A expectativa era grande na quarta-feira (30/11), no centro de artes performáticas ao lado do escritório da Omaha World-Herald Company, onde estavam reunidos 275 acionistas – incluindo de 80 a 100 funcionários da redação do jornal que leva o nome do grupo – para um anúncio especial. “Há muita especulação, algumas sérias e outras engraçadas, sobre o que pode ser anunciado. Ninguém adivinhou, entretanto, que Warren Buffett estava comprando o grupo”, afirmou o editor-executivo do Omaha World-Herald, Mike Reilly, para, logo em seguida, o bilionário investidor subir ao palco. “A reação inicial foi de choque. Foi uma surpresa total para todos de fora do conselho de diretores da empresa”, contou Reilly ao blogueiro Jim Romenesko [1/12/11]. Buffett é de Omaha e investiu US$ 150 milhões na compra. Sua empresa, a Berkshire Hathaway, também concordou em assumir as dívidas de US$ 50 milhões do grupo.
O editor ficou sabendo da notícia no dia anterior. Após o anúncio, voltou à redação para ter reuniões com a equipe, que queria saber sobre os benefícios sob o novo proprietário e como oWorld-Herald cobriria Buffett a partir de agora. “Vamos tentar manter a cobertura do modo como fazíamos antes”, afirmou Reilly. O World-Herald publica uma coluna semanal chamada “Warren Watch” e o plano é continuar com ela. Buffett prometeu ficar de fora das decisões editoriais dos jornais da World-Herald Co. A Berkshire Hathaway não tem histórico de fazer grandes mudanças nas empresas que compra. O investidor prefere adquirir empresas bem administradas e permitir que continuem operando da mesma maneira.
Estrutura
Reilly disse estar feliz com a venda porque envolve personagens locais – “não é Murdoch e não somos da Gannett” – e resolve um problema de estrutura de propriedade por funcionários, que não era eficiente. “Quase a totalidade das ações do jornal eram de propriedade de pessoas com mais de 45 anos e, porque o ambiente midiático mudou, não havia muito interesse nos mais jovens da equipe em se tornarem proprietários”. Há algum tempo o jornal vinha enfrentando desafios financeiros, mesmo com as margens de lucro, por conta desta estrutura. “Tirando este problema, acredito que teremos mais recursos para construir uma equipe de grandes jornalistas”, disse o editor.
O acordo da compra inclui jornais que o World-Herald tem em Grand Island, York, Kearney, North Platte e Scottsbluff, assim como em Council Bluffs, Iowa. A empresa também é proprietária da World Marketing, que fornece serviços de marketing em Omaha, Chicago, Atlanta, Dallas e Los Angeles. O Omaha World-Herald tem cerca de 1,6 mil funcionários, incluindo 650 no Omaha World-Herald, que tem circulação diária de 135 mil exemplares e, aos domingos, de 170 mil. A compra deve ser aprovada pelos acionistas em uma reunião especial no dia 20/12. A Berkshire Hathaway já é proprietária do Buffalo News e tem participação acionária no Washington Post. Com informações de Josh Funk [Huffington Post, 30/11/11].