma.


‘Nada Além da Verdade’ aproveita um novo filão de sucesso mundial, o dos polígrafos. Seu formato foi criado por Howard Schultz, o mesmo de ‘Extreme Makeover’. O programa estréia nos EUA em 23 de janeiro, mas já faz sucesso no Reino Unido. Foi bem na Colômbia, mas saiu do ar após uma entrevistada admitir que pagou para matarem o próprio marido.


ÉTICA E ESTÉTICA


A moça da foto é Andrea Maltarolli, a mais nova titular do time de autores da Globo. Ela estréia em 18 de fevereiro, às 19h, quando entra no ar ‘Beleza Pura’. Andrea foi uma das criadoras de ‘Malhação’, em 1994, quando freqüentava curso de roteiristas da Globo. Ela conta que ‘Beleza Pura’ será uma novela sobre ética e estética -neste caso, não apenas como sinônimo de beleza, mas também no sentido de filosofia da arte. A história começa quando Guilherme (Edson Celulari) perde o emprego, após um acidente aéreo. ‘Ele é egoísta e tomará um choque de ética. Todos os personagens, menos os vilões, vão buscar a ética’, adianta.


‘Beleza Pura’ é uma comédia romântica que fala de estética e de ética, mas sem dar aula. Teremos personagens cirurgiões


ANDREA MALTAROLLI


A ITALIANA


Ana Maria Braga já definiu o roteiro de suas férias, em fevereiro. Após pegar um bronzeado passeando de barco em Angra (RJ), ela decola para a Itália, onde estreará sua cidadania italiana, conquistada em novembro, após dez anos. Para encerrar, faz um tour pela Ásia.


REDENÇÃO


A patricinha Beatriz (Priscila Fantin) terá um final surpreendente em ‘Sete Pecados’. ‘A novela tem como tema a redenção. Aquela que possui os sete pecados descobre as sete virtudes’, conta o autor, Walcyr Carrasco.


DESIGNER CULTURAL


A atriz Flávia Scherner, 25, derrotou quase 500 candidatos e foi escolhida, na semana passada, a nova apresentadora do ‘Zoom’, da Cultura. Curitibana, ela se inscreveu com um vídeo em que dava notícias de cinema. Já tinha se mudado para São Paulo, em busca de melhor mercado de trabalho, quando foi convocada para testes. ‘Quero fazer TV e entrar em um grupo de teatro’, conta. ‘Ah, põe aí que sou formada em design? Meu pai sempre diz para eu dizer isso nas entrevistas.’


CENÁRIO CENTRAL


A próxima novela das oito da Globo, no ar a partir de maio, terá o centro de São Paulo como cenário. ‘Quero fazer uma novela mais no centro histórico. Acho lindo esse lugar’, diz o diretor-geral, Ricardo Waddington, carioca, citando a estação da Luz. A novela, inicialmente, seria ambientada em Brasília. ‘A oferta de vôos para Brasília é muito menor. Além disso, se houver problemas nos aeroportos, dá para vir para São Paulo de ônibus’, explica.


PEDE PRA SAIR


‘Caveirão do Gordo’ e ‘Os Quebradeiros’ são as novidades da programação de verão da MTV. No primeiro, João Gordo entrevista famosos nas praias do Rio, sempre ao lado de um carrinho de raspadinha adaptado para parecer um ‘caveirão’, o carro blindado do Bope, batalhão de elite da PM fluminense, agora famoso em todo o país graças a ‘Tropa de Elite’. ‘Os Quebradeiros’ é um reality show só com rapazes dividindo uma casa de praia.


Pergunta indiscreta


FOLHA – Estão dizendo que você se inspirou no Ratinho para criar o Juvenal Antena (Antonio Fagundes) de ‘Duas Caras’. É verdade?


AGUINALDO SILVA (autor de novelas) – Não me diga. Tem um líder comunitário aqui no Rio, chamado Ratinho, que está dizendo que o personagem é inspirado nele. É isso? De saída já digo que não o conheço.’


Laura Mattos


‘Não quero parecer caída nem enganar’


‘Aos 66 anos, Betty Faria está com corpinho de fazer inveja a muita mocinha por aí. Em ‘Duas Caras’, da Globo, sua personagem usa vestidos justos e aparece de lingerie ao lado do vilão interpretado por Rodrigo Hilbert, 39 anos mais novo. Com seus 1,66 m de altura e 58 kg, não fez feio, apesar das câmeras de alta definição, que deixam mais evidentes rugas e outras imperfeições.


Agora que virou blogueira, Betty recebe elogios de fãs e compartilha receitas da boa forma. Nesta entrevista por e-mail, a atriz fala de aparência, da novela, do filme inédito ‘Chega de Saudade’ e confessa ter se arrependido de deixar o papel de Viúva Porcina, que seria seu, para Regina Duarte.


FOLHA – Aos 66, você está com um corpinho de dar inveja às gostosonas do momento…


BETTY FARIA – Obrigada, mas inveja às gostosonas é um engano imenso. Uma mulher em minha idade, com boa forma mantida por anos e anos de balé clássico, tem a forma, mas não o tônus, e não existe realmente essa preocupação. Existe sim vontade de ter o corpo preparado para qualquer tipo de personagem. É mais fácil estragar do que consertar, concorda? E também tenho vaidade, que não tem nada a ver com problema de idade, e prazer imenso em me vestir de acordo com meu tempo. E, quando a roupa cai bem, fica mais fácil.


FOLHA – Como mantém a forma?


BETTY – Sempre fiz balé clássico, moderno e, atualmente, por ter muitas lesões de bailarina e pouco tempo para academias, tenho um personal trainer no mínimo três vezes por semana. Quanto à dieta, é o seguinte: detesto engordar e, quando ganho aqueles três quilos que as mulheres detestam, vou à nutricionista, que também é uma forma de se manter saudável.


FOLHA – Como se sente em cenas mais ousadas de ‘Duas Caras’, em que aparece de lingerie, como a que teve na cama com Rodrigo Hilbert?


BETTY – Wolf Maia [diretor] teve bastante cuidado e bom gosto para não ter vulgaridade. O resultado foi bom, e eu confiei.


FOLHA – A TV digital preocupa atrizes por tornar rugas mais aparentes.


BETTY – É claro que, se eu puder fotografar bem, como mulher normal, fico contente. Mas não vai aí nenhuma neurose. Uso pouco make up [maquiagem]. Acho desagradável aquela máscara. Não quero parecer caída, nem enganar o público.


FOLHA – Quantas plásticas já fez?


BETTY – Fiz um lifting alguns anos atrás e no momento estou me sentindo muito bem com o rosto que tenho. Isso não quer dizer que seja definitiva minha opinião. Na época em que fiz esse lifting, que o doutor Ivo Pitanguy chama de refrescamento, estava me sentindo mal com minha aparência, e me fez muito bem. Ajuda na auto-estima.


FOLHA – Seu site registra que fez dois filmes de Jece Valadão (‘A Lei do Cão’ e ‘Sete Faces de um Cafajeste’), ‘ambos não exatamente espetaculares’, por dinheiro. Conta também que começou na TV porque precisava de dinheiro. Ainda faz televisão por essa razão?


BETTY – Você gosta de trabalhar de graça? Algumas vezes fiz isso, mas adoro receber pelo meu trabalho. Sempre fui assim, independente, sem pensão de marido [é ex-mulher do ator Cláudio Marzo e do diretor Daniel Filho], criando meus filhos e sustentáculo de uma família. Agora, o prazer que tenho em atuar não tem preço.


