Wednesday, 25 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

O soldado israelense desaparecido

(Foto: United Channel Movies)

Shlomi, um soldado israelense, deserta, abandona sua tropa em Gaza e corre para ir se encontrar com sua namorada em Jerusalém, para outro tipo de embate… na cama. A conclusão é lógica – se todos os soldados fizessem o mesmo, não haveria mais guerra.

O filme “O Soldado Desaparecido” não diz isso, as coisas não são tão simples, mas conta as peripécias do soldado Shlomi para poder se encontrar com sua amada, antes dela emigrar para o Canadá. O problema é que ao perceber a ausência do soldado, as autoridades israelenses concluem ter havido um sequestro do soldado pelos palestinos e adotam represálias.

Dani Rosenberg, o realizador do filme, deplora a obrigatoriedade dos jovens israelenses, na verdade ainda adolescentes, serem obrigados a um amadurecimento prematuro, que significa o fim de uma juventude natural. Numa entrevista publicada pelo jornal do Festival, Rosenberg saúda a criação de um movimento em Israel colocando em questão a obrigatoriedade incontestável de servir o exército.

Rosenberg aproveitou também a presença do filme em Locarno para denunciar a ascensão da extrema direita em Israel, a desilusão de uma parte da juventude, que provavelmente procurará deixar o país. E denunciou as últimas decisões da Knesset fazendo Israel se distanciar da democracia e se orientar em direção de uma ditadura.

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Rui Martins é jornalista, escritor, ex-CBN e ex-Estadão, exilado durante a ditadura. Criador do primeiro movimento internacional dos emigrantes, Brasileirinhos Apátridas, que levou à recuperação da nacionalidade brasileira nata dos filhos dos emigrantes com a Emenda Constitucional 54/07. Escreveu Dinheiro sujo da corrupção, sobre as contas suíças de Maluf, e o primeiro livro sobre Roberto Carlos, A rebelião romântica da Jovem Guarda, em 1966. Foi colaborador do Pasquim. Estudou no IRFED, l’Institut International de Recherche et de Formation Éducation et Développement, fez mestrado no Institut Français de Presse, em Paris, e Direito na USP. Vive na Suíça, correspondente do Expresso de Lisboa, Correio do Brasil e RFI.