Friday, 08 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1313

Web trouxe desafios e mais leitores aos jornais

A transição para o mundo digital trouxe problemas para os jornais nos últimos 15 anos, mas permitiu mais proximidade com o leitor, valorizou o jornalismo feito de forma profissional e o número de assinantes via internet cresce.

A avaliação foi feita ontem por empresários e executivos do mercado de jornais que participaram do encerramento do 10º Congresso Brasileiro de Jornais, organizado pela Associação Nacional de Jornais (ANJ).

O presidente do grupo Folha, Luiz Frias, disse que o número de assinantes digitais do jornal “Folha de S. Paulo” vai ultrapassar o do jornal impresso em um prazo de 12 a 18 meses. Hoje a publicação se aproxima de 150 mil assinantes em seu site e a expectativa é chegar a 300 mil nos próximos meses. Considerando as versões impressa e digital, o número de assinantes é de 342,2 mil, segundo dados de maio do Instituto Verificador da Circulação (IVC).

Entre janeiro de 2013 e julho deste ano, a audiência nos sites dos jornais “Estado de S. Paulo”, “Zero Hora”, “O Globo” e “Gazeta do Povo” cresceu 490%, para 17,3 milhões, segundo a ANJ.

“Há tamanha profusão de boatos e gente trabalhando a serviço da distorção da informação que a geleia geral acabou beneficiando as marcas das empresas que fazem jornalismo sério, com a audiência crescendo sistematicamente nas novas plataformas”, disse João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo. Para Frias, a internet impôs a necessidade de mudança no modelo de negócios. As empresas tiveram que se adequar a um novo formato de distribuição de seus produtos.

Encerrado ontem, o congresso dos jornais teve como mote a proposta de reposicionamento do setor para enfrentar a queda na receita. Para Eduardo Sirotsky Melzer, presidente do grupo RBS, o evento serviu para mobilizar o setor, buscar mudanças. O grupo Estado foi representado no evento por Francisco Mesquita Neto.

A ANJ propõe uma integração mais profunda entre as empresas do setor para lidar com questões como a geração de dados mais precisos e apresentar os jornais como canais multiplataforma ao mercado publicitário.

Uma nova métrica para medir a audiência dos jornais pode estar pronta até o fim do ano e começar a ser usada em 2015. Hoje, o IVC não considera o acesso aos sites dos jornais, nem o número de pessoas que de fato são impactadas pelo que é publicado. Pelo IVC, o mercado encolheu 1,9% em 2013, para 4,43 milhões de edições por mês. A visita aos sites de notícias fica na casa dos 11 milhões. Segundo Pedro Silva, presidente do IVC, a dificuldade em criar a nova métrica é fazer um indicador que tenha a mesma credibilidade que o IVC conquistou.

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Gustavo Brigatto, do Valor Econômico