Quando me perguntam sobre o futuro do jornalismo, sempre digo que estou otimista, ao menos com o jornalismo através da internet. Mas isso não significa que não existirão falhas relacionadas ao jornalismo local. O modelo do jornalismo pré-internet sempre foi altamente localizado, pois a distribuição era feita desta forma, localmente; a web mudou drasticamente esse cenário.
Este é o contexto de umimportante estudo desenvolvido por três renomados pesquisadores – Horacio A. Larreguy e James M. Snyder, Jr., da Harvard University, e John Marshall, do Institute for Quantitative Social Science – a partir da observação da corrupção no México, como ela é relatada e como isso irá afetar o processo eleitoral.
Os pesquisadores estimaram a influência dos meios de comunicação locais sobre a política no México, com foco em crimes praticados por prefeitos contra a administração municipal. Eles analisaram, particularmente, determinada região, coberta por veículos locais de comunicação, para isolar os efeitos de mídias adicionais.
Concluíram que os eleitores desejam punir o partido que abriga políticos corruptos/infratores em regiões atendidas por veículos de comunicação locais, ou seja, dentro do próprio município onde houve a denúncia.
Uma estação de rádio ou de televisão local reduz o percentual de votos de um partido político envolvido em corrupção em 1 ponto percentual. No caso de partidos denunciados por desvios de verbas, principalmente em projetos que não beneficiam a população mais pobre, essa redução representa cerca de 2 pontos percentuais.
Mostraram também que essas sanções eleitorais persistem nos dias de hoje: na próxima eleição, o percentual de votos do partido que está no poder atualmente continua a ser reduzido em magnitude similar.
No entanto, a análise da influência de veículos baseados em outros municípios, ou seja, de fora da localidade onde houve denúncia de corrupção, mostrou que a ação dessa mídia (externa) não teve o mesmo efeito que a ação da mídia local.
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Joshua Benton, do Nieman Lab