FOLHA – Arrependeu-se de não ter topado ser a Viúva Porcina quando a novela pôde ir ao ar [Betty iria fazer personagem numa versão anterior, censurada pelo governo militar]?


BETTY – Teve um momento, em que estava fazendo produção executiva para Nelson Pereira dos Santos no sertão baiano, que me arrependi sim.


FOLHA – É curioso que Porcina tenha marcado a carreira da namoradinha do Brasil e não da namoradeira do Brasil… O que acha, aliás, de ter essa fama de namoradeira?


BETTY – Não sabia dessa fama, acho engraçada! É a primeira vez que alguém me fala isso.


FOLHA – Li que você agora prega que o melhor é ter vários namorados ao mesmo tempo.


BETTY – Uma coisa que a maturidade me ensinou foi a não falar de minhas intimidades. Não gosto mesmo. Acho desperdício de espaço na mídia.


FOLHA – No filme ‘Chega de Saudade’, sua personagem reluta, mas acaba concordando em pagar para ter um parceiro na pista. Isso traz para você uma sensação de solidão ligada à terceira idade. É algo que você teme?


BETTY – Adorei esse personagem exatamente por esse medo da solidão que aflige tantas pessoas. Não tenho isso pois sou um ser solitário. Sou filha única e adoro minha casa, meus filmes, meus livros. Quando quero, recebo amigos de fé.’


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ATRIZ FAZ APELO A LULA NO PROJAC


‘O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a primeira-dama, Marisa Letícia, visitaram o Projac (central de estúdios da Globo, no Rio), no início de dezembro, e passaram pelos estúdios de ‘Duas Caras’. O casal assistiu a uma cena de Betty Faria. Ao final da gravação, ela pediu ao presidente para ‘rever a questão das armas’, porque ‘crianças estão sendo assassinadas’. Lula respondeu que ‘precisamos fazer um novo referendum, porque no primeiro o povo votou para ter [direito ao porte de] armas’.’


Bia Abramo


Eu pago, eles decidem e nós engolimos


‘DANIEL CASTRO já havia comentado brevemente o teor de uma campanha da Associação Brasileira de TV por Assinatura (ABTA) contra o projeto de lei que institui cotas para programação nacional nos canais pagos em sua coluna de 5 de dezembro. Intituladas ‘Falácia 1’, ‘Falácia 2’, as duas notas chamavam atenção para o fato de que a campanha apóia-se numa inverdade, num argumento essencialmente falso: se a lei for aprovada, os assinantes não vão mais ‘escolher a programação’.


‘Então não muda nada’, concluía Castro, e com razão: desde quando o assinante escolhe a programação da TV por assinatura? No máximo, escolhe-se a operadora, o pacote e a mensalidade. Os 5 milhões de assinantes da TV paga, número ao qual chegou o mercado de TV por assinatura este ano, quase que uma década depois de suas previsões excessivamente otimistas, não decidem uma vírgula daquilo que os canais pagos decidem sobre a programação.


O projeto de lei contra o qual a ABTA está se insurgindo prevê uma cota de 50% para canais pagos brasileiros, mais 10% de programação nacional nos canais estrangeiros -que hoje somam 75% da programação da TV por assinatura no Brasil. Leis protecionistas na área de comunicação e produção cultural podem ter resultados ambíguos, às vezes protegendo o que não existe e/ou favorecendo uma produção mediana simplesmente para preencher a cota, mas daí a comprar a briga das operadoras há um abismo.


A peça publicitária vai além da argumentação falaciosa; ela prossegue com uma ameaça: ‘Eles decidem o que você vai assistir e depois é você quem pagará mais por isso’. Ou seja, de forma nada sutil, estão avisando que, se o assinante não aderir à campanha e a lei for aprovada, os custos do cumprimento da lei serão repassados ao consumidor.


Portanto, caro assinante de TV, o melhor é engolir a lógica torta, correr para o site Liberdade na TV e dizer, em alto e bom som, aquilo que, no íntimo, você sabe não ser verdade: ‘Eu pago, eu escolho o que vou ver na minha TV por assinatura’.


E se os assinantes levassem a afirmação a sério e passassem a exigir, de fato, poder escolher por aquilo que pagam (e não é pouco)? Leitor, leitora: você não gostaria de decidir o que vai ver na TV por assinatura?


Que tal começar com a volta das séries legendadas na Fox? Ou banir, definitivamente, determinados filmes depois que eles atingem um certo número de reprises? Ou oferecer pacotes realmente flexíveis por preços bem mais camaradas? Ou uma programação com menos intervalos comerciais? Cartas para a redação.’


Cristina Fibe


Noveleiros levam trama de época à internet


‘Eles gravam nas madrugadas de segunda a sexta, da 1h às 6h, sem que ninguém receba nada por isso. A webnovela ‘Nos Tempos da Garoa’ envolve cinco produtores e 26 atores, com trabalhos paralelos (de imobiliárias a consultórios de psicoterapia), que abrem mão das noites de sono para poderem mostrar seu trabalho no site www.spetaculos.com.br.


‘Garoa’, a quarta novela -e a primeira de época- do grupo Spetáculos, estreou no dia 13 do mês passado. Semanal, ganha o seu sexto capítulo na próxima terça-feira, e deve ter 30 episódios (cada um com 30 minutos), estendendo-se até maio.


A história se passa na São Paulo de 1956, com direito a romance entre padre e prostituta, doença terminal de empresário rico, disputa por herança e por aí vai. Ou seja, nada que já não tenha sido feito (e melhor) para a televisão.


O principal diferencial, segundo o autor, Leandro Barbieri, é ‘a dinâmica: em um capítulo, acontece tudo o que levaria uma semana na TV’.


A ‘estrutura de folhetim’ que o diretor usa não é à toa. Apesar de ver o futuro do formato on-line, um dos objetivos de Barbieri é levar ‘Garoa’ à TV. Ele diz que está negociando para isso, mas não pode ‘revelar’ com qual emissora.


Aos 22 anos, Barbieri, aluno de rádio e TV da Universidade Metodista -onde conheceu Silvia Cabezaolias, co-diretora da ‘Garoa’-, afirma trabalhar ‘há 12 anos com novelas’. Mas começou aos 10? ‘Sim, com pesquisa, montando meu acervo. Depois passei a fazer análise e escrever críticas e roteiros.’


Mas Silvia e Barbieri estrearam mesmo nas novelas em 2004, em um canal universitário, e depois migraram para o site allTV. Hoje, usam suas MiniDVs e uma casa da família dele, na Aclimação, como estúdio. Lá, conseguiram montar 17 cenários para ‘Garoa’, que tem 30 personagens e ainda não teve a audiência medida.


A experiência virtual, diz Barbieri, é a ‘realização do sonho de trabalhar com novelas’. É irônico que a ‘dramaturgia na internet’, como diz o slogan do grupo, seja feita justamente por alguém louco para migrar para a TV.’


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 16 de dezembro de 2007


GOVERNO LULA
João Domingos


Planalto gastará R$ 150 milhões com propaganda


‘A Presidência da República vai contratar três agências de publicidade para cuidar de sua propaganda institucional nos próximos anos. Serão gastos R$ 150 milhões por ano. Os contratos terão vigência de 12 meses, prorrogáveis por mais 48. Trinta e seis agências disputam a licitação. O prazo para a entrega terminou na quinta-feira. Os envelopes serão abertos amanhã.


