NASSIF vs. VEJA
Fábrica de maldades
‘O jornalista Luis Nassif vem publicando no Observatório da Imprensa (http://www.teste.observatoriodaimprensa.com.br) artigos a respeito da `Veja´ que permitem compreender como e por que aquela que já foi uma revista de fato, se transformou no pasquim atual. Com efeito, a mudança no perfil da publicação lançada por Mino Carta ao final dos anos 60, que já contou com a direção de profissionais do quilate de um Elio Gaspari, merece uma discussão. Pois bem, Nassif sustenta que Veja tem sido um instrumento a serviço de interesses econômicos escusos. Afirma que a `fábrica de escândalos´ patrocinada por Veja é orientada por dossiês aprontados por lobistas e que as notas que a revista publica semanalmente são `plantadas´ para que influam em guerras empresariais, policiais e jurídicas.
Entre os muitos casos descritos, Nassif destaca o tratamento dado pela revista ao banqueiro Daniel Dantas. Depois de publicar matérias pesadas contra Dantas (28/7/04, `Um negócio de espiões´, 3/11/04, `O Dia da Caça´ e 18/5/05, `A Usina de Espionagem da Kroll´), Veja deu uma guinada e passou a defender os interesses do banqueiro. Nassif havia sustentado que Marcos Valério – o publicitário do mensalão – esteve em Portugal a serviço de Dantas e não de Lula. A agência de Valério trabalhava para a Telemig Celular – controlada por Daniel Dantas. A Telemig e a Amazônia Celular foram oferecidas a Dantas pela Portugal Telecom (controladora da Vivo). Na época, o banqueiro tentava vender o controle das duas empresas, antes de perdê-las por decisão judicial. Diogo Mainardi foi, então, escolhido para atacar Nassif, com a costumeira virulência e maldade. Na mesma edição, Veja trazia seis páginas de publicidade da Amazônia Celular e da Telemig Celular, duas empresas regionais fazendo encarte em uma revista de circulação nacional. Na edição seguinte, novo ataque de Mainardi a Nassif e mais seis páginas de propaganda.
Logo depois, ainda segundo Nassif, Veja prestaria outro serviço a Dantas, realizando um ataque frontal ao presidente do STJ, ministro Edson Vidigal.
Na linha dos `assassinatos de reputação´, a revista ergueu um conjunto de suspeitas e insinuações contra o magistrado – nenhuma delas amparada em provas. O que os leitores de Veja não souberam é que a decisão de atacar Vidigal estaria ligada a outro fato: é que ele havia concedido liminar que permitiu aos fundos de pensão e ao Citibank retomar o controle da Brasil Telecom das mãos de Daniel Dantas; uma decisão que foi muito dura contra o Opportunity.
O espaço para discussões como a que Nassif propõe – com a crítica ao jornalismo de opereta praticado por Veja – é reduzidíssimo no Brasil. Ocorre que jornalistas verdadeiramente críticos são independentes – o que não costuma ser uma qualidade apreciada nas redações. Veja, por exemplo, tem perseguido jornalistas que não se alinham como Alberto Dines e Luiz Weis – do próprio Observatório, Kennedy Alencar, Eliane Cantanhêde, Luiz Garcia, Tereza Cruvinel, Franklin Martins, entre outros. A orientação geral, diz Nassif, é clara: `Nós temos um canhão, não se metam com a gente´.’
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