Obritânico “Financial Times”, um dos mais importantes jornais do mundo, fundado há 125 anos (1888), está planejando “grandes mudanças” na sua redação em 2015. Seus jornalistas estão sendo orientados a pensar “cada vez mais em termos digitais”, em vez de colocar em primeiro lugar oproduto para impressão”, disse o editor Lionel Barber.
Quando pensamos em histórias, na maneira como as histórias são relacionadas e nas orientações passadas pelos editores aos repórteres, precisamos todos pensar em um formato digital”, disse Barber, em recente evento da Sociedade de Mídia, em Londres. Ele afirmou que os jornalistasprecisam operar “textos mais abrangentes” – (para impressão ou não), com dados, gráficos, imagens e vídeos –, agindo “de forma integrada desde oinício do processo”.
Asmudanças estruturais na redação ainda não foram anunciadas, mas irão refletir esta nova realidade. Serão implementas no primeiro trimestre do próximo ano. Alguns passos neste sentido já foram dados, incluindo treinamento adicional, com aulas específicas para os jornalistas, e incentivo a colaborações por parte da redação, como uma relação mais estreita entre os departamentos editorial e comercial.
Barber, no entanto,disse não acreditar que os jornais estejam morrendo. E enfatizou que o “Financial Times” não pretende seguir os passos de outras organizações de mídia que “passaram muito tempo canalizando energias para a área digital, à custa de seu jornal (impresso)”. A edição impressa do “FT” vende mais de 200 mil cópias em todo o mundo – 80 mil são lidas no Reino Unido. “O jornal está mudando, mas ainda é um veículo muito valioso e complementar para uma proposta digital”, afirmou.
Para ele, os jornalistas devemrepensar a forma como se aproximam das notícias. E disse que são importantes os comentários e as ideias colocadas na seção de opinião do jornal (em inglês chamada de op-ed ou opposite editorial page, por ser em geral publicada em página oposta à dos editoriais).
Barberdestacou os dois principais “tipos” de notícias com cobertura no “FT”: as reportagens originais (exclusivas) e as notícias rápidas. A reportagem original é, às vezes, centrada em temas específicos, como ocorreu com a série de reportagens sobre as políticas de privacidade na Europa, publicadas em setembro passado para marcar a estreia de novo projeto gráfico do jornal.
Mas, como se portaria o “FT” diante de uma informação exclusiva e de forte impacto? Decidiria publicá-la imediatamente no seu site ou a seguraria para publicação no jornal impresso? Aidéiade que o jornal fica “enfraquecido” se boas reportagens são primeiro publicadas no site pode ter sido uma preocupação de alguns anos atrás. Hoje, o “FT” não guarda mais nada para o papel.
Barber foi taxativo ao afirmar que o“FT” usa “o poder da internet” para se certificar de que tem “propriedade” sobre suas reportagens, sejam elas publicadas no jornal ou diretamente no site. “Hoje em dia, o que mais se busca é colocar a marca em determinada reportagem (ou cobertura). Pode-se obter todo o crédito, mesmo indo para atelevisão ou para o rádio.”
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Catalina Albeanu, do “Journalism.co.uk”