Durante os primeiros três anos do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, a conta da Presidência foi atendida pela Duda Mendonça, pela Matisse e pela Lew, Lara. Com a crise do mensalão, em 2005, e a suspeita levantada pela Polícia Federal de envolvimento de Duda Mendonça no escândalo, sua agência deixou o governo em 2006. Desde então, a publicidade institucional ficou a cargo das outras duas.


De acordo com informação da Secretaria de Comunicação Social (Secom), desta vez as agências dividirão o bolo publicitário em nacos semelhantes. Nos cinco anos anteriores, uma delas poderia ficar com até 70% – parte que coube à agência Duda Mendonça – e as outras com, no mínimo, 15%.


Os contratos puderam ser prorrogados por 48 meses, regra que valerá para a atual licitação.


Desta vez, porém, haverá um importante diferencial em relação ao processo anterior. Na fase de avaliação da proposta técnica, o item plano de comunicação publicitária – parte considerada a mais importante desta etapa – não terá identificação do nome das agências participantes.


A licitação será do tipo ‘melhor técnica’. A proposta de melhor preço será submetida à aceitação pelas três agências vencedoras do processo licitatório na fase técnica.


O tema da campanha apontada no edital é relacionado ao programa de revitalização e ao projeto de interligação das bacias do Rio São Francisco – o anterior era sobre o Fome Zero, programa que o candidato Lula considerava o mais importante de seu primeiro ano de governo.


De acordo com o edital, as agências devem manter, no mínimo, 13 profissionais instalados em Brasília. Além de contar com um núcleo de mídia, com pelo menos seis técnicos, para prestar atendimento à Secom.


Por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU), as agências vencedoras ficarão proibidas de fazer para a Presidência da República serviços de assessoramento e apoio na execução de ações de assessoria de imprensa, relações públicas, promoção, patrocínios, organização de eventos, planejamento e montagem de eventos em feiras e exposições.


A Secom fará também licitação para a produção da nova página da Presidência da República na internet e para a contratação de uma empresa de promoção do Brasil no Exterior. Outra concorrência deverá escolher uma empresa de pesquisas de opinião e avaliação sobre temas ligados às políticas públicas e serviços do Poder Executivo federal, para orientação das ações de comunicação.’


TELECOMUNICAÇÕES


Ethevaldo Siqueira


Governo confisca bilhões e encarece telefonia


‘O ministro das Comunicações, Hélio Costa, costuma criticar as elevadas tarifas telefônicas brasileiras. Não diz, contudo, que um dos maiores responsáveis por esses preços elevados é o próprio governo, já que os tributos – impostos, taxas, fundos e outras contribuições – representam mais de 40% do valor dos serviços telefônicos no País e cuja arrecadação anual supera a recém-falecida CPMF.


Neste ano, nós, usuários de telefonia, estamos pagando R$ 52 bilhões de tributos aos governos estaduais, municipais e federal. Da receita global do setor – R$ 132 bilhões – só R$ 80 bilhões são serviços. O resto é tributo.


É claro que existem outras causas para o preço elevado dos serviços, tais como o baixo grau de competição na telefonia local e o reduzido poder aquisitivo da maioria da população. E, para agravar esse quadro, o cidadão brasileiro não parece estar ciente dos tributos que paga.


Minha conta de energia elétrica residencial, que inclui meu escritório doméstico (ou home office), totalizou neste mês R$ 898,27. Embutidos nesse valor, estão R$ 224,56 de ICMS, mais R$ 28,55 de PIS e Cofins. Tomando por base a tarifa líquida de serviços, de R$ 645,16, a tributação alcança o nível absurdo de 39,24%.


O que ameniza um pouco a situação da energia elétrica são os critérios de tarifa social. Quanto menor o consumo, menor o valor do quilowatt-hora (kWh). Em telefonia residencial, não há qualquer diferenciação de tarifa. Banqueiro e lavadeira pagam a mesma coisa, tanto na telefonia fixa como no celular.


CAMPEÃO DO MUNDO


Nenhum país no mundo tributa em níveis tão elevados as telecomunicações como o Brasil. Utilidades essenciais, como energia e comunicações, são taxadas aqui com as mesmas alíquotas dos artigos de luxo.


Estou pagando minha conta telefônica de dezembro, no total de R$ 788,29. Desse montante, R$ 566,15 são serviços. O resto são tributos: R$ 197,06 de ICMS, com uma alíquota de 25% calculada ‘por dentro’ – e mais PIS e Cofins, no valor R$ 25,08. Total de tributos: 39,24%.


No caso concreto da telefonia, além dos 39,24% de tributos que pagamos, a concessionária recolhe, outras contribuições, a título de Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel) e Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (Funttel).


Mesmo abocanhando tanto de nossas contas telefônicas, o Estado brasileiro não tem nenhuma obrigação de investir no setor de telecomunicações, diferentemente do que ocorre no setor de energia elétrica. Só lhe compete arrecadar. Na prática, depois de ter privatizado a Telebrás, o governo se tornou o maior sócio das receitas setoriais.


O cálculo de imposto ‘por dentro’ é artifício matemático. Veja a malícia, leitor, de uma conta hipotética de R$ 100, com um único imposto de 25%. Nela, há duas parcelas distintas: R$ 75 de serviços e R$ 25 de imposto (como ICMS). Assim calculado, o imposto equivale a 25% do total da conta. Comparando-se os R$ 25 de imposto com os R$ 75 de serviços, comprova-se que o tributo equivale a 33,33% dos serviços.


Com a expansão acelerada da base instalada de telefones, cresce a cada dia o volume de tributos cobrados das telecomunicações, sem falar no confisco de mais R$ 3 bilhões de fundos de destinação específica (Fust, Fistel e Funttel), que são simplesmente enxugados pelo Tesouro Nacional.


FUST E FISTEL


O Fust, criado no ano 2000, já acumulou mais de R$ 6 bilhões de recursos sugados das receitas setoriais, sem ter aplicado praticamente nada nas finalidades de sua criação, que incluem coisas importantes como levar a telefonia às áreas mais pobres, informatizar escolas e hospitais e ampliar a inclusão digital no País. Esses R$ 6 bilhões já foram transformados em superávit fiscal. Não voltam mais.


Resta ainda o Fistel, recolhido pelas empresas, que deveria ser integralmente aplicado na fiscalização dos serviços, por intermédio da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Neste ano, só de taxas do Fistel, serão recolhidos de R$ 2,4 bilhões, valor que supera o total recolhido em todo o ano passado. Desse total, o governo destina apenas R$ 355 milhões para o orçamento da Anatel de 2007. Os excedentes R$ 2 bilhões do Fistel são embolsados pelo governo.


Conforme estudo da Associação Brasileira de Telecomunicações (Telebrasil), em parceria com a consultoria Teleco, a arrecadação acumulada do Fistel, de 2001 a 2006, foi R$ 6,5 bilhões, enquanto os orçamentos da Anatel somados não passaram de R$ 1,4 bilhão. Resultado: uma diferença de R$ 5,1 bilhões que foram destinados ao superávit primário. Ou, na linguagem popular: foram para o ralo.


Conclusão: o governo não aplica os recursos do Fust na universalização dos serviços de telecomunicações, como determina a lei que criou esse fundo. E pior: tudo que foi acumulado e não utilizado já desapareceu para sempre, pois o governo não devolve, direta ou indiretamente, esses recursos aos contribuintes. Nem do Fust, nem do Fistel, nem do Funttel.’


THE TIMES


William Rees-Mogg


Uma história de vida e o jornal ‘The Times’


‘O jornal The Times foi fundado em 1785, como The Daily Universal Register, por John Walter, que acumulava as funções de empresário, publisher, proprietário e editor. Em 1789, a Bastilha foi tomada, o que levou à Revolução Francesa, ao Terror, à ascensão de Napoleão e às guerras napoleônicas. Em 1815, aquele período foi encerrado pela vitória anglo-prussiana em Waterloo. Ao navegar rumo a Santa Helena, Napoleão pediu um exemplar do Times, então o jornal mais respeitado do mundo. Mais tarde, Abraham Lincoln comparou o poder do Times ao do Mississippi, mas mesmo naquela época tratava-se de bajulação vinda de um político.


Na semana passada, a News Corporation anunciou que James Murdoch assumiria, entre outras responsabilidades, a supervisão da administração da Times Newspapers, incluindo o desenvolvimento estratégico e operacional do jornal The Times. Ao mesmo tempo, Robert Thomson, editor do diário, será o publisher do Wall Street Journal e James Harding o próximo editor do Times.


Pelos padrões da imprensa britânica, o Times tem sido uma instituição bastante estável. Pelos meus cálculos, Murdoch é o 11.º publisher em 220 anos, numa lista que inclui proprietários como lorde Northcliffe, lorde Thomson of Fleet e seu próprio pai; obviamente, a contagem depende de quem consideramos publishers. Harding será o 17.º editor desde 1817, quando as funções de publisher e editor foram separadas e Thomas Barnes foi nomeado editor.


Na história do Times, tornou-se rara a mudança simultânea do proprietário ou publisher e do editor. As duas ocasiões anteriores foram em 1967 e 1981; estive envolvido em ambas. Em 1967, Roy Thomson comprou o Times do lorde Astor of Hever e formou uma nova companhia, Times Newspapers Limited, que uniu o Times e o Sunday Times. Fui nomeado editor do Times; Harold Evans assumiu a edição do Sunday Times.


Em 1981, Kenneth Thomson vendeu a Times Newspapers a Rupert Murdoch. Apoiei totalmente essa transação como a melhor maneira de salvar o Times, mas senti que o jornal precisava de um novo editor, depois da paralisação de um ano, que havia cansado a todos.


A paralisação fora uma tentativa malsucedida de fazer com que os sindicatos de gráficos aceitassem novas tecnologias. Murdoch conseguiu introduzir as novas tecnologias, mas só depois da mudança para a área londrina de Wapping e de uma dura disputa com os sindicatos.


No século 20, três proprietários salvaram o Times: lorde Northcliffe, lorde Thomson e Rupert Murdoch. E Murdoch teve a tarefa mais difícil. Todo jornal deve ser capaz de se modernizar, em termos editoriais, comerciais, tecnológicos e competitivos. Um jornal precisa ser modernizado para um público contemporâneo.


O Times tira vantagens consideráveis de seu caráter tradicional e institucional. O caráter histórico lhe dá autoridade adicional; os leitores do Times nem sempre aceitam sua interpretação dos fatos, mas tendem a acreditar que o jornal tenta honestamente noticiá-los corretamente. Essa confiança é um grande bem, mas é contrabalançada por uma imagem quase inevitável de ligação com o establishment. No período pós-guerra, hoje de 60 anos, o Times sempre foi um jornal altamente independente, mas estivemos próximos demais do establishment nos anos 30.


Em janeiro de 1967, quando a nova diretoria da Times Newspapers me nomeou editor, a visão tradicional do Times ainda era muito forte, com suas vantagens e desvantagens. Meu antecessor, sir William Haley, havia sido diretor-geral da BBC quando a emissora ainda era um monopólio nacional. Ele era um bom editor de jornal, que me deixou uma equipe muito forte, mas era naturalmente sério e tinha um temperamento um pouco puritano. Seu Times havia mantido boas relações com um establishment britânico que dedicara todas as suas energias a vencer a guerra. Isso havia endurecido sua alma.


Ainda havia um respeito por posições de autoridade que parecia natural para a velha cultura britânica. Um dia depois de minha nomeação, recebi uma nota de felicitação de John Sparrow, então diretor do All Souls College, em Oxford, afirmando que agora que eu havia me tornado editor do Times, poderia morrer tranqüilamente durante a noite, pois havia atingido um dos pontos mais altos possíveis na vida de um inglês.


Naquela época, existiam cargos indubitavelmente ingleses com uma certa dignidade romântica, às vezes associada a nomes excêntricos – Warden of All Souls, Master of the Rolls, Lord Chancellor, Archbishop of Canterbury, Provost of Eton, Viceroy of India (até 1947), President of the Royal Society e, devemos admitir, Editor of The Times. Isso podia subir à cabeça.


Ainda há um elemento romântico associado ao cargo, mesmo numa era mais prosaica. Ele não se equipara a nenhuma outra função de editor na Grã-Bretanha, no mínimo porque, em termos globais, é muito mais conhecido. Mesmo como ex-editor, o cargo me deu acesso para entrevistar o presidente da China, Jiang Zemin; acesso é a chave para a informação e o editor do Times tem muito acesso ao redor do mundo.


Em 1967, trabalhávamos para atingir os potenciais leitores que estavam com menos de 40 anos, e ainda têm menos de 80. A primeira grande decisão que tomamos foi desenvolver uma seção de Economia separada. Eu havia sido responsável no Sunday Times pela criação da seção de Economia, que fora um grande sucesso. Meu aprendizado ocorrera no Financial Times, como no caso de Robert Thomson e James Harding. Em 1967, nosso objetivo era transformar o Times num jornal de assuntos gerais atraente para os empresários – algo que o jornal certamente é hoje.


Agora haverá, inevitavelmente, competição global entre o Financial Times e o Wall Street Journal sob a propriedade da News Corporation. O FT formou três editores do Times nos últimos 40 anos; talvez haja alguma ironia nisso.’


REVISTA NORTE


Francisco Quinteiro Pires


Quando o norte da produção cultural é traçado pelo Sul


‘O editorial de apresentação da estreante Norte recebe título de Carta de Navegação. Ali a revista apresenta informações sobre a gênese e as justificações do novo periódico cultural, publicado pela editora Arquipélago (www.arquipelagoeditorial.com.br), baseada no Rio Grande do Sul. ‘A idéia era criar uma revista que, produzida no extremo sul do Brasil, não tivesse em sua pauta a restrição dos assuntos locais.’


Fugindo ao bairrismo que por vezes afeta a produção cultural na Região Sul, a bimestral Norte (34 págs., R$ 3,50) adota o ponto de vista sulista, mas sem prescindir do diálogo e da diversidade para compreender as coisas do mundo.


A primeira edição tem a predominância da literatura, entre ensaios e ficções. O crítico literário José Castello assina o artigo Crônica: Um Gênero Brasileiro. Ele defende a idéia de que os cronistas trazem à literatura a leveza da escrita sobre o que é gratuito e impulsivo, sem a obrigação de brilho, superação ou choque no processo literário.


Embora tenha seu elemento de leveza, não é nem um pouco fácil praticar a crônica, considerada gênero menor por alguns e jornalismo por outros. Mas, apesar dos críticos e da difícil classificação, ela permanece. E vem de longe: José Castello chama de primeiros cronistas os missivistas que relatavam o Novo Mundo na época dos Grandes Descobrimentos, embora tivessem uma função pragmática e estivessem ligados mais à História do que à literatura. A crônica se aproximou da ficção com a expansão da imprensa, no século 19. Os primeiros cronistas regulares no Brasil foram também grandes escritores, como José Alencar, Machado de Assis, Olavo Bilac e João do Rio. Mas ela se firmou como gênero brasileiro ao longo do século 20 graças à contribuição dos inventivos Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Sérgio Porto, Carlos Oliveira, Raquel de Queiroz, Fernando Sabino e Henrique Pongetti.


Ele tornaram a crônica um espaço da liberdade, em que se dispensavam pompas e cânones literários. O cronista não tem compromisso com nada nem com ninguém – nem com a verdade dos fatos, estrutura do jornalismo, tampouco com a prevalência da imaginação, alicerce da literatura.


O escritor manipula verdade e ficção a seu bel-prazer e a partir de uma perspectiva pessoal e confessional. José Castello afirma que o cronista é incompreendido porque habita a zona limítrofe entre o verdadeiro e o inventado. E é ele quem continua a fazer a quente conexão entre vida e literatura.’


TÚNEL DO TEMPO


O Estado de S. Paulo


O jornalismo do passado para leitores do presente


‘Quando o jornalista Moacir Japiassu criou a revista Jornal dos Jornais, em 1999, a intenção era denunciar a incompetência, a burrice e a picaretagem da imprensa . Dentro desse periódico, existia uma seção sob os cuidados de José Sebastião Witter chamada de Túnel do Tempo. Nela Witter, que dirigiu o Museu do Ipiranga, publicava artigos e matérias veiculadas por jornais da época do Império e da República Velha. O objetivo era familiarizar o leitor com o jornalismo do passado por meio de editoriais escritos por autores como Ferreira de Araújo, José do Patrocínio, Medeiros e Albuquerque, Olavo Bilac, etc. E, ao relevar o passado, propiciava a possibilidade de cultura jornalística aos brasileiros.


Túnel do Tempo José Sebastião Witter Ateliê 128 págs., R$ 22′


MEU NOME NÃO É JOHNNY


Flávia Guerra


Nasce um Estrella


‘O nome dele não é Johnny. É João Guilherme Estrella. E a sina do sobrenome traçou para a vida desse carioca da gema uma trajetória meteórica. Hoje é o João Guilherme, produtor musical. O João Guilherme empresário de Ivo Meirelles, presidente da bateria da Mangueira, cujo morro ele sempre sobe para sambar na pista e tomar raras cervejas.


Muito longe de ser um joão-ninguém, hoje ele é um ‘cara normal’. Mas João já foi Johnny, ‘o maior vendedor de cocaína da Zona Sul carioca’. Sua estrela esteve em franca ascendência e garantia ‘muito brilho’ às festas estelares da elite carioca dos anos 80, quando a cocaína caiu na corrente sanguínea da cidade. E despencou na década seguinte. Digna de uma quasar, a estrela de João quase foi sugada por buracos negros astronômicos. Ele foi preso, processado por tráfico de drogas e se viu diante da ameaça de passar a vida na cadeia.


‘O poderoso traficante Johnny foi preso hoje pela Polícia Federal’, diziam os telejornais em 25 de outubro de 1995. ‘Meu nome não é Johnny’, limitou-se a bradar João na nova casa que havia ganhado: uma cela em que dividia o exíguo espaço com dezenas de outros ‘indivíduos perigosos’. Como todo calibre grosso do tráfico que se preze, João tinha um apelido. Ou quase. A alcunha ele ganhou da imprensa. Material para as ficções cotidianas que precisam rechear os noticiários diários. O calibre nunca foi muito grosso. Nem de mérito. Nem de fato. Em poucos anos, mais com lábia que com força, ele tinha se tornado um ponto-chave de uma vertiginosa rede de tráfico. Era a bola da vez da Polícia Federal. Sua arma, contudo, eram seu carisma e sua lábia. Para ele, dar um tiro nunca havia significado mais que traçar a tradicional ‘carreira’, aquela em que cartões de crédito se tornam espátulas para separar o pó branco em superfícies muito lisas.


Nenhum tiro foi disparado. Mas João morreu naquele dia de outubro, quando o apartamento em Copacabana, onde ele e dois amigos preparavam seis quilos de cocaína que, mais uma vez, levaria para a Europa, foi invadido pela polícia. Era de se pensar que o destino que os astros haviam reservado para Estrella tivesse se cumprido. Mas a jornada estava apenas começando.


Depois de meses na cadeia, condenado a passar dois anos no Manicômio Judiciário e muitos tempo depois de sua mãe descobrir qual era o trabalho do filho – ela só soube com a notícia da prisão, divulgada no Jornal Nacional,- o sobrenome Estrella nunca ecoou tão alto. Hoje basta ir a qualquer grande cadeia de cinema para se deparar com o trailer de Meu Nome não é Johnny, longa-metragem estrelado por Selton Mello e dirigido por Mauro Lima, que refaz a trajetória de João e é inspirado no livro homônimo que o jornalista Guilherme Fiúza lançou nos anos 90. ‘Então, você é o famoso João Estrella?’ Quando a Cleo Pires disse isso eu afundei na cadeira e parecia que o mundo estava olhando para mim’, diz o dono da fama. ‘Fui ao cinema com minha mulher e não sabia que o trailer já estava sendo exibido. Muito menos que meu nome era mencionado em alto e bom som!’


Escancarar sua trajetória e tirar a névoa que sempre paira sobre a história de qualquer ex-criminoso não foi e não é motivo de susto para João. Muito menos falar sem tomar precauções e checar se se está sendo politicamente correto a cada vírgula. O que tem de fato surpreendido esse ex-garoto de praia, que resolveu surfar por ondas mais sinuosas que as de Ipanema, é a reação dos jovens que eram crianças quando ele foi preso.


Desde sua libertação em 1998, João já concedeu centenas de entrevistas, mas surpreende-se com um fato novo: nada de novo. Ou quase. ‘Vejo que hoje, depois de tanto tempo e tanto se falar de drogas, liberação e uso, na mídia, na TV, na escola, é ainda um assunto tabu, sim. Não no sentido do que não se fala. Mas não se fala com sinceridade. A grande maioria dos jovens ainda não encontra em casa uma posição que, em vez de julgar, oriente. O que não significa que não se deva impor limite.’


De limite, ele hoje entende. Como bem o diz o slogan do filme, João tinha tudo. Menos limite. E, até entender em que ponto se deve parar e traçar a fina linha vermelha entre o certo e o errado, rodou muito. ‘Na minha vida nunca teve muito o dentro e o fora da lei. As coisas foram acontecendo. Em um dos debates, um dos garotos ia fazer o jornal da escola. E ele, bem jornalista, perguntou: ‘E a hipocrisia? Você curtiu pra caramba e agora vem dizer para a gente não fazer nada e ser santo!’ Aquilo me baqueou. Caiu a ficha da responsabilidade que é falar com o adolescente.’


A franqueza surpreendeu João. ‘Os jovens não me julgam. Muito menos são condescendentes. Eles me tratam de igual para igual. Querem saber quem é o João e não o Johnny. Muitos me procuram depois dos debates para falar de suas dúvidas. Os na fase de 15, 16 têm mais curiosidade. É um rito de passagem, a primeira vez que se experimenta uma droga.’ A velha combinação fatídica do ‘jovem de família disfuncional que acaba se perdendo pelo caminho dos tóxicos’ não se aplica a João. ‘Não tem nada disso. Tinha problemas como todos. Eu tive tudo. É claro que a primeira vez que acendi um baseado estava a fim de aventura, de transpor meus limites e de me integrar à minha turma’, admite, deixando a hipocrisia em outra galáxia.


De fato. De hipocrisia os olhares caridosos estão cheios. Como fugir do clichê de perguntar a um ex-vendedor de cocaína se ele é a favor ou não da liberação do uso e da venda de drogas? E se ele sabia, como diz um amigo no filme, ‘que não estava vendendo pulseirinha de crochê em centro acadêmico’?


‘Não considero séria esta discussão no Brasil. Não diria hoje que sou a favor ou contra. Mas não estamos preparados para isso. Não é só questão de liberar ou não. O tráfico de drogas virou uma questão social importante. Mas é ridículo culpar a classe média por isso. Se liberar, toda essa ‘economia informal’ vai para a rede formal de serviços. Como é que os grandes traficantes dos morros vão ganhar o que ganham hoje? Vão partir para ‘outra atividade’. É preciso criar oportunidades nas favelas para que a comunidade não dependa do tráfico’, diz. ‘Não é só questão de ser bandido ou não. Vejo os meninos da Mangueira. Como todo jovem, chegam a uma idade em que vão querer, sim, ter um tênis bacana. Como pagar isso? Vão ter trabalho? A grande maioria ou vai ser da bateria da escola ou vai entrar pro tráfico. Enquanto isso, toda hora também se vê jovem da classe média e média alta ser preso por tráfico. Só que de ecstasy, que hoje é a droga que não passa pela favela.’


Qualquer semelhança com jovens da classe média alta carioca que estamparam, há pouco, as páginas dos periódicos, não é mero destino. ‘No meu tempo, quem cheirava cocaína era rico. Hoje pobre também cheira. Rico cheira a boa. Pobre cheira a ruim. Droga de rico hoje é ecstasy. Nem celular existia. Mas o problema ainda é o mesmo.’


Celular, internet e o buraco negro social que o tráfico de drogas se tornou no Brasil não passavam perto das festinhas regadas a Nelore Puro, a ‘cocaína de grife’ que João vendia para moças e rapazes de fino trato, que, assim como seu fornecedor, não eram freqüentadores das bocas em tantas favelas. Trazida do Mato Grosso, a cocaína com nome de gado (o negócio de fachada) era refinada em um dos maiores laboratórios da América do Sul, em Rondonópolis, a 400 quilômetros da fronteira com a Bolívia.


Era repassada direto da fonte para João, que a vendia e distribuía com fartura para amigos. Vale citar o livro de Fiúza para entender sua filosofia. Em uma de suas idas à Europa, seu contato disse: ‘Meu objetivo é juntar um milhão de dólares’. E João: ‘O meu é torrar um milhão’.


Foi essa falta de visão empresarial o seu maior defeito e sua tábua de salvação. Quando se viu diante da juíza Marilena Soares, que era osso duro de roer, usar a fraqueza como força de defesa foi mais que estratégico. Foi legítimo. João alegou ser dependente e consumidor da droga que vendia. Marilena viu em sua história mais que a trajetória de um bandido comum. ‘Ele é a prova viva de que é viável recuperar as pessoas. É o atestado de que nossa luta não é em vão’, apostou ela. Apostou e ganhou. Mas o discurso ‘estava escrito nas estrelas’ e entregar a responsabilidade a Zeus não se aplica. ‘Hoje, minha vida virou filme, e penso na volta que tive de dar para conseguir ser o que queria desde criança: músico.’ Era o preço a ser pago? ‘ Passei o que tinha de passar. Claro que o apelo de lançar um disco do cara que já foi preso é grande. Mas meu maior prazer hoje é a normalidade.’


Hoje João se prepara para concluir, com a estréia do filme, em 4 de janeiro, sua maior operação: um CD. ‘O verdadeiro lugar de nascimento é aquele em que lançamos pela primeira vez um olhar inteligente sobre nós mesmos (…)’, dizia o cartão enviado pela juíza Marilena no primeiro Natal que ele passou preso. Depois do colapso, nasce sempre uma supernova. Hoje, João Estrella, o músico, sabe disso. Nasceu no palco. E para brilhar.


EM QUEDA


Sua estrela fez o ‘brilho’ de muita festa da elite nos anos 80. Mas despencou nos 90


TRANCADO


‘Meu nome não é Johnny’, ele se limitou a dizer na cela reservada aos’perigosos’


PERDULÁRIO


‘A falta de visão empresarial foi seu maior defeito e sua tábua de salvação’’


TELEVISÃO


Renata Gallo


‘É bom fingir que sou outra’


‘Ela é uma das jornalistas mais conceituadas do País, entrevistou personalidades de grande quilate, comandou o TV Mulher, programa revolucionário na TV brasileira, mas queria ser outra. Sim, essa mesma que foi casada por oito anos com Reynaldo Gianecchini. Não precisa recomendar, Marília Gabriela já fez análise, recebeu alta e, mesmo assim, não parou de se lamuriar: ‘Ai, acho a minha vida tão tediosa!’, diz, relembrando as conversas que tinha com seu psicanalista. Talvez por isso tenha se lançado aos palcos e, agora, encara uma novela do começo ao fim, como Guigui, de Duas Caras. A cabeça dessas mulheres…


Precisava do desafio de encarar uma novela inteira a essa altura da sua vida?


Precisava. É do meu temperamento buscar desafios. Quando fazia TV Mulher e fazia aquele sucesso, pensava: ‘Meu Deus, nunca mais vão me deixar sair daqui!’


Com tamanha inquietação, como encara o GNT há 10 anos?


O GNT é minha régua e compasso, porque sentar e ouvir bem os outros, para mim, tem sido a maior fonte de aprendizado. Ouço tudo e arquivo o que me é necessário. E ouvir os outros é fundamental no quesito interpretar.


Aprende com seus entrevistados, mas o que leva para a sua vida dos seus papéis?


Preciso pensar… (pausa) Acho que ali exerço da forma mais definitiva a fantasia, que é uma coisa que sempre foi importantíssima na minha vida, a fantasia e a possibilidade de ser outras pessoas. Sou uma geminiana inquieta que sempre está pensando: ‘Ah, eu podia tanto ter sido outra pessoa.’ Então, a essa altura do meu campeonato, poder fingir que sou outra é muito bom.


Você assiste à novela?


Tenho dificuldade de me ver fisicamente, mas acho que a cada dia está ficando mais fácil, vai ver que estou ficando mais cara-de-pau (risos). Sou muito autocrítica, então vejo e penso: ‘Meu Deus, que perfil pavoroso!’ Às vezes acho que podia ter andado com o passo mais fechado… Tolices, mas que resultam em um desconforto. Porque o básico é: estou boa atriz? E eu honestamente acho que estou me defendendo legal.


Já se acostumou a ser notícia?


Depende. Sou uma pessoa tão aberta, acho que todo mundo é tão parecido que, o que me choca, é quando as pessoas querem mais, para tirar sangue, para ir atrás da pior fofoca. Nessas horas posso ser muito malcriada, dar dedo, essas coisas.


Em uma entrevista de 2001, você dizia que Gerald Thomas havia dito que você é ‘mimada, sábia e tola, racional e louca, generosa e egoísta’. O que há de verdade nisso?


(risos ) Tudo! Ele descreveu a si mesmo, a mim e a muitas outras pessoas… expansivas.


Expansiva poderia ser traduzida como difícil?


(risos) Difícil pra c.! Mas depende da hora! Sabe o que é, sou uma pessoa de verdade e exijo que as pessoas sejam de verdade. E isso pode me tornar uma pessoa muito difícil porque tenho um radar para mentira que é uma coisa alucinante. Sou muito atenta e posso ser muito desagradável – para mim mesma até. De vez em quando tenho que dizer isso..: ‘Eu não sou confortável, mas sou gratificante no final.’ (risos) Gostou?


Longe do preconceito


Marília diz que hoje em dia não enfrenta mais o preconceito de ser jornalista e atriz. Acredita que as pessoas, em geral, admiram seu trabalho.


‘A sensação que eu tenho é que, quando as pessoas não gostam, elas mandam ver, mas, quando não falam, é porque está legal. E não falaram quase nada e quem falou, me gratificou’, conta ela. ‘Recebi um e-mail deslumbrante do autor, um telefonema de Bibi Ferreira, que me comoveu. Ela me disse uma coisa tão séria que tenho pudor de repetir… Ela me disse: ‘Eu gostaria de ser você’. Quase desmaiei!’, continua Marília, garantindo que nunca foi de se entusiasmar consigo mesma.


‘Quando me dizem ‘poderosa’, olho com estranhamento, porque não é o tipo de avaliação que consiga fazer de mim mesma. Não sou aquela que se acha a rainha da cocada preta.’


Casamento


‘Meu casamento só existiu e sobreviveu à sobrecarga de especulação e torcida, porque valia a pena. Mas agora tenho uma vida mais quietinha. Acordo cedo, faço cursos o dia todo, às vezes tenho crises de solidão e tristeza, nada diferente do que eu tenho quase sempre porque sou mulher. Estou em fase de muda, que começou ano passado (quando seu filho teve um problema de saúde). É como se minha vida estivesse suspensa e vou aproveitando para repensá-la, rever conceitos, fazer novos planos, construir sonhos. E não há agora mais tanto interesse na minha vida, porque não estou casada com o galã, pô!’


Vaidade


‘Outro dia gravei uma cena e passei pelo switcher e perguntei: ‘Ficou bom?’. Disseram: ‘Ótimo, como sempre’. E disse: ‘Eu estava bonitinha?’ Porque a essa altura da minha vida não me interessa parecer nem inteligente nem boa atriz. Só quero parecer bonitinha! (risos) Tem hora que tenho vontade de ser bonitinha, mas, no geral, sei que a minha cabeça me torna uma pessoa muito atraente e é essa cabeça que procuro nos outros’


Jornalismo


‘Sou uma sobrevivente e sobrevivo pelo que eu treinei a vida toda, que é fazer perguntas para obter respostas, ser veículo de pessoas que pensam e dizem coisas que interessam. Ainda tenho todas as perguntas para receber todas as respostas. Inclusive exerço essa profissão fazendo perguntas para conseguir respostas para mim, em primeiro lugar. E espero fazer isso por muito tempo, porque minha curiosidade continua genuína’


Atriz, sim, e com orgulho


Alguns atores demoram anos para se apropriar da carreira, mas não é o caso de Marília Gabriela. Na primeira vez em que pisou no palco, na peça Esperando Beckett, em 2001, a jornalista já soube que tinha descoberto uma nova faceta. ‘Acho que fiz Beckett com muita propriedade e me considerei, a partir dali, uma boa atriz, porque estava dizendo bem um texto da maior importância’, conta. Desde então, Marília voltou ao teatro com Senhora Macbeth e A Peça sobre o Bebê e fez participações na TV em Senhora do Destino e na minissérie JK.


Isso porque o medo não faz parte da sua vida, como ela gosta de dizer. A jornalista-atriz é inquieta, questionadora e daquelas pessoas capazes de contar sua vida em quinze minutos. Para viver Guigui, em Duas Caras, Marília foi trabalhar o seu oposto. ‘Faço um curso que me ensina a ter um controle sobre o corpo trabalhando com o olhar, com a intenção’, explica. E precisava, mesmo. ‘A Guigui é calada, misteriosa demais. Imagine eu guardar um segredo por 10 anos? Impossível! Piada!’, ri.’


Fabio Vendrame


‘Aguinaldo, não mate Juvenal Antena!’


‘Confesso: virei fã de Juvenal Antena. Dele e de toda a galera da Portelinha. Mal posso esperar pelo ‘boa noite’ de despedida de William Bonner e de Fátima Bernardes. Gosto de pegar o capítulo desde o começo, de rever o que aconteceu no anterior e até de ouvir a música de abertura. Minha namorada não sabe (quer dizer, não sabia). Outro dia até levei um papo muito legal com a minha vó sobre Duas Caras. Vovó conhece tudo de novela, critica todas, e adora a atual das 9. Sensacional: voltei a me sentir integrado à família.


Mas essa história de acompanhar novela é uma coisa nova pra mim e ainda estou pouco à vontade pra falar, assim, abertamente sobre isso. Pudera! Desde Tieta nunca mais achei graça em nenhuma outra. Lá se vão quase 20 anos. Até tentei, com boa vontade e algum esforço, acompanhar um ou outro folhetim depois que a cabrita do Agreste saiu do ar. Mas sempre me dava a impressão de já ter visto aquilo antes. O bocejo seguia a zapeada em busca de outro programa que me alentasse as noites sem cinema nem bar.


Agora, não. Estou vivendo à vera a trama de Aguinaldo Silva. Até me peguei xeretando o blog dele outro dia – e tomei um baita susto com a notícia de que pretende matar o Juvenal Antena. Pô, Aguinaldo, não faça isso! Além de botafoguense, time melhor para torcer não há, o cara está arrebentando! Deixa disso. Só falta você querer fechar a boate onde a Alzira dança… Revolta total!


É bom nem pensar no que poderia acontecer se atentados desse porte viessem a se concretizar. Olha lá, hein? Nós, os novos noveleiros, não queremos ‘justamente’, como diz Juvenal Antena, correr o risco de pagar esse mico.’


Fabiane Bernardi


Zeca Pagodinho em ponta de luxo


‘Zé da Feira (Eri Johnson) vai levar um susto nos próximos capítulos de Duas Caras. Mas será para o bem dele.


Em breve, a produtora de Mariozinho Pedreira (Gláucio Gomes) receberá uma ilustre visita que fará o pagodeiro da Portelinha ficar com as pernas bambas: ninguém menos do que Zeca Pagodinho.


O cantor gravará uma participação especial na novela de Aguinaldo Silva, que deve ir ao ar ainda este mês. Ao ficar frente a frente com seu ídolo, Zé da Feira desmaia. Depois de recobrar a consciência, ele confessa ao cantor que é seu fã e conta toda a sua história. Zeca, muito simpático, ouve atentamente e ainda dá alguns conselhos.


Animado com o encontro, Zé da Feira incentiva Pedreira a promover um show de Zeca Pagodinho na quadra da Portelinha. Juvenal Antena (Antonio Fagundes) autoriza e, na ocasião, Zé acabará cantando ao lado de seu grande ídolo.’


Mário Viana


Descontrole remoto


‘Finalmente, aconteceu. Caminhos do Coração, a novela de Tiago Santiago, caiu na boca do povo e já se fala dela nas rodinhas de conversa por aí. Talvez o teor das conversas não seja o que o autor gostaria de ouvir, mas que a novela é assunto, não se discute. Embora tenha uma trama romântica, com mocinha carismática e mocinho bonito, o que pegou mesmo na novela foram os mutantes. Quem é que não gosta do menino-lobo Vavá (Cássio Ramos) ou da esvoaçante Ângela (Julia Maggessi) e suas asas brancas?


As crianças, especialmente, estão gostando muito da novela. Minha sobrinha, de 8 anos, não perde um capítulo (eu também acho que esse não é horário pra criança estar na frente da TV, mas não vou me meter na criação de filho alheio). Quando ela me falou que adorava os mutantes, passei a tentar entender o que há na trama da Record que possa agradar as pequenas criaturas.


A chave do sucesso infantil talvez esteja nos bons efeitos especiais que fazem Vavá virar lobinho ou que criam os vampiros que se transformam em qualquer pessoa. São efeitos já comuns no cinema e que, agora, chegam à TV brasileira. Pouco importam as explicações pseudo-genéticas da cientista maluca Julia (Ítala Nandi) ou as tramóias golpistas da família Mayer pelo controle da Progênese. A gurizada quer mesmo é ver os mutantinhos.


Talvez Santiago já estivesse de olho nesse público. Mas, se acertou o alvo, não foi com a arma que esperava. Um potencial atrativo para crianças seria o mundo do circo – mas não aquele circo, convenhamos. Se a trama da experimentação genética já soa forçada, o que dizer de um circo mambembe, cujo visual em tudo lembra o Cirque du Soleil e correlatos? O circo, tão presente no interior do Brasil e no imaginário coletivo das grandes cidades, acabou ficando tão falso quanto o sotaque paulistano de Batista (Taumaturgo Ferreira).


Além da tribo de mutantes, também estão marcando presença a escolada dupla Cássio Scapin e Patrícia Travassos. Ao passar pelo dilema de ser lobisomem, Cássio tira da chatice o advogado César e suas intermináveis frases em vários idiomas. Já Patrícia, não sei se por estilo ou tédio, faz sempre as cenas de Irmã com um ar de quem não leva aquilo muito a sério. Talvez, ela esteja certa…’


O Estado de S. Paulo


24 horas por dia na web, e hoje na TV


‘O Fiz TV (www.fiztv.com.br) – canal da TVA – tem o programa Blocão, que passa todos os finais de semana uma seleção com os melhores filmes de seu site. Hoje, a atração traz um especial com as melhores séries onlines tupiniquins.


A partir das 20 horas no canal 16 (do analógico) e 20, da TVA digital, serão exibidos seis seriados: Mina e Lisa, Conversas de Elevador, Pai Tingah, Webnews, Se Pá… e Euvídeo.


Desses, destacam-se os três primeiros. Conversas (youtube.com/kingreis) é simples, e tem como cenário o elevador do prédio de Edgar (Felipe Reis), um representante de vendas de uma indústria farmacêutica. A cada episódio, ele se confronta com algum vizinho bizarro.


Mina e Lisa (youtube.com/top10mina) mostra, de forma divertida, duas adolescentes japonesas à procura de um homem para sua ‘primeira vez’. Já Pai Tingah (www.redetingah.com) é um pai-de-santo charlatão, que sempre engana seus clientes.


Vale a pena conferir o trabalho dessa nova geração de atores e roteiristas. Se você não tiver TVA, sem problema: é só caçar os vídeos na web.’


Alline Dauroiz e Keila Jimezez


Cada um por si no ‘Pânico’


‘Silvio Santos bem que tentou. Mas quem conseguiu desfalcar a turma do Pânico foi a Record. A partir de fevereiro, Carlos Alberto da Silva, que interpreta o Mendigo e o Merchan Neves, e Vinicius Vieira, que vive Gluglu e Mano Quietinho, passam a integrar o Show do Tom, com promessa de estrelarem um programa só deles na emissora.


E olha que não é difícil as emissoras comprarem o passe da trupe – que este ano bateu recorde de faturamento e incomodou a concorrência. O assédio é incentivado pelo fato de os integrantes do Pânico terem contratos individuais com a Rede TV!, com valores e datas de validade diferentes. No caso dos cassetas, por exemplo, além de haver uma divisão igual do bolo, o contrato com a Globo praticamente vincula o grupo todo.


Para Vinicius Vieira, o Pânico sofre com isso. ‘Os contratos individuais fazem cada um pensar ‘no seu’, na sua carreira. Estão falando que a Record quer o Vesgo e o Silvio. Se isso acontecer… aí complica (para o Pânico).’


Os acordos da trupe do Pânico com a Rede TV! venciam em dezembro, e a emissora tratou de renová-los em julho, por mais três anos. Os únicos que ficaram de fora nessa leva foram justamente Silva e Vieira. ‘Eu e o Carlinhos dissemos não para a renovação da Rede TV!. Estávamos começando a paquera com a Record’, diz o intérprete de Gluglu. ‘Na renovação de contrato abrimos mão dos dois’, rebate o vice-presidente da Rede TV!, Marcelo de Carvalho. ‘Já tínhamos até contratado dois novos humoristas. O Pânico precisa de renovação.’


VÔ, NUM VÔ!


Foram oito meses de conversas da dupla com a Record. ‘No começo não queria ir, mas o Vinicius me convenceu’, conta Silva, que começou a trabalhar na Rádio Jovem Pan com 14 anos, como office boy. ‘Nunca quis sair do Pânico. Mas a proposta é muito boa. Não deu para recusar.’


A dupla ainda não sabe muito bem qual será seu papel na Record, mas detém o direito sobre os personagens e pretende continuar com quadros como o Dia de Tristeza e o Vô/ Num Vô, bordão que virou febre.’


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A ordem dos fatores altera sim o produto


‘A Rede TV! sabe que o Pânico está na mira da concorrência há tempos. Sabe, mas não sofre com isso.


Pelo menos é o que diz o vice-presidente da emissora, Marcelo de Carvalho.


Para ele, é claro que o assédio em cima de sua principal atração incomoda. Mas levar os humoristas do Pânico isoladamente para outro canal está longe de ser uma estratégia de sucesso, acredita.


‘O Pânico só funciona em conjunto, só assim aquilo tem uma lógica. Isoladamente eles perdem a graça’, aposta Marcelo.


‘O programa é um sucesso, porque funciona dentro de um contexto, de uma estrutura e com uma liberdade oferecida pela Rede TV! Não sei se seria assim em outro lugar’, continua. ‘Acredito que eles não poderão espinafrar quem quer que seja em outra emissora como fazem aqui.’


Marcelo ainda diz que já passou a fase em que o Pânico era considerado um bom investimento, um programa de jovens promissores – com baixos salários – que rendia muito para a Rede TV! Mas também vale lembrar que a emissora fez de tudo para segurar a trupe quando Silvio Santos queria levá-la para o SBT, por duas vezes.


‘Eles realmente trazem muitos anunciantes (bateram recorde de faturamento este ano), mas não são mais promessas, são estrelas da casa’, diz. ‘Renovamos os contratos, porque os queremos aqui. No entanto, manter a estrutura do Pânico e todos aqueles salários, que não são baixos, sai caro, muito caro.’’


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